Grandes Duelos em Viseu: António Leitão Amaro vs Maria Manuel Leitão Marques

24-09-2015
marcar artigo

O secretário de Estado que sabe que o país não é todo igual António Leitão Amaro Antes de ir para o Governo, o cabeça-de-lista da Coligação a Viseu andou de mochila às costas pelo mundo. Foi no Brasil que soube que ia para Harvard. Nasceu no Caramulo, distrito de Viseu, mas trabalha em Lisboa, onde é secretário de Estado da Administração Local desde 2013. António Leitão Amaro é o cabeça-de-lista da coligação Portugal à Frente por Viseu. A experiência que acumulou durante os dois anos em que o dia-a-dia era passado a pensar nos 308 municípios do país percebe-se na hora de escolher o que quer fazer pela terra que o viu nascer: "Quero evitar que as soluções sejam adoptadas em Lisboa a pensar que o país é todo igual", diz.

Falou com o Económico já com a campanha na estrada, momentos antes de participar num debate numa rádio local, onde se confrontaria com a sua opositora, Maria Manuel Leitão Marques, a cabeça-de-lista pelo PS (ver texto ao lado). Leitão Amaro não quer fazer campanha, escolhendo uma medida emblemática para o distrito. Defende antes que na definição das políticas públicas devem existir "medidas diferenciadoras para o interior". Na saúde, na criação de emprego, na definição de serviços públicos e no apoio ao investimento. Uma visão mais transversal, de quem se habituou a pensar para 308 e não para 24, o número de concelhos que tem o distrito de Viseu.

António não foi para a política por acaso - a mãe, engenheira de profissão, foi vereadora na Câmara Municipal de Tondela, pelo PSD, durante 16 anos. Por isso, aos 14 anos, quando as juventudes partidárias aceitam inscrições, Leitão Amaro juntou-se ao PSD. Com a mãe, o pai, empresário em vários sectores de actividade, e três irmãos, António passou a infância no Caramulo. O liceu foi feito em Viseu e a universidade já foi em Lisboa.

Tirou direito na Universidade de Lisboa, fez uma pós-graduação na Universidade de Coimbra e frequentou a universidade de Harvard, nos EUA, onde começou o mestrado em direito na regulação da comunicação social, que interrompeu em 2009 para entrar na política activa nacional.

Foi na Universidade de Lisboa que conheceu o professor Jorge Miranda - considerado o pai da Constituição - e o professor Marcelo Rebelo de Sousa, de quem foi assistente. Mais à frente, já na Universidade de Coimbra, teve como professor o constitucionalista Vital Moreira - o marido da sua adversária política na corrida às legislativas.

Paralelamente, Leitão Amaro trabalha num escritório de advogados e começa a dar aulas. Mas a vontade de conhecer o mundo leva António para outras paragens. Sai do escritório e planeia uma volta ao mundo, "de mochila às costas". Foram oito meses de uma viagem ‘low cost', que acaba por ser interrompida por uma boa notícia. "Estava no Brasil quando recebi a notícia de que entrava para Harvard", conta ao Económico o secretário de Estado.

A passagem por uma das mais prestigiadas universidades a nível mundial é para Leitão Amaro um dos pontos altos da sua carreira, interrompida em 2009 para ir para o Parlamento. É eleito deputado pelo PSD, onde faz parte da comissão de poder local. No partido, ocupa o cargo de secretário-geral da Juventude Social-Democrata (JSD) - o número dois da juventude partidária.

Com 35 anos, António Leitão Amaro tem dois tipos de aliados na vida profissional. Entre os mais próximos, em termos geracionais, estão Duarte Marques e Pedro Rodrigues e Hugo Soares, todos deputados social-democratas.

Entre os mais experientes, Leitão Amaro elege como mais próximos Poiares Maduro, o seu ministro, Passos Coelho - o "político em Portugal por quem tenho maior admiração" - e Marques Mendes - "a pessoa com quem falo quando tenho uma questão importante". A passagem pelo Governo fica marcada pela criação de um fundo de apoio para as autarquias e a descentralização. "Fizemos muitos acordos com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e com autarquias individualmente, o que preveniu momentos polémicos", acredita. "Gostava de ter mais tempo para fazer mais", conclui.

A mãe do Simplex, que quer resolver o problema da estrada IP3 Maria Manuel Leitão Marques O cartão do cidadão viu a luz do dia pelas mãos de Maria ManuelLeitão Marques. Nascida em Moçambique, há 63 anos, a professora de Coimbra tem no currículo um programa que Costa promete recuperar. Há uma palavra que vem à cabeça de quem segue a vida política nacional quando se fala em Maria Manuel Leitão Marques:Simplex. O programa que implementou em 2005 para simplificar a relação dos cidadãos com o Estado, já premiado pela ONU, foi uma das principais bandeiras do Governo de então, que António Costa quer recuperar agora. Por isso, e não só, Maria Manuel ocupa lugar cimeiro na lista de deputados. É cabeça-de-lista em Viseu. Não é militante do partido, mas foi a ela que coube coordenar a Agenda para a Década, o documento que serviu de base ao programa que Costa leva às urnas a 4 de Outubro.

A proximidade em relação a António Costa não é de agora. Maria Manuel foi secretária de Estado da Modernização Administrativa, pasta tutelada por António Costa no Governo de José Sócrates. Ao Económico, a ex-governante conta que gostou muito de trabalhar com o agora líder socialista: com ele "aprendi como se exerce um cargo de Governo com qualidade". Terminada a passagem pelo Executivo, Maria Manuel regressou à Universidade de Coimbra, onde dá aulas na Faculdade de Economia, casa a que pertence desde 1975. Com a subida de Costa à liderança do partido, a ex-secretária de Estado é uma das primeira caras que aparece ao lado do líder. Apontada como ministeriável, Maria Manuel ajuda Costa a construir o programa eleitoral e vai em campanha para o distrito de Viseu.

Para o distrito, a professora tem como bandeiras a resolução do problema do IP3 - a estrada que liga Coimbra a Viseu e que é apontada como uma das que tem mais sinistralidade rodoviária. Maria Manuel sublinha que esta via representa "tantas pessoas em risco e tanta economia a passo lento". Além disso, a autora do Simplex quer aplicar no distrito um sistema de "indicadores de alerta de situações de precariedade social (abandono escolar, problemas de saúde, isolamento, etc)" que possa servir de apoio à rede de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). Às bandeiras para a próxima legislatura, Maria Manuel junta uma outra medida. A primeira que queria ver no terreno: criar um centro tecnológico ligado à economia local e às unidades de ensino superior do distrito.

Maria Manuel Leitão Marques nasceu em Moçambique em 1952. O pai era médico e a mãe era professora primária. Licenciada em Direito, com doutoramento em Economia, Maria Manuel está ligada ao ensino desde que começou a trabalhar. Vê na sua tese de doutoramento um dos principais marcos da sua carreira - porque permitiu consolidá-la. Além do Simplex, a criação do observatório para o endividamento dos consumidores é outro dos projectos que elege como mais importante, a par da reforma do Balcão de Atendimento Único em Moçambique.

Como momento alto da sua vida profissional, a ex-secretária de Estado escolhe um bem conhecido de muitos portugueses:"A emissão do primeiro cartão de cidadão fim de um ano de projecto que especialistas internacionais diziam que demoraria dez a concluir", conta ao Económico. Com interesses variados - gosta de cozinhar, ler livros de viagens e tocar música "quando sabia" fazê-lo, hábito a que promete voltar "um dia -, esta professora tem gostos simples no dia-a-dia. Tomar um café a ler jornais antes de começar a trabalhar e "espreitar o Facebook depois de jantar" fazem parte da rotina.

Entre as pessoas mais próximas, que aponta como conselheiros e aliados, Maria Manuel acrescenta, a António Costa, outros nomes: Boaventura Sousa Santos, "que ensinou que na ciência temos sempre de nos comparar com os melhores a nível internacional" e José Mariano Gago, "que via muito mais longe do que os outros", entre outros. Por ser o "meu grande aliado também na minha carreira profissional", o marido - o conhecido constitucionalista Vital Moreira - tem lugar na lista dos conselheiros.

O secretário de Estado que sabe que o país não é todo igual António Leitão Amaro Antes de ir para o Governo, o cabeça-de-lista da Coligação a Viseu andou de mochila às costas pelo mundo. Foi no Brasil que soube que ia para Harvard. Nasceu no Caramulo, distrito de Viseu, mas trabalha em Lisboa, onde é secretário de Estado da Administração Local desde 2013. António Leitão Amaro é o cabeça-de-lista da coligação Portugal à Frente por Viseu. A experiência que acumulou durante os dois anos em que o dia-a-dia era passado a pensar nos 308 municípios do país percebe-se na hora de escolher o que quer fazer pela terra que o viu nascer: "Quero evitar que as soluções sejam adoptadas em Lisboa a pensar que o país é todo igual", diz.

Falou com o Económico já com a campanha na estrada, momentos antes de participar num debate numa rádio local, onde se confrontaria com a sua opositora, Maria Manuel Leitão Marques, a cabeça-de-lista pelo PS (ver texto ao lado). Leitão Amaro não quer fazer campanha, escolhendo uma medida emblemática para o distrito. Defende antes que na definição das políticas públicas devem existir "medidas diferenciadoras para o interior". Na saúde, na criação de emprego, na definição de serviços públicos e no apoio ao investimento. Uma visão mais transversal, de quem se habituou a pensar para 308 e não para 24, o número de concelhos que tem o distrito de Viseu.

António não foi para a política por acaso - a mãe, engenheira de profissão, foi vereadora na Câmara Municipal de Tondela, pelo PSD, durante 16 anos. Por isso, aos 14 anos, quando as juventudes partidárias aceitam inscrições, Leitão Amaro juntou-se ao PSD. Com a mãe, o pai, empresário em vários sectores de actividade, e três irmãos, António passou a infância no Caramulo. O liceu foi feito em Viseu e a universidade já foi em Lisboa.

Tirou direito na Universidade de Lisboa, fez uma pós-graduação na Universidade de Coimbra e frequentou a universidade de Harvard, nos EUA, onde começou o mestrado em direito na regulação da comunicação social, que interrompeu em 2009 para entrar na política activa nacional.

Foi na Universidade de Lisboa que conheceu o professor Jorge Miranda - considerado o pai da Constituição - e o professor Marcelo Rebelo de Sousa, de quem foi assistente. Mais à frente, já na Universidade de Coimbra, teve como professor o constitucionalista Vital Moreira - o marido da sua adversária política na corrida às legislativas.

Paralelamente, Leitão Amaro trabalha num escritório de advogados e começa a dar aulas. Mas a vontade de conhecer o mundo leva António para outras paragens. Sai do escritório e planeia uma volta ao mundo, "de mochila às costas". Foram oito meses de uma viagem ‘low cost', que acaba por ser interrompida por uma boa notícia. "Estava no Brasil quando recebi a notícia de que entrava para Harvard", conta ao Económico o secretário de Estado.

A passagem por uma das mais prestigiadas universidades a nível mundial é para Leitão Amaro um dos pontos altos da sua carreira, interrompida em 2009 para ir para o Parlamento. É eleito deputado pelo PSD, onde faz parte da comissão de poder local. No partido, ocupa o cargo de secretário-geral da Juventude Social-Democrata (JSD) - o número dois da juventude partidária.

Com 35 anos, António Leitão Amaro tem dois tipos de aliados na vida profissional. Entre os mais próximos, em termos geracionais, estão Duarte Marques e Pedro Rodrigues e Hugo Soares, todos deputados social-democratas.

Entre os mais experientes, Leitão Amaro elege como mais próximos Poiares Maduro, o seu ministro, Passos Coelho - o "político em Portugal por quem tenho maior admiração" - e Marques Mendes - "a pessoa com quem falo quando tenho uma questão importante". A passagem pelo Governo fica marcada pela criação de um fundo de apoio para as autarquias e a descentralização. "Fizemos muitos acordos com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e com autarquias individualmente, o que preveniu momentos polémicos", acredita. "Gostava de ter mais tempo para fazer mais", conclui.

A mãe do Simplex, que quer resolver o problema da estrada IP3 Maria Manuel Leitão Marques O cartão do cidadão viu a luz do dia pelas mãos de Maria ManuelLeitão Marques. Nascida em Moçambique, há 63 anos, a professora de Coimbra tem no currículo um programa que Costa promete recuperar. Há uma palavra que vem à cabeça de quem segue a vida política nacional quando se fala em Maria Manuel Leitão Marques:Simplex. O programa que implementou em 2005 para simplificar a relação dos cidadãos com o Estado, já premiado pela ONU, foi uma das principais bandeiras do Governo de então, que António Costa quer recuperar agora. Por isso, e não só, Maria Manuel ocupa lugar cimeiro na lista de deputados. É cabeça-de-lista em Viseu. Não é militante do partido, mas foi a ela que coube coordenar a Agenda para a Década, o documento que serviu de base ao programa que Costa leva às urnas a 4 de Outubro.

A proximidade em relação a António Costa não é de agora. Maria Manuel foi secretária de Estado da Modernização Administrativa, pasta tutelada por António Costa no Governo de José Sócrates. Ao Económico, a ex-governante conta que gostou muito de trabalhar com o agora líder socialista: com ele "aprendi como se exerce um cargo de Governo com qualidade". Terminada a passagem pelo Executivo, Maria Manuel regressou à Universidade de Coimbra, onde dá aulas na Faculdade de Economia, casa a que pertence desde 1975. Com a subida de Costa à liderança do partido, a ex-secretária de Estado é uma das primeira caras que aparece ao lado do líder. Apontada como ministeriável, Maria Manuel ajuda Costa a construir o programa eleitoral e vai em campanha para o distrito de Viseu.

Para o distrito, a professora tem como bandeiras a resolução do problema do IP3 - a estrada que liga Coimbra a Viseu e que é apontada como uma das que tem mais sinistralidade rodoviária. Maria Manuel sublinha que esta via representa "tantas pessoas em risco e tanta economia a passo lento". Além disso, a autora do Simplex quer aplicar no distrito um sistema de "indicadores de alerta de situações de precariedade social (abandono escolar, problemas de saúde, isolamento, etc)" que possa servir de apoio à rede de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). Às bandeiras para a próxima legislatura, Maria Manuel junta uma outra medida. A primeira que queria ver no terreno: criar um centro tecnológico ligado à economia local e às unidades de ensino superior do distrito.

Maria Manuel Leitão Marques nasceu em Moçambique em 1952. O pai era médico e a mãe era professora primária. Licenciada em Direito, com doutoramento em Economia, Maria Manuel está ligada ao ensino desde que começou a trabalhar. Vê na sua tese de doutoramento um dos principais marcos da sua carreira - porque permitiu consolidá-la. Além do Simplex, a criação do observatório para o endividamento dos consumidores é outro dos projectos que elege como mais importante, a par da reforma do Balcão de Atendimento Único em Moçambique.

Como momento alto da sua vida profissional, a ex-secretária de Estado escolhe um bem conhecido de muitos portugueses:"A emissão do primeiro cartão de cidadão fim de um ano de projecto que especialistas internacionais diziam que demoraria dez a concluir", conta ao Económico. Com interesses variados - gosta de cozinhar, ler livros de viagens e tocar música "quando sabia" fazê-lo, hábito a que promete voltar "um dia -, esta professora tem gostos simples no dia-a-dia. Tomar um café a ler jornais antes de começar a trabalhar e "espreitar o Facebook depois de jantar" fazem parte da rotina.

Entre as pessoas mais próximas, que aponta como conselheiros e aliados, Maria Manuel acrescenta, a António Costa, outros nomes: Boaventura Sousa Santos, "que ensinou que na ciência temos sempre de nos comparar com os melhores a nível internacional" e José Mariano Gago, "que via muito mais longe do que os outros", entre outros. Por ser o "meu grande aliado também na minha carreira profissional", o marido - o conhecido constitucionalista Vital Moreira - tem lugar na lista dos conselheiros.

marcar artigo