Seguro rejeita entrada suja e tenta saída limpa

08-10-2015
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Era inevitável escrever sobre a novela atual do Partido Socialista. Uma autêntica "casa dos segredos" como lhe chamou Carlos Zorrinho, ou melhor ainda, Marco António Costa "a versão portuguesa da Guerra dos Tronos". Toda esta fábula tem demonstrado, com notável clareza, o que é na realidade o partido socialista do "friso socrático" ...que começou em Mário Soares e termina em António Costa.

Jamais um combate político interno tinha sido tão violento, onde tanta gente perdeu a cabeça e disse os mais duros disparates, sobre colegas de partido, sem qualquer lealdade política e institucional. O PS pagará caro, tanto esta fatura como esta fratura. Logo, num período em que a abstenção é tão alta, em que os partidos estão em crise, esta polémica, este lavar de roupa suja, não ajuda em nada a combater o deficit de credibilidade do sistema político. O país precisa, de um PS forte, credível e respeitado, como alternativa de poder, o que de facto, também não tem conseguido ser.

Mas esta novela teve já duas consequências positivas para Portugal. Permitiu a Seguro assumir um papel reformista, propor uma mudança do sistema político democrático e, espero eu, esperamos todos, discutir importantes reformas em Portugal. Seguro que rejeitou que o PS integrasse a Comissão Parlamentar para a Reforma do Estado, que recusou discutir a reforma da Segurança Social, que rejeitou o Acordo de Concertação Social, entre tantas outras reformas, quer agora, afinal discutir todo o sistema.

Seguro reforma por taticismo e não por convicção

Por outro lado, e apenas por uma questão tática, Seguro defende as primárias, para a escolha do candidato a Primeiro-Ministro, o voto preferencial para a eleição dos Deputados, a redução do número de Deputados, tudo iniciativas de rutura com atual sistema, tal como defendi recentemente na Assembleia da República, mas das quais... Seguro discordava. Ou seja, Seguro, o moralista líder do PS, assume estas bandeiras, não por convicção, mas por oportunismo e tacticismo. Tacticismo que tanto crítica, que tanto atira contra António Costa. Com isso conseguiu "ganhar" alguns meses de "oxigénio" na "sala de cuidados intensivos" do partido socialista. Seguro acha que, António Costa trai a democracia, do seu partido ao tentar uma "entrada" suja no PS, mas, trai as suas convicções para conseguir uma saída limpa desta novela.

Mas olhemos também para António Costa, que abandonou o Parlamento Europeu, logo após um ano de mandato, que foi o braço direito de Sócrates no seu primeiro Governo e que depois abandonou, e que agora, apenas um ano depois de ser eleito como edil da capital, quer trocar os votos e confiança dos lisboetas pela ambição de liderar o PS. Haverá maior machadada que esta, na confiança das pessoas nos políticos? Onde está a indignação habitual? Se fosse Santana Lopes ou qualquer outro do PSD, caía o "Carmo e Trindade". Quando Durão Barroso trocou o Governo português pelo cargo de maior prestígio que um português já alcançou, levantou-se uma guerra, ainda hoje sem "armistício", em Portugal, pelo pouco sentido de oportunidade da decisão, mas também por alguma inveja e pelo que se seguiu.

António Costa é o Nené da política portuguesa

Mas, há perguntas, que é útil fazer: quem tem medo do voto preferencial, ou da redução do número de Deputados? Quem teme a reforma dos partidos? O status quo existente e que, dominou o país nos últimos 40 anos. António Costa é o rosto dessa geração que tem "dominado" o país mas com um dom que o distingue de muitos outros, é uma espécie de Nené da política...não suja o fato, não se esforça muito e fica sempre à espera que os outros ganhem a bola, para depois poder brilhar. É por isso que agora quer "roubar" a bola a António José Seguro, porque "cheira a poder". Mas não, não "cheira a poder", tresanda sim, a irresponsabilidade. Fede a falta de memória. A Troika, já se foi embora, mas as reformas exigem responsabilidade.

Sendo favorável à redução do número de Deputados, alerto que isso prejudica sobretudo os pequenos partidos, que representam franjas da população como o PCP, o BE ou o CDS ou agora o MPT, ou as regiões menos populosas. Será isso prioritário? Não me parece. Quanto às primárias são uma forma de responsabilização dos cidadãos quanto à vida dos partidos. Hoje, e, porque vivemos em alternância política, entre PS e PSD, são uma minoria de portugueses, as distritais, os militantes do PSD e do PS, que escolhem os primeiros-ministros. Parece-me pois, o único caminho a seguir, depois de termos adotado o sistema de eleições diretas.

O voto preferencial é talvez a mais importante das reformas do sistema eleitoral, com diversas vantagens e desvantagens, que em breve aqui, explorarei. Esta, é talvez a mais profunda e imediata transformação que se pode concretizar no sistema eleitoral, provocando um brutal choque no status quo dos partidos, da relação dos Deputados com o Governo e sobretudo, no reforço da legitimidade de todos os eleitos. Apetece perguntar, quem teme esta mudança?... os que controlam o jogo, há décadas!

Era inevitável escrever sobre a novela atual do Partido Socialista. Uma autêntica "casa dos segredos" como lhe chamou Carlos Zorrinho, ou melhor ainda, Marco António Costa "a versão portuguesa da Guerra dos Tronos". Toda esta fábula tem demonstrado, com notável clareza, o que é na realidade o partido socialista do "friso socrático" ...que começou em Mário Soares e termina em António Costa.

Jamais um combate político interno tinha sido tão violento, onde tanta gente perdeu a cabeça e disse os mais duros disparates, sobre colegas de partido, sem qualquer lealdade política e institucional. O PS pagará caro, tanto esta fatura como esta fratura. Logo, num período em que a abstenção é tão alta, em que os partidos estão em crise, esta polémica, este lavar de roupa suja, não ajuda em nada a combater o deficit de credibilidade do sistema político. O país precisa, de um PS forte, credível e respeitado, como alternativa de poder, o que de facto, também não tem conseguido ser.

Mas esta novela teve já duas consequências positivas para Portugal. Permitiu a Seguro assumir um papel reformista, propor uma mudança do sistema político democrático e, espero eu, esperamos todos, discutir importantes reformas em Portugal. Seguro que rejeitou que o PS integrasse a Comissão Parlamentar para a Reforma do Estado, que recusou discutir a reforma da Segurança Social, que rejeitou o Acordo de Concertação Social, entre tantas outras reformas, quer agora, afinal discutir todo o sistema.

Seguro reforma por taticismo e não por convicção

Por outro lado, e apenas por uma questão tática, Seguro defende as primárias, para a escolha do candidato a Primeiro-Ministro, o voto preferencial para a eleição dos Deputados, a redução do número de Deputados, tudo iniciativas de rutura com atual sistema, tal como defendi recentemente na Assembleia da República, mas das quais... Seguro discordava. Ou seja, Seguro, o moralista líder do PS, assume estas bandeiras, não por convicção, mas por oportunismo e tacticismo. Tacticismo que tanto crítica, que tanto atira contra António Costa. Com isso conseguiu "ganhar" alguns meses de "oxigénio" na "sala de cuidados intensivos" do partido socialista. Seguro acha que, António Costa trai a democracia, do seu partido ao tentar uma "entrada" suja no PS, mas, trai as suas convicções para conseguir uma saída limpa desta novela.

Mas olhemos também para António Costa, que abandonou o Parlamento Europeu, logo após um ano de mandato, que foi o braço direito de Sócrates no seu primeiro Governo e que depois abandonou, e que agora, apenas um ano depois de ser eleito como edil da capital, quer trocar os votos e confiança dos lisboetas pela ambição de liderar o PS. Haverá maior machadada que esta, na confiança das pessoas nos políticos? Onde está a indignação habitual? Se fosse Santana Lopes ou qualquer outro do PSD, caía o "Carmo e Trindade". Quando Durão Barroso trocou o Governo português pelo cargo de maior prestígio que um português já alcançou, levantou-se uma guerra, ainda hoje sem "armistício", em Portugal, pelo pouco sentido de oportunidade da decisão, mas também por alguma inveja e pelo que se seguiu.

António Costa é o Nené da política portuguesa

Mas, há perguntas, que é útil fazer: quem tem medo do voto preferencial, ou da redução do número de Deputados? Quem teme a reforma dos partidos? O status quo existente e que, dominou o país nos últimos 40 anos. António Costa é o rosto dessa geração que tem "dominado" o país mas com um dom que o distingue de muitos outros, é uma espécie de Nené da política...não suja o fato, não se esforça muito e fica sempre à espera que os outros ganhem a bola, para depois poder brilhar. É por isso que agora quer "roubar" a bola a António José Seguro, porque "cheira a poder". Mas não, não "cheira a poder", tresanda sim, a irresponsabilidade. Fede a falta de memória. A Troika, já se foi embora, mas as reformas exigem responsabilidade.

Sendo favorável à redução do número de Deputados, alerto que isso prejudica sobretudo os pequenos partidos, que representam franjas da população como o PCP, o BE ou o CDS ou agora o MPT, ou as regiões menos populosas. Será isso prioritário? Não me parece. Quanto às primárias são uma forma de responsabilização dos cidadãos quanto à vida dos partidos. Hoje, e, porque vivemos em alternância política, entre PS e PSD, são uma minoria de portugueses, as distritais, os militantes do PSD e do PS, que escolhem os primeiros-ministros. Parece-me pois, o único caminho a seguir, depois de termos adotado o sistema de eleições diretas.

O voto preferencial é talvez a mais importante das reformas do sistema eleitoral, com diversas vantagens e desvantagens, que em breve aqui, explorarei. Esta, é talvez a mais profunda e imediata transformação que se pode concretizar no sistema eleitoral, provocando um brutal choque no status quo dos partidos, da relação dos Deputados com o Governo e sobretudo, no reforço da legitimidade de todos os eleitos. Apetece perguntar, quem teme esta mudança?... os que controlam o jogo, há décadas!

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