O disco não toca pela Europa

09-10-2015
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Quando era pequena tinha um gira-discos portátil que ia comigo para todo o lado. Foi, com elevada probabilidade, o meu brinquedo favorito. Nele ouvi aquelas que vieram a ser as minhas primeiras músicas preferidas. Guardo ainda a minha parca, mas muito querida, colecção de discos de vinil só para me recordar que havia um tempo em que a música não era um produto de compra instantânea e de consumo quase descartável.

Naquela altura não percebia ainda que, tal como os discos, também as pessoas têm um Lado B. E se, em regra, no tempo do vinil o B-Side remetia para o lado menos comercial e mais alternativo do artista, o mesmo sucede com o lado menos visível de todos nós. É isso, justamente, que pretendo deste espaço de opinião. Um espaço em que, naturalmente, falarei de política, da política que me vai ocupando os dias. Mas que vá além disso. No fundo, um espaço com Lado A e Lado B. E de semana a semana vamos virando o disco e acertando a agulha!

Em tempo de Europeias ninguém dá pela Europa!

Estamos em campanha eleitoral! Eu sei, não se dá por isso.

Ao desinteresse das pessoas junta-se o desinteresse dos média e a campanha vai correndo perante a, pelos menos aparente, apatia dos portugueses. Culpa de uns e erro de outros. Porque se enquanto cidadãos temos o dever cívico de formar uma opinião e votar de forma esclarecida, têm as candidaturas a responsabilidade de proporcionar esse esclarecimento. E isso não tem sucedido.

Na verdade, se a coligação apresentou um programa verdadeiramente voltado para as principais questões europeias (goste-se ou não do modelo!), é justo reconhecer que o PS tudo tem feito para centrar o debate exclusivamente em questões nacionais. Não se lhe conhece uma ideia para a Europa, o que é por si só castrador do debate político eleitoral. E entre o irrealismo das propostas da esquerda radical e a ausência de pensamento do Partido Socialista, perde-se o aprofundamento e o aperfeiçoamento do conjunto das propostas eleitorais que sempre se ganharia com o debate.

Está visto que o PS apostou todas as fichas no voto daqueles que, subvertendo e enviesando a lógica destas eleições, não votarão na coligação porque descontentes com o actual Governo. É pena e é um péssimo serviço ao país, mas é a perspectiva que tem prevalecido.

Discutem-se hoje em Bruxelas temas de relevantíssimo impacto para Portugal. Para além de temáticas mais familiares como a União Bancária ou o reforço da União Económica e Monetária, estão em cima da mesa questões como o Mercado Único Digital ou o Acordo Comercial Transatlântico Europa - Estados Unidos. Só com a plena concretização do primeiro estimam-se, a prazo, ganhos em matéria de produtividade e eficiência, na ordem dos 260 mil milhões de euros.

Por outro lado, o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos é aguardado com expectativa por uma boa parte das nossas empresas exportadoras, já que para além de perspectivar uma redução generalizada de tarifas prevê a harmonização de regulamentos técnicos, normas e procedimentos de aprovação e certificação de produtos e de serviços. Estima-se que a criação da maior zona de comércio livre do globo traga ganhos à economia europeia na ordem dos 100 mil milhões de euros, à volta de 1% do PIB europeu. Um novo contexto em que Portugal deixará de ser um país periférico e, em termos geopolíticos e económicos, passará a estar no centro deste novo mercado, circunstância que deverá ser reconhecida e potenciada. De que forma, é o que importa saber.

Temas como estes - e não chegámos sequer à relevância do resultado eleitoral para a designação do novo Presidente da Comissão, que também mereceria uma nota - apesar de debatidos, sobretudo por Paulo Rangel e Nuno Melo, têm merecido reduzido eco na comunicação social que, na hora de escolher, prefere sempre o pequeno incidente e, claro está, a pretensa "disputa nacional".

Alguns pretendem fazer destas eleições umas primárias das legislativas. Elas são, pelo menos, na tal perspectiva enviesada, as eleições de "conjuntura perfeita" para mostrar um cartão amarelo ao governo. Porque podem os eleitores votar serenamente PS sem o risco de eleger Seguro como Primeiro-Ministro. Um "seguro" que, valha a verdade, sossega muitas consciências.

Mas, já agora, convém não esquecer: há muito que a Europa já não é "lá fora" e também já não é "cá dentro" que se tomam uma boa parte das decisões que determinam o nosso futuro colectivo. Por isso talvez valha a pena "recentrar" o debate... e acertar a agulha!

Quando era pequena tinha um gira-discos portátil que ia comigo para todo o lado. Foi, com elevada probabilidade, o meu brinquedo favorito. Nele ouvi aquelas que vieram a ser as minhas primeiras músicas preferidas. Guardo ainda a minha parca, mas muito querida, colecção de discos de vinil só para me recordar que havia um tempo em que a música não era um produto de compra instantânea e de consumo quase descartável.

Naquela altura não percebia ainda que, tal como os discos, também as pessoas têm um Lado B. E se, em regra, no tempo do vinil o B-Side remetia para o lado menos comercial e mais alternativo do artista, o mesmo sucede com o lado menos visível de todos nós. É isso, justamente, que pretendo deste espaço de opinião. Um espaço em que, naturalmente, falarei de política, da política que me vai ocupando os dias. Mas que vá além disso. No fundo, um espaço com Lado A e Lado B. E de semana a semana vamos virando o disco e acertando a agulha!

Em tempo de Europeias ninguém dá pela Europa!

Estamos em campanha eleitoral! Eu sei, não se dá por isso.

Ao desinteresse das pessoas junta-se o desinteresse dos média e a campanha vai correndo perante a, pelos menos aparente, apatia dos portugueses. Culpa de uns e erro de outros. Porque se enquanto cidadãos temos o dever cívico de formar uma opinião e votar de forma esclarecida, têm as candidaturas a responsabilidade de proporcionar esse esclarecimento. E isso não tem sucedido.

Na verdade, se a coligação apresentou um programa verdadeiramente voltado para as principais questões europeias (goste-se ou não do modelo!), é justo reconhecer que o PS tudo tem feito para centrar o debate exclusivamente em questões nacionais. Não se lhe conhece uma ideia para a Europa, o que é por si só castrador do debate político eleitoral. E entre o irrealismo das propostas da esquerda radical e a ausência de pensamento do Partido Socialista, perde-se o aprofundamento e o aperfeiçoamento do conjunto das propostas eleitorais que sempre se ganharia com o debate.

Está visto que o PS apostou todas as fichas no voto daqueles que, subvertendo e enviesando a lógica destas eleições, não votarão na coligação porque descontentes com o actual Governo. É pena e é um péssimo serviço ao país, mas é a perspectiva que tem prevalecido.

Discutem-se hoje em Bruxelas temas de relevantíssimo impacto para Portugal. Para além de temáticas mais familiares como a União Bancária ou o reforço da União Económica e Monetária, estão em cima da mesa questões como o Mercado Único Digital ou o Acordo Comercial Transatlântico Europa - Estados Unidos. Só com a plena concretização do primeiro estimam-se, a prazo, ganhos em matéria de produtividade e eficiência, na ordem dos 260 mil milhões de euros.

Por outro lado, o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos é aguardado com expectativa por uma boa parte das nossas empresas exportadoras, já que para além de perspectivar uma redução generalizada de tarifas prevê a harmonização de regulamentos técnicos, normas e procedimentos de aprovação e certificação de produtos e de serviços. Estima-se que a criação da maior zona de comércio livre do globo traga ganhos à economia europeia na ordem dos 100 mil milhões de euros, à volta de 1% do PIB europeu. Um novo contexto em que Portugal deixará de ser um país periférico e, em termos geopolíticos e económicos, passará a estar no centro deste novo mercado, circunstância que deverá ser reconhecida e potenciada. De que forma, é o que importa saber.

Temas como estes - e não chegámos sequer à relevância do resultado eleitoral para a designação do novo Presidente da Comissão, que também mereceria uma nota - apesar de debatidos, sobretudo por Paulo Rangel e Nuno Melo, têm merecido reduzido eco na comunicação social que, na hora de escolher, prefere sempre o pequeno incidente e, claro está, a pretensa "disputa nacional".

Alguns pretendem fazer destas eleições umas primárias das legislativas. Elas são, pelo menos, na tal perspectiva enviesada, as eleições de "conjuntura perfeita" para mostrar um cartão amarelo ao governo. Porque podem os eleitores votar serenamente PS sem o risco de eleger Seguro como Primeiro-Ministro. Um "seguro" que, valha a verdade, sossega muitas consciências.

Mas, já agora, convém não esquecer: há muito que a Europa já não é "lá fora" e também já não é "cá dentro" que se tomam uma boa parte das decisões que determinam o nosso futuro colectivo. Por isso talvez valha a pena "recentrar" o debate... e acertar a agulha!

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