O Acidental: Cenários no Iraque

21-01-2012
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Tanto nos EUA como na Grã-Bretanha têm aumentando as vozes que pedem a retirada das tropas do Iraque. O porta-voz do Lib Dem para os assuntos externos, Menzies Campbell, defendeu mesmo esta semana que “estava na altura de dar um final a esta ocupação”. Duas linhas apenas sobre isto.Em primeiro lugar, tenha-se ou não concordado com a intervenção, a “ocupação” foi já legitimada pela ONU, que pediu mesmo uma participação activa da comunidade internacional.Em segundo lugar, parece-me que o ponto agora está na resolução da situação do pós-guerra (que, à vista de todos, não foi bem planeada) e não no argumento corrente do “quanto pior, melhor”, apenas para conforto dos que se opunham à intervenção militar. Neste ponto, temos três cenários possíveis.Primeiro, a continuação das tropas, inclusivamente com um acréscimo dos efectivos, sobretudo para treino das forças de segurança iraquianas, como referiu o presidente iraquiano a semana passada, Jalal Talabani.Segundo, a retirada completa. Numa altura em que alguns relatórios dão como crescente a radicalização islâmica no país – desde que se complicou a (in)segurança - e quando começa a ser politicamente difícil a confrontação de Bush e Blair com os cerca de 2 mil mortos norte-americanos e 100 britânicos, crescem as vozes defensoras desta decisão. Seria, no entanto, de uma irresponsabilidade total que ela se consumasse, para além de constituir uma derrota a toda a linha dos governos que promoveram a intervenção. Sei que isto agrada a muito boa gente, mas esses que a pedem deveriam ver o caso bem além dos proveitos eleitorais.Terceiro, manter as tropas, reduzindo os seus efectivos. Este cenário só teria cabimento (embora não negue que seria politicamente vantajoso para Blair e Bush) se a ONU, a NATO e a UE entrassem no processo de peacekeeping com forças específicas, numa clara distribuição de esforços económicos e militares. Parece-me pouco credível, até por que a eficácia da ONU depende em muito dos próprios EUA, assim com a NATO e a UE da concordância de Paris e Berlim, que sempre se colocaram do outro lado da luta e enormes proveitos eleitorais disso extraíram.A decisão política é muitas vezes mal compreendida por nós, assim como mal aconselhada e ponderada por outros. Aceitam-se opiniões e sugestões, meus caros. [Bernardo Pires de Lima]

Tanto nos EUA como na Grã-Bretanha têm aumentando as vozes que pedem a retirada das tropas do Iraque. O porta-voz do Lib Dem para os assuntos externos, Menzies Campbell, defendeu mesmo esta semana que “estava na altura de dar um final a esta ocupação”. Duas linhas apenas sobre isto.Em primeiro lugar, tenha-se ou não concordado com a intervenção, a “ocupação” foi já legitimada pela ONU, que pediu mesmo uma participação activa da comunidade internacional.Em segundo lugar, parece-me que o ponto agora está na resolução da situação do pós-guerra (que, à vista de todos, não foi bem planeada) e não no argumento corrente do “quanto pior, melhor”, apenas para conforto dos que se opunham à intervenção militar. Neste ponto, temos três cenários possíveis.Primeiro, a continuação das tropas, inclusivamente com um acréscimo dos efectivos, sobretudo para treino das forças de segurança iraquianas, como referiu o presidente iraquiano a semana passada, Jalal Talabani.Segundo, a retirada completa. Numa altura em que alguns relatórios dão como crescente a radicalização islâmica no país – desde que se complicou a (in)segurança - e quando começa a ser politicamente difícil a confrontação de Bush e Blair com os cerca de 2 mil mortos norte-americanos e 100 britânicos, crescem as vozes defensoras desta decisão. Seria, no entanto, de uma irresponsabilidade total que ela se consumasse, para além de constituir uma derrota a toda a linha dos governos que promoveram a intervenção. Sei que isto agrada a muito boa gente, mas esses que a pedem deveriam ver o caso bem além dos proveitos eleitorais.Terceiro, manter as tropas, reduzindo os seus efectivos. Este cenário só teria cabimento (embora não negue que seria politicamente vantajoso para Blair e Bush) se a ONU, a NATO e a UE entrassem no processo de peacekeeping com forças específicas, numa clara distribuição de esforços económicos e militares. Parece-me pouco credível, até por que a eficácia da ONU depende em muito dos próprios EUA, assim com a NATO e a UE da concordância de Paris e Berlim, que sempre se colocaram do outro lado da luta e enormes proveitos eleitorais disso extraíram.A decisão política é muitas vezes mal compreendida por nós, assim como mal aconselhada e ponderada por outros. Aceitam-se opiniões e sugestões, meus caros. [Bernardo Pires de Lima]

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