Debates na TV servem para mobilizar o eleitorado

06-11-2019
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Os debates televisivos – com doze duelos televisivos – e dois com todos os partidos, já arrancou esta semana e a lista de confronto de ideias estende-se até dia 23 de setembro, (com todos os partidos com assento parlamentar) em cima do período de campanha eleitoral. Haverá ainda um debate a 30 de setembro com as forças políticas sem assento parlamentar na RTP1/RTP3. A lista é grande e obriga os candidatos a esticarem a agenda até às eleições de 6 de outubro. Mas será que é decisiva?

A resposta nem sempre é clara, mas há um dado que pode contar, e muito, nos números e na estratégia das forças políticas: a mobilização do seu próprio eleitorado. Talvez, por isso, ninguém dispense os momentos televisivos para confrontar ideias com um adversário, mesmo que isso não represente qualquer transferência de votos.

“Os debates são mais importantes nos grande partidos do que nos pequenos, [o debate] é mais importante para os segmentos de eleitores que são mais sensíveis a uma personalização da política”, afirmou ao i António Costa Pinto, politólogo e professor de Ciência Política no Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa.

Para o politólogo, “os debates podem ser elementos importantes de mobilização, é isso que está em causa aqui”.

Mas os debates não são só importantes para os partidos mobilizarem o seu eleitorado. António Costa Pinto sublinha ainda que “ são importantes por um ponto: quando se informam sobre assuntos políticos, os portugueses e as portuguesas fazem-no em primeiro lugar pela televisão”. Só depois o fazem pela imprensa e, por fim, pelas redes sociais. Os duelos têm, depois, uma importância maior junto das forças políticas com maior representação onde o eleitorado tem menor identificação partidária, valorizando mais a personalização da política dos candidatos a primeiro-ministro, leia-se, do PS e do PSD. Assim, nos eleitorados “como maior identificação partidária, como o do PCP, o debate tem menos importância”.

Por seu turno, Rui Oliveira e Costa, diretor da Eurosondagem e politólogo, começa por dizer ao i que a “transferência de votos de um partido para o outro é praticamente zero” num debate televisivo. Em sua opinião, os debates televisivos servem para mobilizar o próprio eleitorado. “São muito importantes porque a abstenção é o maior grupo em Portugal, tem mais do que o partido mais votado e os líderes partidários, desde António Costa a André Ventura, têm uma luta diária ( por isso é que há debates, por isso é que gastam dinheiro), entre eles e a abstenção”, acrescenta Oliveira e Costa.

Para o diretor da Eurosondagem “não há muita gente em Portugal com dúvidas em quem vai votar. O que há a saber é se vão votar, ou não vão votar”.

Tanto Oliveira e Costa como Costa Pinto não colocam as redes sociais no mesmo plano das televisões no que toca a medir o pulso das preferências dos portugueses.

Para o professor de Ciência Política no Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa “as redes sociais não exprimem as intenções de voto dos portugueses” e Oliveira e Costa vai mais longe ao sustentar que as “redes sociais valem pouco”.

Oliveira e Costa sugere ainda uma solução aos partidos: “Ir buscar eleitorado a casa para ir votar” no dia das eleições. Questionado pelo i se tal prática é legal, o diretor da Eurosondagem defende-se: “É legal e recomendável e até defendo que os transportes públicos devem ser gratuitos nesse dia. Isso é que é eficaz”.

O que pensam os partidos?

Os intervenientes na campanha eleitoral e nos debates reconhecem ao i o papel dos debates televisivos, sobretudo para esclarecer os eleitores e passar a informação certa. Mas, o secretário-geral do PSD e diretor de campanha, José Silvano, vai um pouco mais longe: “Acho que são importantes para afirmar as propostas dos partidos. Não sei se para votos serão tão importantes. Mas a quantidade de debates e entrevistas nas tvs e rádios podem marcar o período eleitoral”.

As contas sobre o que marca uma campanha são feitas no fim, mas para o Bloco de Esquerda”os debates são um espaço importante para discutir propostas que cada partido apresenta ao país. A escolha dos eleitores deve ser informada e é para isso que os debates devem contribuir”.

O CDS, por sua vez, encara o espaço de discussão televisiva com similar importância, mas com argumentos diferentes: “Quando se tem uma alternativa ao socialismo, quando se tem uma visão de facto diferente do país e do modelo de crescimento, faz sentido debater com as pessoas que têm ideias diferentes. O país tem a ganhar com a apresentação de uma visão alternativa como a nossa”. Tanto o CDS como o BE, cujas líderes já se confrontaram na RTP3, convergem num ponto: ninguém se furta a debates.

“ O Bloco participará nestes debates, discutindo abertamente o seu programa, da mesma forma que fará campanha de rua para ouvir o país” diz fonte oficial, enquanto o CDS acrescenta que também estará noutros debates que não são públicos, como as discussões nas universidades, nas associações ou nas escolas.

Já o PCP, que contestou o facto de existirem alguns duelos televisivos apenas em canais por cabo, respondeu que “os debates televisivos organizados segundo regras não discriminatórias podem ser um elemento, entre outros, para dar a conhecer posições e propostas eleitorais. Sobretudo se da sua realização resultar um juízo livre de cada um sobre o que assistem e não sujeito à torrente de ‘comentadores’ cujo único objetivo é o de tentar condicionar ou impor a leitura que pré-determinam”.

O PAN, liderado por André Silva, sublinhou “o poder amplificador das mensagens em televisão”, mas reconheceu o papel das novas tecnologias que “ estão a trazer alterações estruturais na organização, na utilização e na função social dos media tradicionais”. Para o PAN o seu crescimento progressivo não esteve “alicerçado na cobertura mediática que lhe foi atribuída”, tendo surgido após as eleições europeias, quando “se verificou um maior interesse na atividade e nas posições de um partido que já estava na Assembleia da República desde 2015”.

Assim, os debates serão, para o PAN, uma forma de expor o “trabalho feito”, as propostas, as ideias, mas também, em paralelo, ajudar a “esclarecer uma série de dúvidas e de mitos sobre o partido”. No entanto, o PAN destacou que “vai continuar a apostar no contacto de proximidade com as pessoas nas ruas e nas redes sociais”. Dito de outra forma: “Um formato de contacto com as pessoas, não se pode substituir ao outro”.

Os socialistas não responderam em tempo útil ao i.

Os próximos debates televisivos

Debates nas televisões:

• 5 de set: Rui Rio/Assunção Cristas - SIC

• 6 de setembro: António Costa/Catarina Martins - RTP1

• 7 de set: Catarina Martins/André Silva - SIC Notícias

• 9 de set: Rui Rio/André Silva - RTP1

• 11 de set: António Costa/André Silva - SIC

• 12 de set: Rui Rio/Jerónimo de Sousa - RTP1

• 13 de set: António Costa/Assunção Cristas - TVI

• 14 de set: Assunção Cristas/André Silva - RTP3

• 15 de set: Rui Rio/Catarina Martins - TVI

• 16 de set: António Costa/Rui Rio - simultâneo na RTP1/SIC/TVI

• 23 de set: Debate com todos - RTP

• 30 de set: Debate com todos os partidos sem assento parlamentar - RTP1/RTP3

Debates nas rádios:

• 18 de set: Debate com todos - RR, RDP, TSF

• 23 de set: Antonio Costa/Rui Rio - Antena1, RR, TSF

Mais de 1 milhão assistiu a debate

Foram mais de um milhão os portugueses que assistiram ao primeiro debate televisivo desta campanha eleitoral. De acordo com o grupo Impresa, o debate entre António Costa e Jerónimo de Sousa, que decorreu na passada segunda-feira e foi transmitido nos canais SIC/SIC Notícias contou com 1,1 milhões de telespetadores. O segundo duelo, entre Catarina Martins e Assunção Cristas, que decorreu na terça-feira e foi transmitido pela RTP/RTP3 contou com uma audiência de 165 mil telespetadores, disse a televisão pública.

Os debates televisivos – com doze duelos televisivos – e dois com todos os partidos, já arrancou esta semana e a lista de confronto de ideias estende-se até dia 23 de setembro, (com todos os partidos com assento parlamentar) em cima do período de campanha eleitoral. Haverá ainda um debate a 30 de setembro com as forças políticas sem assento parlamentar na RTP1/RTP3. A lista é grande e obriga os candidatos a esticarem a agenda até às eleições de 6 de outubro. Mas será que é decisiva?

A resposta nem sempre é clara, mas há um dado que pode contar, e muito, nos números e na estratégia das forças políticas: a mobilização do seu próprio eleitorado. Talvez, por isso, ninguém dispense os momentos televisivos para confrontar ideias com um adversário, mesmo que isso não represente qualquer transferência de votos.

“Os debates são mais importantes nos grande partidos do que nos pequenos, [o debate] é mais importante para os segmentos de eleitores que são mais sensíveis a uma personalização da política”, afirmou ao i António Costa Pinto, politólogo e professor de Ciência Política no Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa.

Para o politólogo, “os debates podem ser elementos importantes de mobilização, é isso que está em causa aqui”.

Mas os debates não são só importantes para os partidos mobilizarem o seu eleitorado. António Costa Pinto sublinha ainda que “ são importantes por um ponto: quando se informam sobre assuntos políticos, os portugueses e as portuguesas fazem-no em primeiro lugar pela televisão”. Só depois o fazem pela imprensa e, por fim, pelas redes sociais. Os duelos têm, depois, uma importância maior junto das forças políticas com maior representação onde o eleitorado tem menor identificação partidária, valorizando mais a personalização da política dos candidatos a primeiro-ministro, leia-se, do PS e do PSD. Assim, nos eleitorados “como maior identificação partidária, como o do PCP, o debate tem menos importância”.

Por seu turno, Rui Oliveira e Costa, diretor da Eurosondagem e politólogo, começa por dizer ao i que a “transferência de votos de um partido para o outro é praticamente zero” num debate televisivo. Em sua opinião, os debates televisivos servem para mobilizar o próprio eleitorado. “São muito importantes porque a abstenção é o maior grupo em Portugal, tem mais do que o partido mais votado e os líderes partidários, desde António Costa a André Ventura, têm uma luta diária ( por isso é que há debates, por isso é que gastam dinheiro), entre eles e a abstenção”, acrescenta Oliveira e Costa.

Para o diretor da Eurosondagem “não há muita gente em Portugal com dúvidas em quem vai votar. O que há a saber é se vão votar, ou não vão votar”.

Tanto Oliveira e Costa como Costa Pinto não colocam as redes sociais no mesmo plano das televisões no que toca a medir o pulso das preferências dos portugueses.

Para o professor de Ciência Política no Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa “as redes sociais não exprimem as intenções de voto dos portugueses” e Oliveira e Costa vai mais longe ao sustentar que as “redes sociais valem pouco”.

Oliveira e Costa sugere ainda uma solução aos partidos: “Ir buscar eleitorado a casa para ir votar” no dia das eleições. Questionado pelo i se tal prática é legal, o diretor da Eurosondagem defende-se: “É legal e recomendável e até defendo que os transportes públicos devem ser gratuitos nesse dia. Isso é que é eficaz”.

O que pensam os partidos?

Os intervenientes na campanha eleitoral e nos debates reconhecem ao i o papel dos debates televisivos, sobretudo para esclarecer os eleitores e passar a informação certa. Mas, o secretário-geral do PSD e diretor de campanha, José Silvano, vai um pouco mais longe: “Acho que são importantes para afirmar as propostas dos partidos. Não sei se para votos serão tão importantes. Mas a quantidade de debates e entrevistas nas tvs e rádios podem marcar o período eleitoral”.

As contas sobre o que marca uma campanha são feitas no fim, mas para o Bloco de Esquerda”os debates são um espaço importante para discutir propostas que cada partido apresenta ao país. A escolha dos eleitores deve ser informada e é para isso que os debates devem contribuir”.

O CDS, por sua vez, encara o espaço de discussão televisiva com similar importância, mas com argumentos diferentes: “Quando se tem uma alternativa ao socialismo, quando se tem uma visão de facto diferente do país e do modelo de crescimento, faz sentido debater com as pessoas que têm ideias diferentes. O país tem a ganhar com a apresentação de uma visão alternativa como a nossa”. Tanto o CDS como o BE, cujas líderes já se confrontaram na RTP3, convergem num ponto: ninguém se furta a debates.

“ O Bloco participará nestes debates, discutindo abertamente o seu programa, da mesma forma que fará campanha de rua para ouvir o país” diz fonte oficial, enquanto o CDS acrescenta que também estará noutros debates que não são públicos, como as discussões nas universidades, nas associações ou nas escolas.

Já o PCP, que contestou o facto de existirem alguns duelos televisivos apenas em canais por cabo, respondeu que “os debates televisivos organizados segundo regras não discriminatórias podem ser um elemento, entre outros, para dar a conhecer posições e propostas eleitorais. Sobretudo se da sua realização resultar um juízo livre de cada um sobre o que assistem e não sujeito à torrente de ‘comentadores’ cujo único objetivo é o de tentar condicionar ou impor a leitura que pré-determinam”.

O PAN, liderado por André Silva, sublinhou “o poder amplificador das mensagens em televisão”, mas reconheceu o papel das novas tecnologias que “ estão a trazer alterações estruturais na organização, na utilização e na função social dos media tradicionais”. Para o PAN o seu crescimento progressivo não esteve “alicerçado na cobertura mediática que lhe foi atribuída”, tendo surgido após as eleições europeias, quando “se verificou um maior interesse na atividade e nas posições de um partido que já estava na Assembleia da República desde 2015”.

Assim, os debates serão, para o PAN, uma forma de expor o “trabalho feito”, as propostas, as ideias, mas também, em paralelo, ajudar a “esclarecer uma série de dúvidas e de mitos sobre o partido”. No entanto, o PAN destacou que “vai continuar a apostar no contacto de proximidade com as pessoas nas ruas e nas redes sociais”. Dito de outra forma: “Um formato de contacto com as pessoas, não se pode substituir ao outro”.

Os socialistas não responderam em tempo útil ao i.

Os próximos debates televisivos

Debates nas televisões:

• 5 de set: Rui Rio/Assunção Cristas - SIC

• 6 de setembro: António Costa/Catarina Martins - RTP1

• 7 de set: Catarina Martins/André Silva - SIC Notícias

• 9 de set: Rui Rio/André Silva - RTP1

• 11 de set: António Costa/André Silva - SIC

• 12 de set: Rui Rio/Jerónimo de Sousa - RTP1

• 13 de set: António Costa/Assunção Cristas - TVI

• 14 de set: Assunção Cristas/André Silva - RTP3

• 15 de set: Rui Rio/Catarina Martins - TVI

• 16 de set: António Costa/Rui Rio - simultâneo na RTP1/SIC/TVI

• 23 de set: Debate com todos - RTP

• 30 de set: Debate com todos os partidos sem assento parlamentar - RTP1/RTP3

Debates nas rádios:

• 18 de set: Debate com todos - RR, RDP, TSF

• 23 de set: Antonio Costa/Rui Rio - Antena1, RR, TSF

Mais de 1 milhão assistiu a debate

Foram mais de um milhão os portugueses que assistiram ao primeiro debate televisivo desta campanha eleitoral. De acordo com o grupo Impresa, o debate entre António Costa e Jerónimo de Sousa, que decorreu na passada segunda-feira e foi transmitido nos canais SIC/SIC Notícias contou com 1,1 milhões de telespetadores. O segundo duelo, entre Catarina Martins e Assunção Cristas, que decorreu na terça-feira e foi transmitido pela RTP/RTP3 contou com uma audiência de 165 mil telespetadores, disse a televisão pública.

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