A Torre de Babel: Jogo quase infantil

30-06-2011
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É como o Público qualifica o mais recente episódio envolvendo este governo e os Órgãos Judiciários.Só não percebo o "quase". O que é que falta? Estultícia há em barda, com uma parte a querer demitir-se e a outra a por-se em bicos dos pés, a adiar reuniões - dando disso publicamente conta pelos órgãos de comunicação social -, tudo para dizer o senhor não se demite, é demitido.E depois surgem outras considerações... Embora a reunião tenha durado 15 minutos, passados dez já o ministério "fazia chegar às redacções, por mail, um despacho onde o Governo comunicava a demissão. Três minutos decorridos e um outro mail, com a mesma proveniência, indicava o sucessor de Santos Cabral: Alípio Ribeiro, procurador-geral distrital do Porto." É o modo de resolução de diferendos típico da pequenada. Se eu digo primeiro, eu tenho razão. Tudo se resume a uma questão de velocidade. E com o Director Nacional da PJ (agora ex) sequestrado numa reunião, não havia como não ser o mais rápido.Mas parece que nesse jogo o ex-Director Nacional tinha um último trunfo pois "antes de qualquer conversa [na reunião], entregara uma carta a Alberto Costa onde oficializava a sua saída".Se o Director Nacional foi demitido ou se apresentou pedido de demissão - magna questio que assola já a Internet - a verdade é que a disputa que se segue é a de saber se a restante direcção acompanha o Director Nacional (mais uma ratio pueril - se não te acompanham é porque não tens razão; e o governo tem sempre, sempre razão porque o acompanha uma maioria absoluta).O Diário de Governo, perdão, Notícias, é inequívoco em afirmar, nas gordas, que "Santos Cabral sai sozinho da Polícia Judiciária". Lendo o artigo descobre-se que " Até à hora de fecho desta edição, estavam confirmadas as reconduções de Baltazar Pinto (director nacional adjunto), José Braz (director do departamento de combate ao tráfico de droga), Pedro Carmo (directoria de Coimbra) e Vítor Guimarães (directoria do Porto). Apenas o director para o combate ao crime económico, José Mouraz Lopes, acompanhou o pedido de demissão de Santos Cabral e foi aceite pelo ministro". Há portanto 5 membros da Direcção Nacional [o Público adita o nome de Teófilo Santiago] que vão ser reconduzidos. Ora, tanto quanto sei, Directores Nacionais Adjuntos existem 10. Sub-Directores Nacionais Adjuntos nem sei quantos há.Há ainda questões de tempo e decoro a tratar. Diz-se que "Segundo uma fonte oficial, não identificada pela Lusa, o novo director-nacional convidou para a sua equipa Teófilo Santiago, actual chefe da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) e José Alberto Braz, responsável da Direcção Central de Investigação ao Trafico de Estupefacientes (DCITE). Também os directores regionais da PJ de Coimbra e do Porto, Pedro do Carmo e Vitor Guimarães, respectivamente, deverão continuar em funções".E o DN afirma que as reconduções estavam confirmadas até ao fecho da edição de hoje (ver supra).Eu gostava era de saber quando é que esses convites foram feitos... e já agora se se confirma por quem foram feitos.Analisada a linha temporal muito dificilmente se configura uma hipótese em que aos reconduzidos não teria sido comunicada a intenção do ministério antes de o ser ao visado. Se assim sucedeu, shame on you.Um último ponto. O DN termina a notícia da seguinte forma:"Escutas "contidas"O DN contactou ontem Alípio Ribeiro, mas o magistrado escusou-se a comentar a sua nomeação. Certo é que a sua entrada para a Polícia Judiciária poderá levar à alteração de algumas práticas quanto às escutas telefónicas. Aquando da tomada de posse como Procurador distrital do Porto, Alípio Ribeiro, a 29 de Abril de 2005, fez um discurso muito crítico sobre as escutas. Disse que a sua utilização deve ser "contida" e que estava a verificar-se "que intercepções, em crimes de significativo relevo social, estão viciadas pela violação grosseira dos dispositivos legais". "Tal como o Irreflexões espero que o episódio não tenha nada a ver com nada. Ou melhor, que não passe de um jogo infantil e infeliz, o que, só por si, já é suficientemente mau.

É como o Público qualifica o mais recente episódio envolvendo este governo e os Órgãos Judiciários.Só não percebo o "quase". O que é que falta? Estultícia há em barda, com uma parte a querer demitir-se e a outra a por-se em bicos dos pés, a adiar reuniões - dando disso publicamente conta pelos órgãos de comunicação social -, tudo para dizer o senhor não se demite, é demitido.E depois surgem outras considerações... Embora a reunião tenha durado 15 minutos, passados dez já o ministério "fazia chegar às redacções, por mail, um despacho onde o Governo comunicava a demissão. Três minutos decorridos e um outro mail, com a mesma proveniência, indicava o sucessor de Santos Cabral: Alípio Ribeiro, procurador-geral distrital do Porto." É o modo de resolução de diferendos típico da pequenada. Se eu digo primeiro, eu tenho razão. Tudo se resume a uma questão de velocidade. E com o Director Nacional da PJ (agora ex) sequestrado numa reunião, não havia como não ser o mais rápido.Mas parece que nesse jogo o ex-Director Nacional tinha um último trunfo pois "antes de qualquer conversa [na reunião], entregara uma carta a Alberto Costa onde oficializava a sua saída".Se o Director Nacional foi demitido ou se apresentou pedido de demissão - magna questio que assola já a Internet - a verdade é que a disputa que se segue é a de saber se a restante direcção acompanha o Director Nacional (mais uma ratio pueril - se não te acompanham é porque não tens razão; e o governo tem sempre, sempre razão porque o acompanha uma maioria absoluta).O Diário de Governo, perdão, Notícias, é inequívoco em afirmar, nas gordas, que "Santos Cabral sai sozinho da Polícia Judiciária". Lendo o artigo descobre-se que " Até à hora de fecho desta edição, estavam confirmadas as reconduções de Baltazar Pinto (director nacional adjunto), José Braz (director do departamento de combate ao tráfico de droga), Pedro Carmo (directoria de Coimbra) e Vítor Guimarães (directoria do Porto). Apenas o director para o combate ao crime económico, José Mouraz Lopes, acompanhou o pedido de demissão de Santos Cabral e foi aceite pelo ministro". Há portanto 5 membros da Direcção Nacional [o Público adita o nome de Teófilo Santiago] que vão ser reconduzidos. Ora, tanto quanto sei, Directores Nacionais Adjuntos existem 10. Sub-Directores Nacionais Adjuntos nem sei quantos há.Há ainda questões de tempo e decoro a tratar. Diz-se que "Segundo uma fonte oficial, não identificada pela Lusa, o novo director-nacional convidou para a sua equipa Teófilo Santiago, actual chefe da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) e José Alberto Braz, responsável da Direcção Central de Investigação ao Trafico de Estupefacientes (DCITE). Também os directores regionais da PJ de Coimbra e do Porto, Pedro do Carmo e Vitor Guimarães, respectivamente, deverão continuar em funções".E o DN afirma que as reconduções estavam confirmadas até ao fecho da edição de hoje (ver supra).Eu gostava era de saber quando é que esses convites foram feitos... e já agora se se confirma por quem foram feitos.Analisada a linha temporal muito dificilmente se configura uma hipótese em que aos reconduzidos não teria sido comunicada a intenção do ministério antes de o ser ao visado. Se assim sucedeu, shame on you.Um último ponto. O DN termina a notícia da seguinte forma:"Escutas "contidas"O DN contactou ontem Alípio Ribeiro, mas o magistrado escusou-se a comentar a sua nomeação. Certo é que a sua entrada para a Polícia Judiciária poderá levar à alteração de algumas práticas quanto às escutas telefónicas. Aquando da tomada de posse como Procurador distrital do Porto, Alípio Ribeiro, a 29 de Abril de 2005, fez um discurso muito crítico sobre as escutas. Disse que a sua utilização deve ser "contida" e que estava a verificar-se "que intercepções, em crimes de significativo relevo social, estão viciadas pela violação grosseira dos dispositivos legais". "Tal como o Irreflexões espero que o episódio não tenha nada a ver com nada. Ou melhor, que não passe de um jogo infantil e infeliz, o que, só por si, já é suficientemente mau.

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