Livro sobre ExxonMobil vence FT/Goldman Sachs

11-10-2013
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"Melhor livro de economia do ano" é sobre uma empresa. as biografias, as emoções e "o que o dinheiro não pode comprar" são outros destaques.

"Private Empire - ExxonMobil e o poder americano", de Steve Coll, é o grande vencedor do prémio "Best Business Book of the Year", atribuído pelo jornal britânico Financial Times e pela Goldman Sachs.

Nesta obra, de 700 páginas, Steve Coll apresenta uma autêntica biografia de uma companhia. ExxonMobil é apresentada como a empresa que está "em todas". Com uma escrita muito fluída, Coll, que é autor de "Ghost Wars" e "The Bin Ladens", prova uma vez mais a sua arte para a investigação.

O autor inicia a obra relatando o acidente do petroleiro "Exxon Valdez". Percorre "litros" de histórias e mostra o poder da ExxonMobil em vários pontos do globo. Nomeadamente em Washigton DC. Acaba, como começa, relatando casos polémicos.

Na oitava edição deste prémio, que foi entregue no passado dia 2 de Novembro, em Nova Iorque, as outras cinco obras seleccionadas foram "The Hour Between Dog and Wolf: Risk-taking, Gut Feelings and the Biology of Boom and Bust", de John M. Coates; "Steve Jobs: The Exclusive Biography", de Walter Isaacson, que tem edição em Portugal, pela editora Objectiva; "Volcker: The Triumph of Persistence", de William L. Silber; "What Money Can't Buy: The Moral Limits Of Markets", de Michael J. Sandel; "Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity and Poverty", de Daron Acemoglu e James A. Robinson.

Segundo declarações de Lionel Barber, editor do Financial Times, esta é a lista mais forte deste prémio, em termos de qualidade, desde que o mesmo foi lançado (em 2005).

Nesta edição, de destacar o facto de existirem na 'shortlist' duas biografias de peso: a de Steve Jobs e a de Volcker. Esta última constitui uma boa leitura para quem quer entender a dinâmica entre as políticas fiscal e monetária. Paul A. Volcker foi presidente da Reserva Federal americana de 1979 a 1987. Foi ainda presidente do conselho de recuperação económica norte-americano entre 2009 e 2011.

Não menos importante, de destacar também - e à semelhança do que aconteceu nas três últimas edições - a importância que está a ser dada no mercado editorial, em geral, e no económico, em particular, ao factor humano. O impacto da variável H ( Humana) na equação económica nunca foi tão valorizado.

Prova disso é o fantástico livro "The Hour between Dog and Wolf", de John Coates, que mostra como a biologia humana pode - e deve - ser aplicada ao sistema económico. Por exemplo, qual a relação entre a testosterona, o sucesso e medo do risco? Tudo questões pertinentes e muito curiosas. Outro título bastante interessante é "What Money Can´t Buy", de Michael Sandel.

Em suma: livros e mais livros sobre temas económicos, que mostram como a ciência económica está a ser alargada.

Nota: Este texto foi publicado na "Ideias em Estante".

Leia aqui os restantes destaques desta rubrica:

TRÊS PERGUNTAS A...GIANLUIGI NUZZI

"A igreja tem um papel fundamental"

Gianluigui Nuzzi, jornalista e autor de "Sua Santidade" ( Bertrand), está hoje em Lisboa. Leia as três questões colocadas ao autor do livro "que levou o mordomo de Bento XVI a tribunal."

"VatiLeaks": qual é a importância deste escândalo e qual o impacto que teve no pontificado de Bento XVI e na imagem do Vaticano?

Pela primeira vez podemos conhecer as relações entre o Vaticano e os outros Estados, os escândalos, os conflitos e as conspirações que se desenrolam nos palácios sagrados, a posição de Bento XVI perante questões atormentadas, tais como os Legionários de Cristo, os lefebvrianos e a Shoah, graças aos próprios documentos do Vaticano, muitos dos quais foram assinados ou revistos pelo Papa. É uma história sem antecedentes e foi por isso que levantou tantas polémicas. A imagem da Cúria Romana sai enfraquecida pelos conflitos, interesses e pela busca do poder. Sobretudo, destaca-se de forma forte e documentada a distância entre a Igreja dos católicos e a Igreja do poder do Vaticano.

Como vê a transformação da Igreja?

Julgo que Bento XVI ficou entrincheirado nos seus gabinetes, na sua visão dogmática da Fé, embora tenha levado a cabo a revolução purificadora que até os críticos lhe atribuem. A transformação da Igreja dos palácios sagrados em palácios de cristal é lenta mas inexorável. Viu-se bem nas Finanças: outrora havia o IOR, o banco dos segredos de Wojtyla, o único banco presente no Vaticano, com balancete, atividades e titulares de contas completamente secretos. Hoje em dia existem iniciativas destinadas a alcançar a transparência e a evitar situações de lavagem de dinheiro. Ainda é cedo para se saber se o Bem triunfará, ou o Mal.

Na sua opinião, qual é o papel da Igreja - e da Fé - no mundo ocidental em crise?

A Igreja tem um papel fundamental que porém, inevitavelmente, vai enfraquecendo. A própria Igreja vive uma crise: as vocações diminuem, as oferendas reduzem-se. Tal como relato no livro, tem razão o antigo Presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi quando observa, em alguns relatórios secretos, que os países católicos ricos estão numa crise profunda em prol de países como China e Índia, ainda por evangelizar.

• Consulte aqui a notícia publicada na edição impressa do Diário Económico

• Conheça também o TOP Económico no blogue da autora Mafalda de Avelar

"Melhor livro de economia do ano" é sobre uma empresa. as biografias, as emoções e "o que o dinheiro não pode comprar" são outros destaques.

"Private Empire - ExxonMobil e o poder americano", de Steve Coll, é o grande vencedor do prémio "Best Business Book of the Year", atribuído pelo jornal britânico Financial Times e pela Goldman Sachs.

Nesta obra, de 700 páginas, Steve Coll apresenta uma autêntica biografia de uma companhia. ExxonMobil é apresentada como a empresa que está "em todas". Com uma escrita muito fluída, Coll, que é autor de "Ghost Wars" e "The Bin Ladens", prova uma vez mais a sua arte para a investigação.

O autor inicia a obra relatando o acidente do petroleiro "Exxon Valdez". Percorre "litros" de histórias e mostra o poder da ExxonMobil em vários pontos do globo. Nomeadamente em Washigton DC. Acaba, como começa, relatando casos polémicos.

Na oitava edição deste prémio, que foi entregue no passado dia 2 de Novembro, em Nova Iorque, as outras cinco obras seleccionadas foram "The Hour Between Dog and Wolf: Risk-taking, Gut Feelings and the Biology of Boom and Bust", de John M. Coates; "Steve Jobs: The Exclusive Biography", de Walter Isaacson, que tem edição em Portugal, pela editora Objectiva; "Volcker: The Triumph of Persistence", de William L. Silber; "What Money Can't Buy: The Moral Limits Of Markets", de Michael J. Sandel; "Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity and Poverty", de Daron Acemoglu e James A. Robinson.

Segundo declarações de Lionel Barber, editor do Financial Times, esta é a lista mais forte deste prémio, em termos de qualidade, desde que o mesmo foi lançado (em 2005).

Nesta edição, de destacar o facto de existirem na 'shortlist' duas biografias de peso: a de Steve Jobs e a de Volcker. Esta última constitui uma boa leitura para quem quer entender a dinâmica entre as políticas fiscal e monetária. Paul A. Volcker foi presidente da Reserva Federal americana de 1979 a 1987. Foi ainda presidente do conselho de recuperação económica norte-americano entre 2009 e 2011.

Não menos importante, de destacar também - e à semelhança do que aconteceu nas três últimas edições - a importância que está a ser dada no mercado editorial, em geral, e no económico, em particular, ao factor humano. O impacto da variável H ( Humana) na equação económica nunca foi tão valorizado.

Prova disso é o fantástico livro "The Hour between Dog and Wolf", de John Coates, que mostra como a biologia humana pode - e deve - ser aplicada ao sistema económico. Por exemplo, qual a relação entre a testosterona, o sucesso e medo do risco? Tudo questões pertinentes e muito curiosas. Outro título bastante interessante é "What Money Can´t Buy", de Michael Sandel.

Em suma: livros e mais livros sobre temas económicos, que mostram como a ciência económica está a ser alargada.

Nota: Este texto foi publicado na "Ideias em Estante".

Leia aqui os restantes destaques desta rubrica:

TRÊS PERGUNTAS A...GIANLUIGI NUZZI

"A igreja tem um papel fundamental"

Gianluigui Nuzzi, jornalista e autor de "Sua Santidade" ( Bertrand), está hoje em Lisboa. Leia as três questões colocadas ao autor do livro "que levou o mordomo de Bento XVI a tribunal."

"VatiLeaks": qual é a importância deste escândalo e qual o impacto que teve no pontificado de Bento XVI e na imagem do Vaticano?

Pela primeira vez podemos conhecer as relações entre o Vaticano e os outros Estados, os escândalos, os conflitos e as conspirações que se desenrolam nos palácios sagrados, a posição de Bento XVI perante questões atormentadas, tais como os Legionários de Cristo, os lefebvrianos e a Shoah, graças aos próprios documentos do Vaticano, muitos dos quais foram assinados ou revistos pelo Papa. É uma história sem antecedentes e foi por isso que levantou tantas polémicas. A imagem da Cúria Romana sai enfraquecida pelos conflitos, interesses e pela busca do poder. Sobretudo, destaca-se de forma forte e documentada a distância entre a Igreja dos católicos e a Igreja do poder do Vaticano.

Como vê a transformação da Igreja?

Julgo que Bento XVI ficou entrincheirado nos seus gabinetes, na sua visão dogmática da Fé, embora tenha levado a cabo a revolução purificadora que até os críticos lhe atribuem. A transformação da Igreja dos palácios sagrados em palácios de cristal é lenta mas inexorável. Viu-se bem nas Finanças: outrora havia o IOR, o banco dos segredos de Wojtyla, o único banco presente no Vaticano, com balancete, atividades e titulares de contas completamente secretos. Hoje em dia existem iniciativas destinadas a alcançar a transparência e a evitar situações de lavagem de dinheiro. Ainda é cedo para se saber se o Bem triunfará, ou o Mal.

Na sua opinião, qual é o papel da Igreja - e da Fé - no mundo ocidental em crise?

A Igreja tem um papel fundamental que porém, inevitavelmente, vai enfraquecendo. A própria Igreja vive uma crise: as vocações diminuem, as oferendas reduzem-se. Tal como relato no livro, tem razão o antigo Presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi quando observa, em alguns relatórios secretos, que os países católicos ricos estão numa crise profunda em prol de países como China e Índia, ainda por evangelizar.

• Consulte aqui a notícia publicada na edição impressa do Diário Económico

• Conheça também o TOP Económico no blogue da autora Mafalda de Avelar

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