O Cachimbo de Magritte: Ironias

24-01-2012
marcar artigo


Uma ironia pode ser voluntária ou involuntária.Manuela Ferreira Leite recorreu, conscientemente, à ironia. Foi voluntariamente irónica. Mais precisamente, foi sardónica. Mas, para que uma ironia seja entendida como tal, é preciso que haja discernimento do outro lado. O auditório tem que se aperceber da incongruência, ou mesmo contraposição, entre o valor facial do que é dito e aquilo que se quer realmente dizer. O que se quer dizer (o "subentendido") é denunciado, revelado, precisamente pelo seu contrário. Só que, repito, para se ver essa relação oblíqua, inversamente especular, é preciso discernimento. O que parece faltar a muito boa gente.Há ainda o caso daqueles que fingem não ter compreendido a ironia, para atacarem o ironista pelo valor facial do que disse. Ou os que manipulam descaradamente, omitindo as cadências próprias de um discurso falado - como aqui.E ainda há aqueles de que não se consegue perceber se lhes falta o discernimento - falta-lhes a vergonha, certamente.Mas, hoje, não sei se alguém terá reparado, para além de Manuela Ferreira Leite, houve outro ironista: Alberto Martins. Sim, o líder parlamentar do PS também praticou a ironia. Só que involuntariamente.Deixemos por agora de lado as suas insinuações... indigentes do 'silêncio cúmplice de Ferreira Leite sobre o BPN' ou das 'suas declarações xenófobas sobre Cabo-verdianos e Ucranianos' (por si, já uma manipulação e descontextualização reles). É que toda aquela lengalenga beata do contrito Alberto Martins sobre a democracia, a ausência de liberdade, a cultura autoritária, dita pela sua boca, redunda, afinal, numa ironia involuntária - basta pensarmos no estilo inacreditavelmente arrogante e façanhudo do seu chefe (Sócrates é cada vez mais um chefe e não um secretário-geral) para com qualquer veleidade opositora que lhe contrarie aquele salvífico impulso "reformador". Esses que andam para aí a rasgar as vestes não cabendo em si de escândalo, têm, assim o queiram, muito com que se ocupar no modus operandi do primeiro-ministro. Mas, já se sabe, dar golpes baixos é mais fácil. E dá jeito.Seja como for, hoje, Manuela Ferreira Leite, ao usar de ironia, partiu do princípio que os Portugueses são inteligentes; Alberto Martins, ao manipulá-la ou não tê-la percebido, chamou aos Portugueses estúpidos.


Uma ironia pode ser voluntária ou involuntária.Manuela Ferreira Leite recorreu, conscientemente, à ironia. Foi voluntariamente irónica. Mais precisamente, foi sardónica. Mas, para que uma ironia seja entendida como tal, é preciso que haja discernimento do outro lado. O auditório tem que se aperceber da incongruência, ou mesmo contraposição, entre o valor facial do que é dito e aquilo que se quer realmente dizer. O que se quer dizer (o "subentendido") é denunciado, revelado, precisamente pelo seu contrário. Só que, repito, para se ver essa relação oblíqua, inversamente especular, é preciso discernimento. O que parece faltar a muito boa gente.Há ainda o caso daqueles que fingem não ter compreendido a ironia, para atacarem o ironista pelo valor facial do que disse. Ou os que manipulam descaradamente, omitindo as cadências próprias de um discurso falado - como aqui.E ainda há aqueles de que não se consegue perceber se lhes falta o discernimento - falta-lhes a vergonha, certamente.Mas, hoje, não sei se alguém terá reparado, para além de Manuela Ferreira Leite, houve outro ironista: Alberto Martins. Sim, o líder parlamentar do PS também praticou a ironia. Só que involuntariamente.Deixemos por agora de lado as suas insinuações... indigentes do 'silêncio cúmplice de Ferreira Leite sobre o BPN' ou das 'suas declarações xenófobas sobre Cabo-verdianos e Ucranianos' (por si, já uma manipulação e descontextualização reles). É que toda aquela lengalenga beata do contrito Alberto Martins sobre a democracia, a ausência de liberdade, a cultura autoritária, dita pela sua boca, redunda, afinal, numa ironia involuntária - basta pensarmos no estilo inacreditavelmente arrogante e façanhudo do seu chefe (Sócrates é cada vez mais um chefe e não um secretário-geral) para com qualquer veleidade opositora que lhe contrarie aquele salvífico impulso "reformador". Esses que andam para aí a rasgar as vestes não cabendo em si de escândalo, têm, assim o queiram, muito com que se ocupar no modus operandi do primeiro-ministro. Mas, já se sabe, dar golpes baixos é mais fácil. E dá jeito.Seja como for, hoje, Manuela Ferreira Leite, ao usar de ironia, partiu do princípio que os Portugueses são inteligentes; Alberto Martins, ao manipulá-la ou não tê-la percebido, chamou aos Portugueses estúpidos.

marcar artigo