Visita guiada às árvores de Lisboa

18-07-2011
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Mais adiante, num pequeno lago, os patos e os galos espiam a visita. Chapinham, grasnam e cantam, à medida que as pessoas se aproximam para conhecer a próxima árvore. "Aqui, temos um pinheiro-manso com cerca de 100 anos"- diz Rui Lérias, e destaca o pinhão como um fruto de grande rendimento económico. Dois teixos surgem mais adiante, no Jardim do Príncipe Real. Esta espécie "já foi mais comum em Portugal", informa o biólogo. "A casca do tronco, as folhas e as sementes matam, e por essa razão é apelidada de "mata-gado" por muitos pastores." Porém, tem igualmente o seu lado bom: "A madeira não verga, não quebra, e sob vapor ganha a flexibilidade ideal para a construção de arcos para flechas. Apesar de a pele da baga ser venenosa, o interior não é, de modo que os pássaros conseguem alimentar-se dela, bicando-a."

Outra espécie que se encontra em Lisboa é a barriguda sumaúma, árvore apreciada pela sua sombra e pelo fruto - uma vagem que dá um algodão muito requisitado para encher colchões e travesseiros. A sua madeira resiste à podridão e possui acúleos, um género de picos, que protegem o tronco e os ramos.

António Soares tem 48 anos e embarcou na visita guiada pela importância que dá à natureza. É mergulhador e interessa-se tanto pela flora subaquática como pela terrestre. Nasceu e cresceu numa quinta em Marco de Canaveses e aí aprendeu a respeitar a natureza. Defende que a educação ambiental tem de começar cedo, nas escolas, e já trabalhou na Casa Anos Verdes, em Monsanto, onde se ensinam crianças a cuidar de hortas: "Elas têm o hábito de mexer, de arrancar, e há que ensiná-los a lidar com flores, plantas e árvores".

Nuno Clode, médico, de 50 anos, veio à visita por achar que o património natural de Lisboa deve ser conhecido e valorizado. A essa razão Ana Cristina Figueiredo acrescenta a amizade que tem pelo guia. É jurista, tem 47 anos e elogia a facilidade com que este "partilha o conhecimento que tem e o carinho que nutre pelo património nacional e cultural."

O grupo é conduzido até um cedro-dos-himalaias, árvore sagrada e adorada pela população hindu e budista. O guia apressa-se a destacar que a sua madeira aromatizada, quando transformada em óleo, possui propriedades insecticidas, antifúngicas e afrodisíacas.

A natureza doméstica

A conservação de espaços verdes públicos é outro tema de conversa para os visitantes e, também, para Bagão Félix: "Custa-me reparar que há jardins desmazelados, onde, por entre canteiros, crescem ervas daninhas. Temos o clima ideal, fresco e húmido. Só nos falta praticar o culto do jardim."

A este respeito, o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles constata que cada vez mais a "natureza viva" mora "fora das muralhas da cidade". Dentro delas, apenas existem resquícios de natureza, entre cimento, betão e alcatrão. Os "espaços verdes" passam a englobar, além da natureza, recreios e ciclovias. Ribeiro Telles insiste que o contrabalanço entre espaços inertes, inanimados, e espaços vivos, naturais, é indispensável. "Quando não há solo propício para determinada árvore ou planta, este solo deve e pode ser criado para albergar a natureza adequada." O líder da bancada do PSD, António Prôa, destaca no seu blogue as vantagens que as árvores oferecem à capital: além de servirem de abrigo e alimento a diversos animais, promovem a qualidade do ambiente, enriquecem o valor estético da cidade, e a sua sombra dá conforto. O grande problema, na perspectiva de Ribeiro Telles, deve-se ao crescimento das cidades, que muitas vezes atropela o "verde" na paisagem urbana.

A ânsia do homem urbano em ter acesso a paisagem viva pode levá-lo à compra de "natureza doméstica". É o caso de Bagão Félix, que nas horas vagas gosta de praticar jardinagem: "A nossa ecologia é de asfalto, de semáforos, de tubos de escape. É nos canteiros domésticos e nos jardins que as pessoas encontram instantes de purificação interior."

Mais adiante, num pequeno lago, os patos e os galos espiam a visita. Chapinham, grasnam e cantam, à medida que as pessoas se aproximam para conhecer a próxima árvore. "Aqui, temos um pinheiro-manso com cerca de 100 anos"- diz Rui Lérias, e destaca o pinhão como um fruto de grande rendimento económico. Dois teixos surgem mais adiante, no Jardim do Príncipe Real. Esta espécie "já foi mais comum em Portugal", informa o biólogo. "A casca do tronco, as folhas e as sementes matam, e por essa razão é apelidada de "mata-gado" por muitos pastores." Porém, tem igualmente o seu lado bom: "A madeira não verga, não quebra, e sob vapor ganha a flexibilidade ideal para a construção de arcos para flechas. Apesar de a pele da baga ser venenosa, o interior não é, de modo que os pássaros conseguem alimentar-se dela, bicando-a."

Outra espécie que se encontra em Lisboa é a barriguda sumaúma, árvore apreciada pela sua sombra e pelo fruto - uma vagem que dá um algodão muito requisitado para encher colchões e travesseiros. A sua madeira resiste à podridão e possui acúleos, um género de picos, que protegem o tronco e os ramos.

António Soares tem 48 anos e embarcou na visita guiada pela importância que dá à natureza. É mergulhador e interessa-se tanto pela flora subaquática como pela terrestre. Nasceu e cresceu numa quinta em Marco de Canaveses e aí aprendeu a respeitar a natureza. Defende que a educação ambiental tem de começar cedo, nas escolas, e já trabalhou na Casa Anos Verdes, em Monsanto, onde se ensinam crianças a cuidar de hortas: "Elas têm o hábito de mexer, de arrancar, e há que ensiná-los a lidar com flores, plantas e árvores".

Nuno Clode, médico, de 50 anos, veio à visita por achar que o património natural de Lisboa deve ser conhecido e valorizado. A essa razão Ana Cristina Figueiredo acrescenta a amizade que tem pelo guia. É jurista, tem 47 anos e elogia a facilidade com que este "partilha o conhecimento que tem e o carinho que nutre pelo património nacional e cultural."

O grupo é conduzido até um cedro-dos-himalaias, árvore sagrada e adorada pela população hindu e budista. O guia apressa-se a destacar que a sua madeira aromatizada, quando transformada em óleo, possui propriedades insecticidas, antifúngicas e afrodisíacas.

A natureza doméstica

A conservação de espaços verdes públicos é outro tema de conversa para os visitantes e, também, para Bagão Félix: "Custa-me reparar que há jardins desmazelados, onde, por entre canteiros, crescem ervas daninhas. Temos o clima ideal, fresco e húmido. Só nos falta praticar o culto do jardim."

A este respeito, o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles constata que cada vez mais a "natureza viva" mora "fora das muralhas da cidade". Dentro delas, apenas existem resquícios de natureza, entre cimento, betão e alcatrão. Os "espaços verdes" passam a englobar, além da natureza, recreios e ciclovias. Ribeiro Telles insiste que o contrabalanço entre espaços inertes, inanimados, e espaços vivos, naturais, é indispensável. "Quando não há solo propício para determinada árvore ou planta, este solo deve e pode ser criado para albergar a natureza adequada." O líder da bancada do PSD, António Prôa, destaca no seu blogue as vantagens que as árvores oferecem à capital: além de servirem de abrigo e alimento a diversos animais, promovem a qualidade do ambiente, enriquecem o valor estético da cidade, e a sua sombra dá conforto. O grande problema, na perspectiva de Ribeiro Telles, deve-se ao crescimento das cidades, que muitas vezes atropela o "verde" na paisagem urbana.

A ânsia do homem urbano em ter acesso a paisagem viva pode levá-lo à compra de "natureza doméstica". É o caso de Bagão Félix, que nas horas vagas gosta de praticar jardinagem: "A nossa ecologia é de asfalto, de semáforos, de tubos de escape. É nos canteiros domésticos e nos jardins que as pessoas encontram instantes de purificação interior."

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