Francisco Assis v. Paulo Rangel: quem venceu?

09-10-2015
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Hoje, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, realizou-se o primeiro (e, porventura, único) frente-a-frente entre os cabeças de lista do PS e do PSD às próximas eleições europeias, de dia 25 de Maio. Mérito muito da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que coseguiu realizar uma inicativa muito relevante para o aprofudamento da cidadania, na medida em que foi um momento único de esclarecimento dos eleitores (dos estudantes, docentes e fucionários da Faculdade, mas também de outras faculdades - e dos portugueses em geral, visto que a comunicação social esteve presente em peso). Julgo, pois, que a grande vencedora do debate foi a Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (AAFDL) e, consequentemente, a própria Faculdade de Direito de Lisboa (reforçando a sua posição de melhor Faculdade de Direito de Portugal, e muito provavelmente do espaço lusófono, exercendo o seu papel e verdadeira Academia: um lugar de estudo, e investigação - mas onde cabe a intervenção nos temas candentes da vida social). Porque, afinal de contas, a Faculdade de Direito e Lisboa só faz sentido se contribuir activamente para a construção de uma sociedade mais justa, com pleno respeito pelos direitos individuais de cada cidadão e pela garantia de codições plenas para que cada cidadão se afirme plenamente como tal. Dito isto, vamos ao debate: foi um debate interessante? Foi esclarecedor? Quem esteve melhor: Francisco Assis ou Paulo Rangel? Quais as notas que cada candidato merece?

Debate pouco interessante: as lógicas sos partidos sobrepuseram-se às lógicas dos candidatos

Bom, comecemos por responder à primeira questão formulada. Há que afirmar, sem rodeios, que foi um debate muito pouco esclarecedor. O que se percebe: não há para debater nestas eleições europeias. Por um lado, porque depois das europeias, no contexto europeu, tudo ficará na mesma, ganhe o PS (o PPE), quer ganhe o PS (o PSE, na escala europeia). Note-se que o candidato à Presidência da Comissão Europeia apoiado pelo Partido Socialista (o alemão, Martin Schulz) pertence ao mesmo partido que integra o governo liderao por Angela Merkel - e que subscreveu a política europeia (e externa) merkeliana. E que - como muito bem realçou Paulo Rangel - no debate com Jean-Claude Juncker, o candidato apoiado pelo PPE, Martin Schulz, socialista, no essencial, estava de acordo com a política defendida pelos partidos políticos europeus de centro-direita e direita.

Ora, se nem os candidatos à Presidência da Comissão Europeia discordam, com que fundamentos ou motivos poderiam/deveriam os candidatos ao Parlamento Europeu (sendo que, no actual sistema institucional da União Europeia, os eurodeputados muitas vezes não passam de baratas-tontas) discordar? Neste contexto, o surpreendente seria Rangel e Assis discordarem sobre o futuro da União Europeia e sobre o papel das instituições europeias! Eles sabem, mas não querem dizer, que quem manda é a Alemanhae ponto final - provavelmente, esta tendência de centralização num directório liderado pela Alemanha será reforçada após as europeias. Foi, pois, um debate muito pouco esclarecedor sobre as questões europeias que interessam (ao ponto de uma senhora na plateia ter perguntado, em alto e bom som: "então e a Europa?"). Sobre a questão da subida da extrema-direita em França e eventuais consequências ao nível europeu - nem uma palavra. Sobre as deficiências do Tratado de Lisboa e a reforma institucional da União Europeia - nem se ouviu falar. Sobre a participação popular na formação das decisões políticas ao nível europeu - nem uma simples referência.

Por outro lado, o debate não poderia ser esclarecedor porque Paulo Rangel e Francisco Assis estão presos nas estratégias dos líderes dos respectivos partidos. De facto, o que tivemos (e o que teremos durante toda a campanha para as europeias, que mais uma vez irá passer despercebida) foi Francisco Assis a puxar para as questões políticas internas - porque lhe são mais favoráveis, atendendo ao estado de popularidade do Governo Passos Coelho - evitando debater as questões europeias; e Paulo Rangel a tentar puxar o debate para as questões europeias (porque lhe são mais favoráveis, atendendo às contradições do Partido Socialista Europeu e dos vários partidos socialistas dos países europeus, e porque percebe que domina melhor as questões europeias do que Francisco Assis), evitando a discussão de assuntos politicos de natureza interna. Confirma-se, pois, que ambos os partidos - especialmente o PS - encaram as eleições europeias como um estágio para as eleições legislativas.

Por fim, quem venceu o debate? Na nossa opinião, Paulo Rangel. Francisco Assis esteve bem, atendendo a que foi a 13.ª escolha de António José Seguro para encabeçar a lista do PS às europeias. Mas, como, apesar de tudo, nós julgávamos que gabarito intelectual de Assis o iriam impeder de optar pelo caminho fácil de uma campanha de questiúnculas partidárias sem qualquer importância, ficámos desiludidos com a prestação do socialista. Então não é que Frnacisco Assis resolveu estar dez minutos a discutir onde é que Paulo Rangel estava na manifestaçaõ dos professors em 2009?! E que a grande ideia de Francisco Assis para resolver os problemas da Europa - num momento em que os portugueses sofrem com o desemprego, com a falta de dinheiro para pagar as suas contas, para assegurar uma educação de qualidade aos seus filhos - é...imagine-se...calma...aguenta curacao, que é uma ideia brilhante...apostar no carro eléctrico!!!Viva o carro eléctrico, símboloda esperança dos portugueses num future melhor! Mesmo para uma 13.ª escolha de António José Seguro - e sabendo nós que Francisco Assis esteve quase a recusar ser cabeça de lista, por discordâncias, pessoais e políticas, com o líder do PS - esperávamos mais do candidato socialista. Francisco Assis esteve ao nível do estilo arruaceiro de um Jorge Coelho ou dos desvarios de um José Sócrates.

Notas do debate

Assim, as notas do debate são as seguintes:

Paulo Rangel - 11 valores (não dispensa o exame final, nos termos do regulamento de avaliação da Faculdade de Direito de Lisboa, ainda há muito para melhorar);

Francisco Assis - 8 valores (ontem, personificou os vícios todos da política portuguesa. Vai ter de fazer exame escrito e oral, para ver se consegue abandonar o estilo politiqueiro e começa a falar de Política).

Hoje, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, realizou-se o primeiro (e, porventura, único) frente-a-frente entre os cabeças de lista do PS e do PSD às próximas eleições europeias, de dia 25 de Maio. Mérito muito da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que coseguiu realizar uma inicativa muito relevante para o aprofudamento da cidadania, na medida em que foi um momento único de esclarecimento dos eleitores (dos estudantes, docentes e fucionários da Faculdade, mas também de outras faculdades - e dos portugueses em geral, visto que a comunicação social esteve presente em peso). Julgo, pois, que a grande vencedora do debate foi a Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (AAFDL) e, consequentemente, a própria Faculdade de Direito de Lisboa (reforçando a sua posição de melhor Faculdade de Direito de Portugal, e muito provavelmente do espaço lusófono, exercendo o seu papel e verdadeira Academia: um lugar de estudo, e investigação - mas onde cabe a intervenção nos temas candentes da vida social). Porque, afinal de contas, a Faculdade de Direito e Lisboa só faz sentido se contribuir activamente para a construção de uma sociedade mais justa, com pleno respeito pelos direitos individuais de cada cidadão e pela garantia de codições plenas para que cada cidadão se afirme plenamente como tal. Dito isto, vamos ao debate: foi um debate interessante? Foi esclarecedor? Quem esteve melhor: Francisco Assis ou Paulo Rangel? Quais as notas que cada candidato merece?

Debate pouco interessante: as lógicas sos partidos sobrepuseram-se às lógicas dos candidatos

Bom, comecemos por responder à primeira questão formulada. Há que afirmar, sem rodeios, que foi um debate muito pouco esclarecedor. O que se percebe: não há para debater nestas eleições europeias. Por um lado, porque depois das europeias, no contexto europeu, tudo ficará na mesma, ganhe o PS (o PPE), quer ganhe o PS (o PSE, na escala europeia). Note-se que o candidato à Presidência da Comissão Europeia apoiado pelo Partido Socialista (o alemão, Martin Schulz) pertence ao mesmo partido que integra o governo liderao por Angela Merkel - e que subscreveu a política europeia (e externa) merkeliana. E que - como muito bem realçou Paulo Rangel - no debate com Jean-Claude Juncker, o candidato apoiado pelo PPE, Martin Schulz, socialista, no essencial, estava de acordo com a política defendida pelos partidos políticos europeus de centro-direita e direita.

Ora, se nem os candidatos à Presidência da Comissão Europeia discordam, com que fundamentos ou motivos poderiam/deveriam os candidatos ao Parlamento Europeu (sendo que, no actual sistema institucional da União Europeia, os eurodeputados muitas vezes não passam de baratas-tontas) discordar? Neste contexto, o surpreendente seria Rangel e Assis discordarem sobre o futuro da União Europeia e sobre o papel das instituições europeias! Eles sabem, mas não querem dizer, que quem manda é a Alemanhae ponto final - provavelmente, esta tendência de centralização num directório liderado pela Alemanha será reforçada após as europeias. Foi, pois, um debate muito pouco esclarecedor sobre as questões europeias que interessam (ao ponto de uma senhora na plateia ter perguntado, em alto e bom som: "então e a Europa?"). Sobre a questão da subida da extrema-direita em França e eventuais consequências ao nível europeu - nem uma palavra. Sobre as deficiências do Tratado de Lisboa e a reforma institucional da União Europeia - nem se ouviu falar. Sobre a participação popular na formação das decisões políticas ao nível europeu - nem uma simples referência.

Por outro lado, o debate não poderia ser esclarecedor porque Paulo Rangel e Francisco Assis estão presos nas estratégias dos líderes dos respectivos partidos. De facto, o que tivemos (e o que teremos durante toda a campanha para as europeias, que mais uma vez irá passer despercebida) foi Francisco Assis a puxar para as questões políticas internas - porque lhe são mais favoráveis, atendendo ao estado de popularidade do Governo Passos Coelho - evitando debater as questões europeias; e Paulo Rangel a tentar puxar o debate para as questões europeias (porque lhe são mais favoráveis, atendendo às contradições do Partido Socialista Europeu e dos vários partidos socialistas dos países europeus, e porque percebe que domina melhor as questões europeias do que Francisco Assis), evitando a discussão de assuntos politicos de natureza interna. Confirma-se, pois, que ambos os partidos - especialmente o PS - encaram as eleições europeias como um estágio para as eleições legislativas.

Por fim, quem venceu o debate? Na nossa opinião, Paulo Rangel. Francisco Assis esteve bem, atendendo a que foi a 13.ª escolha de António José Seguro para encabeçar a lista do PS às europeias. Mas, como, apesar de tudo, nós julgávamos que gabarito intelectual de Assis o iriam impeder de optar pelo caminho fácil de uma campanha de questiúnculas partidárias sem qualquer importância, ficámos desiludidos com a prestação do socialista. Então não é que Frnacisco Assis resolveu estar dez minutos a discutir onde é que Paulo Rangel estava na manifestaçaõ dos professors em 2009?! E que a grande ideia de Francisco Assis para resolver os problemas da Europa - num momento em que os portugueses sofrem com o desemprego, com a falta de dinheiro para pagar as suas contas, para assegurar uma educação de qualidade aos seus filhos - é...imagine-se...calma...aguenta curacao, que é uma ideia brilhante...apostar no carro eléctrico!!!Viva o carro eléctrico, símboloda esperança dos portugueses num future melhor! Mesmo para uma 13.ª escolha de António José Seguro - e sabendo nós que Francisco Assis esteve quase a recusar ser cabeça de lista, por discordâncias, pessoais e políticas, com o líder do PS - esperávamos mais do candidato socialista. Francisco Assis esteve ao nível do estilo arruaceiro de um Jorge Coelho ou dos desvarios de um José Sócrates.

Notas do debate

Assim, as notas do debate são as seguintes:

Paulo Rangel - 11 valores (não dispensa o exame final, nos termos do regulamento de avaliação da Faculdade de Direito de Lisboa, ainda há muito para melhorar);

Francisco Assis - 8 valores (ontem, personificou os vícios todos da política portuguesa. Vai ter de fazer exame escrito e oral, para ver se consegue abandonar o estilo politiqueiro e começa a falar de Política).

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