A Verdade sobre as Presidenciais: o acordo secreto entre Costa/Seguro!

13-10-2015
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1.A comunicação social andou em alvoroço na última semana com o tema das presidenciais. Eu não partilho do cepticismo de alguns (aliás, de muitos) sobre os problemas da comunicação social, sobretudo da sua alegada falta de imparcialidade, seriedade e rigor jornalístico - pelo contrário, eu considero que os jornalistas portugueses são de grande nível, as redacções evidenciam muitas vezes uma extraordinária coragem e as peças jornalísticas são de grande nível! Até porque tenho o prazer de conhecer a, na minha opinião, e com a devida vénia para com as restantes também muito boas, a redacção mais competente e corajosa de Portugal: a redacção do EXPRESSO, cujo director, Ricardo Costa, é um exemplo de determinação, seriedade, de ética jornalística e de independência contra tudo e contra todos. Oxalá o jornalismo e a democracia portuguesa possam ter muitos "Ricardos Costas" para que os nossos espaços públicos sejam mais transparente e mais exigente...Contudo, julgo que a comunicação social em geral não esteve particularmente bem ao dar tamanho impacto às reacções políticas ao comentário de Marcelo Rebelo de Sousa no último domingo de Outubro.

1.1. De facto, vários comentadores vieram comentar as declarações de Marcelo como se fossem uma grande novidade. Importa, pois, trazer alguma racionalidade e verdade na discussão sobre as presidenciais. Note-se que eu entendo - diversamente do que sugeriu Clara Ferreira Alves no sábado no EXPRESSO - que o debate sobre as presidenciais é relevante para se perceber o que poderá suceder no País político a partir de 2014. De facto, o próximo ano será o princípio do fim: começar-se-á a pensar seriamente o que será o Portugal pós-troika, o que inclui naturalmente a conjectura sobre quais serão as forças políticas liderantes - na Assembleia da República e, consequentemente, no Governo - e quem será o Presidente da República. O Presidente da República, ao contrário do que muitos pensam, é um órgão central na estruturação do nosso sistema político e tem poderes de conformação política. Como muito provavelmente das eleições legislativas de 2015 não irá resultar uma maioria clara de um só partido e dificilmente haverá coligação entre PS e PSD (note-se que o PS nunca fará coligação à esquerda), o Presidente da República assumirá um protagonismo ímpar na nossa história democrática. Portanto, ao contrário do que sugerem comentadores como Clara Ferreira Alves (uma jornalista brilhante e uma colunista de grande nível, mas que por vezes falha na análise de política pura), discutir as Presidenciais não é um mero exercício especulativo ou uma manobra diversão neste Portugal que anda muito triste. Agora, o que disse Marcelo? Algo que diz há muito tempo, que tem repetido à exaustão (desde mesmo antes de Cavaco Silva ter sido reeleito): que o candidato da área do centro-direita que se encontrar em melhores condições para defrontar o candidato da esquerda tem o "dever moral" de avançar porque é do superior interesse de Portugal ter alguém confiável, sério e que compreenda os desafios dos tempos hodiernos e qual deve ser o papel de Portugal no mundo. Aliás, se fossem ler a biografia consentida de Marcelo Rebelo de Sousa da autoria de Vítor Matos, teriam lido no último capítulo, exactamente as mesmas palavras que o Professor referiu na última semana! Portanto, não houve novidade nenhuma. Que Marcelo Rebelo de Sousa é o melhor candidato do centro, da direita e da esquerda (sim, Marcelo Rebelo de Sousa chega muito bem à esquerda, porque tem preocupações de justiça social muito mais vincadas que qualquer socialista e bloquista), é um facto. Que muitos portugueses querem Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República, parece indesmentível. Mas como o Professor Marcelo não é um mercenário da política, não depende dos cargos políticos para viver - ao contrário daqueles que o vieram criticar - só avançará certamente (digo eu, sem qualquer informação privilegiada) se entender que poderá dar um contributo significativo para melhorar Portugal e tornar os portugueses e as portuguesas mais felizes e orgulhosas de pertencerem à nossa Pátria.

2. Posto isto, os leitores têm de ter em atenção que António Costa verdadeiramente é que anunciou subtilmente aquilo que eu já aqui escrevera: Costa firmou com António José Seguro um acordo segundo o qual se Seguro chegar a Primeiro-Ministro, António Costa será o candidato do PS a Belém. Portanto, é a velha lógica dos "cargozinhos" e das conveniências pessoais que caracterizam o Partido Socialista. António Costa provou-o quando teve necessidade de provocar eventuais candidatos da direita, na "Quadratura do Círculo", basicamente chamando-os de medricas e apelando à candidatura de Pedro Santana Lopes. Bom, Costa, no fundo, quer ver se ainda consegue condicionar António José Seguro e atacar a sua liderança através de uma mudança súbita de posicionamento dos aparelhistas socialistas, isto é, que a máquina mude a seu favor - se não conseguir quer ser Presidente da República. É a estratégia tipicamente costista: joga sempre em dois carrinhos e sabe passar pelos pingos da chuva com uma habilidade que deve ser assinalada. Mas a forma como trata a Presidência da República - uma segunda opção, uma escolha de reserva - mostra bem que falta a António Costa sentido de Estado.

3. Quanto a Pedro Santana Lopes, é muito curioso interpretar cuidadosamente o seu percurso político-mediático recente e as suas declarações. É que Pedro Santana Lopes também está a jogar em dois carrinhos. Direi quais em próximo texto.

Email: politicoesfera@gmail.com

1.A comunicação social andou em alvoroço na última semana com o tema das presidenciais. Eu não partilho do cepticismo de alguns (aliás, de muitos) sobre os problemas da comunicação social, sobretudo da sua alegada falta de imparcialidade, seriedade e rigor jornalístico - pelo contrário, eu considero que os jornalistas portugueses são de grande nível, as redacções evidenciam muitas vezes uma extraordinária coragem e as peças jornalísticas são de grande nível! Até porque tenho o prazer de conhecer a, na minha opinião, e com a devida vénia para com as restantes também muito boas, a redacção mais competente e corajosa de Portugal: a redacção do EXPRESSO, cujo director, Ricardo Costa, é um exemplo de determinação, seriedade, de ética jornalística e de independência contra tudo e contra todos. Oxalá o jornalismo e a democracia portuguesa possam ter muitos "Ricardos Costas" para que os nossos espaços públicos sejam mais transparente e mais exigente...Contudo, julgo que a comunicação social em geral não esteve particularmente bem ao dar tamanho impacto às reacções políticas ao comentário de Marcelo Rebelo de Sousa no último domingo de Outubro.

1.1. De facto, vários comentadores vieram comentar as declarações de Marcelo como se fossem uma grande novidade. Importa, pois, trazer alguma racionalidade e verdade na discussão sobre as presidenciais. Note-se que eu entendo - diversamente do que sugeriu Clara Ferreira Alves no sábado no EXPRESSO - que o debate sobre as presidenciais é relevante para se perceber o que poderá suceder no País político a partir de 2014. De facto, o próximo ano será o princípio do fim: começar-se-á a pensar seriamente o que será o Portugal pós-troika, o que inclui naturalmente a conjectura sobre quais serão as forças políticas liderantes - na Assembleia da República e, consequentemente, no Governo - e quem será o Presidente da República. O Presidente da República, ao contrário do que muitos pensam, é um órgão central na estruturação do nosso sistema político e tem poderes de conformação política. Como muito provavelmente das eleições legislativas de 2015 não irá resultar uma maioria clara de um só partido e dificilmente haverá coligação entre PS e PSD (note-se que o PS nunca fará coligação à esquerda), o Presidente da República assumirá um protagonismo ímpar na nossa história democrática. Portanto, ao contrário do que sugerem comentadores como Clara Ferreira Alves (uma jornalista brilhante e uma colunista de grande nível, mas que por vezes falha na análise de política pura), discutir as Presidenciais não é um mero exercício especulativo ou uma manobra diversão neste Portugal que anda muito triste. Agora, o que disse Marcelo? Algo que diz há muito tempo, que tem repetido à exaustão (desde mesmo antes de Cavaco Silva ter sido reeleito): que o candidato da área do centro-direita que se encontrar em melhores condições para defrontar o candidato da esquerda tem o "dever moral" de avançar porque é do superior interesse de Portugal ter alguém confiável, sério e que compreenda os desafios dos tempos hodiernos e qual deve ser o papel de Portugal no mundo. Aliás, se fossem ler a biografia consentida de Marcelo Rebelo de Sousa da autoria de Vítor Matos, teriam lido no último capítulo, exactamente as mesmas palavras que o Professor referiu na última semana! Portanto, não houve novidade nenhuma. Que Marcelo Rebelo de Sousa é o melhor candidato do centro, da direita e da esquerda (sim, Marcelo Rebelo de Sousa chega muito bem à esquerda, porque tem preocupações de justiça social muito mais vincadas que qualquer socialista e bloquista), é um facto. Que muitos portugueses querem Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República, parece indesmentível. Mas como o Professor Marcelo não é um mercenário da política, não depende dos cargos políticos para viver - ao contrário daqueles que o vieram criticar - só avançará certamente (digo eu, sem qualquer informação privilegiada) se entender que poderá dar um contributo significativo para melhorar Portugal e tornar os portugueses e as portuguesas mais felizes e orgulhosas de pertencerem à nossa Pátria.

2. Posto isto, os leitores têm de ter em atenção que António Costa verdadeiramente é que anunciou subtilmente aquilo que eu já aqui escrevera: Costa firmou com António José Seguro um acordo segundo o qual se Seguro chegar a Primeiro-Ministro, António Costa será o candidato do PS a Belém. Portanto, é a velha lógica dos "cargozinhos" e das conveniências pessoais que caracterizam o Partido Socialista. António Costa provou-o quando teve necessidade de provocar eventuais candidatos da direita, na "Quadratura do Círculo", basicamente chamando-os de medricas e apelando à candidatura de Pedro Santana Lopes. Bom, Costa, no fundo, quer ver se ainda consegue condicionar António José Seguro e atacar a sua liderança através de uma mudança súbita de posicionamento dos aparelhistas socialistas, isto é, que a máquina mude a seu favor - se não conseguir quer ser Presidente da República. É a estratégia tipicamente costista: joga sempre em dois carrinhos e sabe passar pelos pingos da chuva com uma habilidade que deve ser assinalada. Mas a forma como trata a Presidência da República - uma segunda opção, uma escolha de reserva - mostra bem que falta a António Costa sentido de Estado.

3. Quanto a Pedro Santana Lopes, é muito curioso interpretar cuidadosamente o seu percurso político-mediático recente e as suas declarações. É que Pedro Santana Lopes também está a jogar em dois carrinhos. Direi quais em próximo texto.

Email: politicoesfera@gmail.com

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