O Carmo e a Trindade: Redenção

03-07-2011
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O actual Primeiro-Ministro iniciou quarta-feira de cinzas o seu périplo pelos principais órgãos e estruturas do Partido Socialista.É sintoma de um Primeiro-Ministro inseguro das suas próprias tropas. É sintoma de um Primeiro-Ministro a tocar a rebate. Mas é também sintoma de algo mais profundo: os últimos acontecimentos no nosso País levam-nos a pensar que Sócrates se está a tornar descartável para quem o produziu.O actual Primeiro-Ministro é, de facto, uma obra-prima de produção política. É uma construção ficcionada e, como sucede tarde ou cedo com todas as construções políticas, a maquilhagem vai derretendo. Só que Sócrates foi útil a muitos e é natural que não se queira deixar substituir. Tal como Narciso, encantou-se consigo próprio e acreditou na imagem que lhe foi sendo construída. Acreditou que era "O Poder" e não que "O Poder" o tinha feito.Só que, não tenhamos dúvidas, os que fazem o "Poder" ou dele dependem são implacáveis e se e quando Sócrates deixar de servir, vão arranjar-lhe substituto, depois de uma fase de adequada defesa.Mesmo que Sócrates sinta fugir-lhe o chão, numa fase tão crítica da vida económica e social do País, não se deveria virar para dentro do Partido, onde aliás encontrará, como se asas brancas tivessem, alguns a quem está a deixar de ser útil. A economia nacional estagnou no último trimestre de 2009, o número de desempregados inscritos aumentou em Janeiro, não se vislumbra esperança para domar esta crise. Não é momento para pensar em salvar a "pele política", mesmo que ela fosse (?) salvável.Não há como não concluir que os inúmeros problemas de fiabilidade, que se relacionam directa ou indirectamente com o Primeiro-Ministro, indiciam que há já quem procure material para nova produção.Ora, mais do que o Senhor que se segue, é importante que esse Senhor que se segue não sirva para compensações à custa dos dinheiros públicos, seja por que maneira for e a quem for.De formas distintas, os dois maiores Partidos portugueses vivem tempos de sucessão. Um e outro precisam de deitar fora velhos e maus hábitos instalados. Isso não se fará sem um terrível ranger de dentes por parte de todo o tipo de interesses instalados. O contrário seria impossível: é de sobrevivência ou impunidade que se trata. Mas a redenção, afinal, é sempre possível, mesmo no domínio do político, mesmo em tempos de fim de festa.In Correio da Manhã


O actual Primeiro-Ministro iniciou quarta-feira de cinzas o seu périplo pelos principais órgãos e estruturas do Partido Socialista.É sintoma de um Primeiro-Ministro inseguro das suas próprias tropas. É sintoma de um Primeiro-Ministro a tocar a rebate. Mas é também sintoma de algo mais profundo: os últimos acontecimentos no nosso País levam-nos a pensar que Sócrates se está a tornar descartável para quem o produziu.O actual Primeiro-Ministro é, de facto, uma obra-prima de produção política. É uma construção ficcionada e, como sucede tarde ou cedo com todas as construções políticas, a maquilhagem vai derretendo. Só que Sócrates foi útil a muitos e é natural que não se queira deixar substituir. Tal como Narciso, encantou-se consigo próprio e acreditou na imagem que lhe foi sendo construída. Acreditou que era "O Poder" e não que "O Poder" o tinha feito.Só que, não tenhamos dúvidas, os que fazem o "Poder" ou dele dependem são implacáveis e se e quando Sócrates deixar de servir, vão arranjar-lhe substituto, depois de uma fase de adequada defesa.Mesmo que Sócrates sinta fugir-lhe o chão, numa fase tão crítica da vida económica e social do País, não se deveria virar para dentro do Partido, onde aliás encontrará, como se asas brancas tivessem, alguns a quem está a deixar de ser útil. A economia nacional estagnou no último trimestre de 2009, o número de desempregados inscritos aumentou em Janeiro, não se vislumbra esperança para domar esta crise. Não é momento para pensar em salvar a "pele política", mesmo que ela fosse (?) salvável.Não há como não concluir que os inúmeros problemas de fiabilidade, que se relacionam directa ou indirectamente com o Primeiro-Ministro, indiciam que há já quem procure material para nova produção.Ora, mais do que o Senhor que se segue, é importante que esse Senhor que se segue não sirva para compensações à custa dos dinheiros públicos, seja por que maneira for e a quem for.De formas distintas, os dois maiores Partidos portugueses vivem tempos de sucessão. Um e outro precisam de deitar fora velhos e maus hábitos instalados. Isso não se fará sem um terrível ranger de dentes por parte de todo o tipo de interesses instalados. O contrário seria impossível: é de sobrevivência ou impunidade que se trata. Mas a redenção, afinal, é sempre possível, mesmo no domínio do político, mesmo em tempos de fim de festa.In Correio da Manhã

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