Porque é que José Sócrates e António Costa não subscrevem esta carta aberta a António José Seguro?

07-10-2015
marcar artigo

Um grupo de cerca de 50 militantes ou simpatizantes do Partido Socialista, com uma enorme predominância de Costistas mas, também, com alguns Socráticos, tomaram a iniciativa de redigir uma "carta aberta" a António José Seguro.

Uma primeira análise ao ato em si apenas revela uma manifestação cívica e política de um conjunto de intenções ou propostas de políticas partidárias que são, de uma forma genérica, nobres. Mais do que isso, são a evolução do modelo de representatividade político-partidária que temos. Por simplificação podemos até dizer que se tratam de propostas com vista à democratização dos próprios partidos.

Mas uma análise mais profunda leva-nos precisamente na direcção oposta, uma vez que essa democratização jamais poderá ocorrer pela iniciativa individual de um partido político, no caso, do Partido Socialista. A inspiração é, sem dúvida, o modelo de selecção do candidato para as eleições presidenciais americanas, que é designado por "eleições primárias" e que funciona muito bem porque é aplicado por todos os partidos políticos mais representativos. Ou seja, funciona porque um eleitor (filiado no partido ou não) apenas pode votar numa das eleições primárias, nos Democratas ou nos Republicanos, nunca em ambos. Caso contrário poderia dar-se a situação, por hipótese, de um eleitor votar deliberadamente no candidato que considera mais fraco dos Republicanos e no que considera mais forte dos Democratas, de forma a distorcer a representatividade da vontade e a legitimidade populares com um fim estratégico, enfraquecer a oposição ao seu candidato.

Esta possibilidade é tão natural que até se criou um jogo televisivo muito divertido chamado o Elo mais Fraco e que mais não é do que a manifestação prática da natureza humana numa dinâmica de correlação de forças, assim como o é o Dilema do Prisioneiro.

Criar o direito de petição para os militantes do Partido Socialista poderem apresentar propostas ao Congresso e a apresentação e votação de propostas por militantes através da internet, com vista à sua inclusão nos programas eleitorais do PS parecem-me excelentes propostas mas; abrir a todos os cidadãos? Podemos ter Sociais-Democratas, Comunistas, Bloquistas e Populares a submeter perfeitos disparates, torná-los virais na internet e votar vezes sucessivas, por endereços desconhecidos ou criados para o efeito, para forçar a que estejam na agenda de um Congresso? Isso é que é credibilizar o Partido? Já nos esquecemos do que aconteceu no programa da RTP para a eleição do político português mais influente?

Assim como não faz sentido ter independentes ou simpatizantes na Comissão Nacional e na Comissão Política, Qual é a vantagem desta iniciativa?

Esta "carta aberta" é um conjunto de boas ideias, embora soltas, que, por só terem aplicabilidade se adoptadas por todos os partidos, se deveria transformar numa Carta Aberta à Sociedade e aos Partidos Políticos.

Endereçá-la exclusivamente ao Secretário-Geral do Partido Socialista transforma-a num movimento populista cujo único interesse é o da oportunidade de fragilizar a liderança deste Partido, particularmente na pessoa do seu Secretário-Geral, para o forçar a manifestar-se publicamente contra estas iniciativas de " democratização" política unilateral, pelas razões que exponho, atacando-o subsequentemente de falta de coragem, frontalidade e de vontade por ser uma força de mudança, o que é uma enorme injustiça e desonestidade intelectual.

E já agora uma pergunta, porque é que José Sócrates e António Costa não estão nos proponentes que subscrevem esta carta aberta a António José Seguro?

Um grupo de cerca de 50 militantes ou simpatizantes do Partido Socialista, com uma enorme predominância de Costistas mas, também, com alguns Socráticos, tomaram a iniciativa de redigir uma "carta aberta" a António José Seguro.

Uma primeira análise ao ato em si apenas revela uma manifestação cívica e política de um conjunto de intenções ou propostas de políticas partidárias que são, de uma forma genérica, nobres. Mais do que isso, são a evolução do modelo de representatividade político-partidária que temos. Por simplificação podemos até dizer que se tratam de propostas com vista à democratização dos próprios partidos.

Mas uma análise mais profunda leva-nos precisamente na direcção oposta, uma vez que essa democratização jamais poderá ocorrer pela iniciativa individual de um partido político, no caso, do Partido Socialista. A inspiração é, sem dúvida, o modelo de selecção do candidato para as eleições presidenciais americanas, que é designado por "eleições primárias" e que funciona muito bem porque é aplicado por todos os partidos políticos mais representativos. Ou seja, funciona porque um eleitor (filiado no partido ou não) apenas pode votar numa das eleições primárias, nos Democratas ou nos Republicanos, nunca em ambos. Caso contrário poderia dar-se a situação, por hipótese, de um eleitor votar deliberadamente no candidato que considera mais fraco dos Republicanos e no que considera mais forte dos Democratas, de forma a distorcer a representatividade da vontade e a legitimidade populares com um fim estratégico, enfraquecer a oposição ao seu candidato.

Esta possibilidade é tão natural que até se criou um jogo televisivo muito divertido chamado o Elo mais Fraco e que mais não é do que a manifestação prática da natureza humana numa dinâmica de correlação de forças, assim como o é o Dilema do Prisioneiro.

Criar o direito de petição para os militantes do Partido Socialista poderem apresentar propostas ao Congresso e a apresentação e votação de propostas por militantes através da internet, com vista à sua inclusão nos programas eleitorais do PS parecem-me excelentes propostas mas; abrir a todos os cidadãos? Podemos ter Sociais-Democratas, Comunistas, Bloquistas e Populares a submeter perfeitos disparates, torná-los virais na internet e votar vezes sucessivas, por endereços desconhecidos ou criados para o efeito, para forçar a que estejam na agenda de um Congresso? Isso é que é credibilizar o Partido? Já nos esquecemos do que aconteceu no programa da RTP para a eleição do político português mais influente?

Assim como não faz sentido ter independentes ou simpatizantes na Comissão Nacional e na Comissão Política, Qual é a vantagem desta iniciativa?

Esta "carta aberta" é um conjunto de boas ideias, embora soltas, que, por só terem aplicabilidade se adoptadas por todos os partidos, se deveria transformar numa Carta Aberta à Sociedade e aos Partidos Políticos.

Endereçá-la exclusivamente ao Secretário-Geral do Partido Socialista transforma-a num movimento populista cujo único interesse é o da oportunidade de fragilizar a liderança deste Partido, particularmente na pessoa do seu Secretário-Geral, para o forçar a manifestar-se publicamente contra estas iniciativas de " democratização" política unilateral, pelas razões que exponho, atacando-o subsequentemente de falta de coragem, frontalidade e de vontade por ser uma força de mudança, o que é uma enorme injustiça e desonestidade intelectual.

E já agora uma pergunta, porque é que José Sócrates e António Costa não estão nos proponentes que subscrevem esta carta aberta a António José Seguro?

marcar artigo