Onde é que estava no dia 25 de Abril?
Eu estava muito bem na caminha, a faltar ao primeiro tempo das aulas do secundário…
Qual foi a sua reação?
Quando cheguei ao Liceu António Nobre e não havia aulas, comentei que o golpe militar com o então general Spínola à cabeça só poderia ser uma manobra de extrema-direita, pelo que decidi apressar a minha fuga para a Bélgica, onde já estava a tratar do exílio.
Que episódio o marcou mais?
O cerco e tomada da PIDE/DGS pelas forças populares, na vizinhança do Cemitério Prado do Repouso [no Porto], a escassos cinco minutos da casa dos meus pais.
Qual é a figura que na sua opinião marcou o 25 de Abril?
O modo mediático e prático como o Dr. Mário Soares se apropriou da revolta foi fantástico.
O que mudou na sua vida pessoal?
Acabou o meu desejo de faltar à incorporação nas Forças Armadas, alargando os contingentes nas colónias. Começou uma senda inspiradora de ação de rua, que era clandestina e intramuros, e foi o começo do uso da palavra na minha veia musical.
O que de positivo trouxe o 25 de Abril?
Foi tudo positivo. Mesmo o aparecimento de algumas doenças e mal-estar psíquico.
E de negativo?
Houve uma certa brandura de costumes, que ainda hoje permite a recrudescência e a arrogância da banca e dos oportunistas vigentes.
O que falta mudar? O verdadeiro paradigma de liberdade e democracia, em vez do apregoado economicismo.
Ainda faz sentido falar nos ideais de Abril?
Sim. E de civilização e evolução.
O que acha quando se diz que Portugal precisa de uma nova revolução?
Eles acham que o verdadeiro dever do revolucionário é fazer a (sua, deles, nossa ) revolução. E quem sou eu para discordar?
Entrevista editada por Bárbara Cruz
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Onde é que estava no dia 25 de Abril?
Eu estava muito bem na caminha, a faltar ao primeiro tempo das aulas do secundário…
Qual foi a sua reação?
Quando cheguei ao Liceu António Nobre e não havia aulas, comentei que o golpe militar com o então general Spínola à cabeça só poderia ser uma manobra de extrema-direita, pelo que decidi apressar a minha fuga para a Bélgica, onde já estava a tratar do exílio.
Que episódio o marcou mais?
O cerco e tomada da PIDE/DGS pelas forças populares, na vizinhança do Cemitério Prado do Repouso [no Porto], a escassos cinco minutos da casa dos meus pais.
Qual é a figura que na sua opinião marcou o 25 de Abril?
O modo mediático e prático como o Dr. Mário Soares se apropriou da revolta foi fantástico.
O que mudou na sua vida pessoal?
Acabou o meu desejo de faltar à incorporação nas Forças Armadas, alargando os contingentes nas colónias. Começou uma senda inspiradora de ação de rua, que era clandestina e intramuros, e foi o começo do uso da palavra na minha veia musical.
O que de positivo trouxe o 25 de Abril?
Foi tudo positivo. Mesmo o aparecimento de algumas doenças e mal-estar psíquico.
E de negativo?
Houve uma certa brandura de costumes, que ainda hoje permite a recrudescência e a arrogância da banca e dos oportunistas vigentes.
O que falta mudar? O verdadeiro paradigma de liberdade e democracia, em vez do apregoado economicismo.
Ainda faz sentido falar nos ideais de Abril?
Sim. E de civilização e evolução.
O que acha quando se diz que Portugal precisa de uma nova revolução?
Eles acham que o verdadeiro dever do revolucionário é fazer a (sua, deles, nossa ) revolução. E quem sou eu para discordar?
Entrevista editada por Bárbara Cruz