Chiado/25 anos: Comércio que sobreviveu às chamas tenta sobreviver agora à crise

08-09-2013
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É exactamente em frente ao número 63 da Rua do Carmo, onde em 1988 existia a Discoteca do Carmo, que António Cardoso estaciona todos os dias a carrinha Fleur de Lys, conhecida por Carrinha de Fados.

"Vivemos momentos de angústia e aflição porque não sabíamos sequer se estava a arder o nosso estabelecimento. Mas não chegou a ser atingido. A loja anterior foi a última a ter danos - vidros partidos - e para cima então ardeu quase tudo", recorda.

António Cardoso conta que apenas no dia seguinte ao incêndio foi permitido pelas autoridades chegar à Discoteca do Carmo, que voltou a abrir ao público apenas uma semana depois.

No entanto, a loja acabou por ter de fechar dez anos depois do fogo, devido a danos causados pelas obras de extensão do metro até ao Cais do Sodré na estrutura do edifício.

A venda de discos passou a ser feita pela conhecida carrinha verde, de onde todos os dias se ouve o fado escolhido por António Cardoso.

Ligado à música desde os 16 anos, recorda o tempo em que a Baixa era "um centro comercial a céu aberto" onde as "pessoas com dinheiro" iam de propósito fazer compras.

"O negócio era melhor nessa altura", afirma, até porque havia "mais compradores de música do que há hoje".

Hoje com 61 anos, a luta de António Cardoso na sua Carrinha de Fados é a Internet: "O disco físico cada vez está a vender menos", salienta.

"Ainda nos vamos safando com o turismo, porque os portugueses já não compram", admite.

Ainda na Rua do Carmo, Carlos Carvalho, a trabalhar na Luvaria Ulisses há 39 anos, conta que hoje o negócio sobrevive graças ao turismo e lembra melhores anos no Chiado.

"Esta rua no Natal tinha de ser fechada ao trânsito porque o movimento era imenso. Hoje perdeu-se um bocado o hábito de vir à Baixa, as pessoas preferem refugiar-se nos centros comerciais", compara.

Na manhã do incêndio do Chiado, e apesar das preocupações de Carlos Carvalho, os bombeiros conseguiram travar o incêndio antes do elevador de Santa Justa e a luvaria que está no Chiado desde 1925 não foi afectada.

Os impactos das chamas vieram depois, durante os mais de dez anos até à recuperação dos armazéns do Chiado.

"Esta rua, que era principal de acesso ao Chiado, ficou cortada, portanto, foi complicado para as lojas, porque deixámos de ter clientes. Foi um período que é melhor nem sequer recordar", afirma.

Já António José Lemos, gerente da Casa Pereira, casa de "mercearias finas" na Rua Garrett desde 1930, lembra a curiosidade popular nos dias seguintes ao fogo.

"As pessoas têm sempre curiosidade de ver as desgraças, como se costuma dizer. É uma coisa normal... entre aspas", diz.

Vinte e cinco anos depois do incêndio do Chiado, o negócio está pior: "As pessoas não têm dinheiro no bolso".

A "sorte" acaba por ser a localização da Casa Pereira - uma zona de "passagem de muitos turistas" que hoje, especialmente entre o Natal e a Páscoa, são os "melhores clientes".

"Antigamente havia muito mais movimento no Chiado do que há hoje em dia porque a Baixa e o Chiado tinham tudo e mais alguma coisa, coisas que não se encontravam em mais parte nenhuma [de Lisboa]. Hoje em dia, quase que se encontra tudo em todo o lado, a diferença maior é essa", compara.

Para António José Lemos, o Chiado e a Baixa deviam estar "povoados com coisas que atraíssem" para voltar a ter o esplendor anterior ao incêndio.

Há 25 anos, as chamas consumiram quase oito hectares - o equivalente a oito campos de futebol - daquela zona histórica da cidade e causou duas mortes e várias dezenas de feridos.

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É exactamente em frente ao número 63 da Rua do Carmo, onde em 1988 existia a Discoteca do Carmo, que António Cardoso estaciona todos os dias a carrinha Fleur de Lys, conhecida por Carrinha de Fados.

"Vivemos momentos de angústia e aflição porque não sabíamos sequer se estava a arder o nosso estabelecimento. Mas não chegou a ser atingido. A loja anterior foi a última a ter danos - vidros partidos - e para cima então ardeu quase tudo", recorda.

António Cardoso conta que apenas no dia seguinte ao incêndio foi permitido pelas autoridades chegar à Discoteca do Carmo, que voltou a abrir ao público apenas uma semana depois.

No entanto, a loja acabou por ter de fechar dez anos depois do fogo, devido a danos causados pelas obras de extensão do metro até ao Cais do Sodré na estrutura do edifício.

A venda de discos passou a ser feita pela conhecida carrinha verde, de onde todos os dias se ouve o fado escolhido por António Cardoso.

Ligado à música desde os 16 anos, recorda o tempo em que a Baixa era "um centro comercial a céu aberto" onde as "pessoas com dinheiro" iam de propósito fazer compras.

"O negócio era melhor nessa altura", afirma, até porque havia "mais compradores de música do que há hoje".

Hoje com 61 anos, a luta de António Cardoso na sua Carrinha de Fados é a Internet: "O disco físico cada vez está a vender menos", salienta.

"Ainda nos vamos safando com o turismo, porque os portugueses já não compram", admite.

Ainda na Rua do Carmo, Carlos Carvalho, a trabalhar na Luvaria Ulisses há 39 anos, conta que hoje o negócio sobrevive graças ao turismo e lembra melhores anos no Chiado.

"Esta rua no Natal tinha de ser fechada ao trânsito porque o movimento era imenso. Hoje perdeu-se um bocado o hábito de vir à Baixa, as pessoas preferem refugiar-se nos centros comerciais", compara.

Na manhã do incêndio do Chiado, e apesar das preocupações de Carlos Carvalho, os bombeiros conseguiram travar o incêndio antes do elevador de Santa Justa e a luvaria que está no Chiado desde 1925 não foi afectada.

Os impactos das chamas vieram depois, durante os mais de dez anos até à recuperação dos armazéns do Chiado.

"Esta rua, que era principal de acesso ao Chiado, ficou cortada, portanto, foi complicado para as lojas, porque deixámos de ter clientes. Foi um período que é melhor nem sequer recordar", afirma.

Já António José Lemos, gerente da Casa Pereira, casa de "mercearias finas" na Rua Garrett desde 1930, lembra a curiosidade popular nos dias seguintes ao fogo.

"As pessoas têm sempre curiosidade de ver as desgraças, como se costuma dizer. É uma coisa normal... entre aspas", diz.

Vinte e cinco anos depois do incêndio do Chiado, o negócio está pior: "As pessoas não têm dinheiro no bolso".

A "sorte" acaba por ser a localização da Casa Pereira - uma zona de "passagem de muitos turistas" que hoje, especialmente entre o Natal e a Páscoa, são os "melhores clientes".

"Antigamente havia muito mais movimento no Chiado do que há hoje em dia porque a Baixa e o Chiado tinham tudo e mais alguma coisa, coisas que não se encontravam em mais parte nenhuma [de Lisboa]. Hoje em dia, quase que se encontra tudo em todo o lado, a diferença maior é essa", compara.

Para António José Lemos, o Chiado e a Baixa deviam estar "povoados com coisas que atraíssem" para voltar a ter o esplendor anterior ao incêndio.

Há 25 anos, as chamas consumiram quase oito hectares - o equivalente a oito campos de futebol - daquela zona histórica da cidade e causou duas mortes e várias dezenas de feridos.

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