CIDADANIA LX: Câmara chumba mexidas na rede da Carris

27-01-2012
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In Público (19/7/2006)José António Cerejo "Transportadora pretendia suprimir oito carreiras e mexer nos horários e percursos de mais três dezenasA Câmara de Lisboa deverá votar hoje uma proposta contrária ao projecto de reformulação da rede de autocarros que lhe foi apresentada pela Carris. As razões desta oposição prendem-se, sobretudo, com o facto de a transportadora pretender adaptar a sua oferta a um conjunto de pressupostos que, previsivelmente, só se concretizarão num horizonte de quatro anos. De acordo com o parecer técnico que fundamenta a proposta da vereadora Marina Ferreira, responsável pelo pelouro da Mobilidade, o projecto da empresa tem como pressupostos essenciais a articulação da sua rede com os prolongamentos das linhas Azul e Vermelha do Metropolitano, a normalização do serviço fluvial no Cais do Sodré e Terreiro do Paço, a reabertura do túnel ferroviário do Rossio e o "aumento consistente" da velocidade comercial da sua frota. Considerando que este cenário não será uma realidade antes do ano 2010, o documento sustenta que a renovação proposta, com incidência em cerca de 40 por cento das carreiras, "terá forçosamente impacte na mobilidade da cidade". Entre as objecções levantadas pelos técnicos camarários conta-se o facto de a transportadora não demonstrar que as mudanças pretendidas se traduzem numa "menor sobreposição" das suas carreiras com a rede do Metropolitano, ou no reforço da importância das ligações transversais e circulares. Sem afirmar expressamente que os clientes da Carris ficarão mais mal servidos, o parecer sublinha que os dados fornecidos à câmara são insuficientes para tomar uma posição sobre a eficácia do projecto e sobre o seu "impacte nos passageiros". Salvaguardando a escassez dos elementos disponíveis, o documento salienta que a análise das alterações previstas "suscita reservas quanto ao nível de frequências mínimas garantidas, ao aumento do número de transbordos e à diminuição do serviço nocturno". Alterações em 40 carreirasO parecer lembra que o projecto da Carris aponta para alterações num total de 40 carreiras, incluindo a supressão de oito e o fim do serviço nocturno, de fim-de-semana e feriados em mais duas. Para a câmara, não restam dúvidas de que a actual rede necessita de uma reformulação que a adeque à realidade da cidade, mas essa reestruturação "deve sempre ter subjacente a lógica da melhoria da eficácia do transporte e o aprofundamento do serviço público". Mais em concreto, o documento defende que a alteração da rede "deve ser realizada com particular cuidado e atenção às necessidades da população em geral, e das pessoas com mobilidade reduzida, ou residentes em bairros mais isolados, em especial, porque interfere com hábitos, práticas e necessidades de deslocação há muito consolidadas". Contactado pelo PÚBLICO, o secretário-geral da Carris, Luís Vale, disse desconhecer o parecer da câmara, mas garantiu que o projecto "tem origem num estudo de mobilidade realizado pela Carris, pela câmara e pelo Metro". Luís Vale sublinhou que o objectivo da empresa é o de "garantir e aumentar a mobilidade, melhorar as ligações ao Metro e aumentar a qualidade do serviço prestado". Segundo o secretário-geral, a renovação da rede, que faz parte do projecto de reestruturação da Carris, está a ser acompanhado "a par e passo" pela tutela governamental. A lei que atribui à Carris a concessão do serviço público de transportes colectivos urbanos de passageiros na cidade Lisboa estabelece que a criação e a supressão de carreiras, bem como a alteração dos seus percursos, horários e frequência, tem de ser autorizada pelo Governo depois de a câmara se pronunciar. Para saber se as intenções da empresa irão por diante, falta agora saber qual a posição que virá a tomar o Ministério dos Transportes e Comunicações. Quanto à Carris, disse Luís Vale, tudo está preparado para que o projecto arranque em Setembro."


In Público (19/7/2006)José António Cerejo "Transportadora pretendia suprimir oito carreiras e mexer nos horários e percursos de mais três dezenasA Câmara de Lisboa deverá votar hoje uma proposta contrária ao projecto de reformulação da rede de autocarros que lhe foi apresentada pela Carris. As razões desta oposição prendem-se, sobretudo, com o facto de a transportadora pretender adaptar a sua oferta a um conjunto de pressupostos que, previsivelmente, só se concretizarão num horizonte de quatro anos. De acordo com o parecer técnico que fundamenta a proposta da vereadora Marina Ferreira, responsável pelo pelouro da Mobilidade, o projecto da empresa tem como pressupostos essenciais a articulação da sua rede com os prolongamentos das linhas Azul e Vermelha do Metropolitano, a normalização do serviço fluvial no Cais do Sodré e Terreiro do Paço, a reabertura do túnel ferroviário do Rossio e o "aumento consistente" da velocidade comercial da sua frota. Considerando que este cenário não será uma realidade antes do ano 2010, o documento sustenta que a renovação proposta, com incidência em cerca de 40 por cento das carreiras, "terá forçosamente impacte na mobilidade da cidade". Entre as objecções levantadas pelos técnicos camarários conta-se o facto de a transportadora não demonstrar que as mudanças pretendidas se traduzem numa "menor sobreposição" das suas carreiras com a rede do Metropolitano, ou no reforço da importância das ligações transversais e circulares. Sem afirmar expressamente que os clientes da Carris ficarão mais mal servidos, o parecer sublinha que os dados fornecidos à câmara são insuficientes para tomar uma posição sobre a eficácia do projecto e sobre o seu "impacte nos passageiros". Salvaguardando a escassez dos elementos disponíveis, o documento salienta que a análise das alterações previstas "suscita reservas quanto ao nível de frequências mínimas garantidas, ao aumento do número de transbordos e à diminuição do serviço nocturno". Alterações em 40 carreirasO parecer lembra que o projecto da Carris aponta para alterações num total de 40 carreiras, incluindo a supressão de oito e o fim do serviço nocturno, de fim-de-semana e feriados em mais duas. Para a câmara, não restam dúvidas de que a actual rede necessita de uma reformulação que a adeque à realidade da cidade, mas essa reestruturação "deve sempre ter subjacente a lógica da melhoria da eficácia do transporte e o aprofundamento do serviço público". Mais em concreto, o documento defende que a alteração da rede "deve ser realizada com particular cuidado e atenção às necessidades da população em geral, e das pessoas com mobilidade reduzida, ou residentes em bairros mais isolados, em especial, porque interfere com hábitos, práticas e necessidades de deslocação há muito consolidadas". Contactado pelo PÚBLICO, o secretário-geral da Carris, Luís Vale, disse desconhecer o parecer da câmara, mas garantiu que o projecto "tem origem num estudo de mobilidade realizado pela Carris, pela câmara e pelo Metro". Luís Vale sublinhou que o objectivo da empresa é o de "garantir e aumentar a mobilidade, melhorar as ligações ao Metro e aumentar a qualidade do serviço prestado". Segundo o secretário-geral, a renovação da rede, que faz parte do projecto de reestruturação da Carris, está a ser acompanhado "a par e passo" pela tutela governamental. A lei que atribui à Carris a concessão do serviço público de transportes colectivos urbanos de passageiros na cidade Lisboa estabelece que a criação e a supressão de carreiras, bem como a alteração dos seus percursos, horários e frequência, tem de ser autorizada pelo Governo depois de a câmara se pronunciar. Para saber se as intenções da empresa irão por diante, falta agora saber qual a posição que virá a tomar o Ministério dos Transportes e Comunicações. Quanto à Carris, disse Luís Vale, tudo está preparado para que o projecto arranque em Setembro."

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