Por que disparam BES e BPI enquanto BCP toca mínimo histórico

13-09-2014
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Por que disparam BES e BPI enquanto BCP toca mínimo histórico

Alberto Teixeira e Eudora Ribeiro

05 Jun 2012

BCP nunca valeu tão pouco. BES dispara 12%. BPI sobe há seis dias. Analistas explicam ao Económico o que vai na mente dos investidores.

O BCP já teve melhores dias em bolsa. O anúncio de ontem sobre plano de recapitalização está a arrastar os títulos do banco para mínimos de sempre. Hoje os títulos derraparam mais de 7% abaixo dos 9 cêntimos. Pior do que isto são as perspectivas que circulam no mercado. Este mínimo - o valor oficial é 0,087 euros -, poderá ser renovado nos próximos dias, dizem os analistas. É que, além do pedido de 3.000 milhões de euros à linha estatal, o BCP vai também chamar os accionistas "descapitalizados" para subscreverem um aumento de capital de 500 milhões. Isso vai implicar um forte desconto sobre as acções que já recuam mais de 30% este ano.

"Muitos accionistas estão já a antecipar um aumento de capital de 6 cêntimos/acção e estão já a vender a um preço baixo face a esse cenário", explica Pedro Lino, da Dif Broker, ao Económico. "O BCP é o banco que tem a estrutura accionista mais fragilizada, mais descapitalizada. E o Estado como subscritor de último recurso está a pressionar. O banco vale actualmente 650 milhões de euros em capitalização bolsistas. Já vale pouco. O aumento de capital é de 500 milhões...", acrescenta o ‘trader'.

Em termos de liquidez, o dia de hoje foi muito semelhante ao da média diária de 2011, o pior ano de sempre para o banco agora liderado por Nuno Amado. Só na sessão de hoje foram negociados mais de 67 milhões de papéis.

"Em primeiro lugar tivemos uma surpresa muito negativa por parte do BCP sobre o pedido ao Estado. Depois será manifestamente complicado para o banco pagar o que pediu. Isso irá reflectir-se nas suas contas", disse por seu turno Duarte Caldas, analista da IG Markets.

BES e BPI recuperam terreno

O BPI é um caso diferente. E os analistas ressalvam isso mesmo. O plano de recapitalização não trouxe grandes surpresas, diz Duarte Caldas. Os accionistas de referência do banco já deixaram indicações de que o aumento de capital de 200 milhões será subscrito totalmente, sublinha Pedro Lino. Reacção: títulos voltaram hoje a subir 4,47% para 0,421 euros, avaliando o banco liderando por Fernando Ullrich em 410 milhões de euros.

Do lado ainda mais positivo, as acções do BES dispararam 12,12% até aos 0,518 euros, o melhor desempenho desde Fevereiro. Foi a melhor prestação no PSI 20 e também no sector europeu, que avançou hoje menos de 1%.

Ao Económico, Pedro Pintassilgo, da F&C Investments, explicou que a confirmação de que o BES não vai recorrer à linha de recapitalização do Estado "faz alguma diferença, no sentido de que o BES já concluiu o seu aumento de capital e foi o primeiro banco português a capitalizar-se para cumprir a meta de 10% imposta para o rácio core Tier 1, em Junho". O gestor de fundos sublinhou ainda que "o BES apresenta-se já capitalizado e sem a intervenção do Estado. Tendo sido um banco que na fase pós-aumento de capital reduziu bastante a sua cotação, está a fazer agora uma recuperação. Parece-me um ajustamento normal de mercado".

Também Pedro Lino, da Dif Broker, considera que a confirmação de que o BES não vai recorrer à ajuda do Estado foi o 'driver' na sessão de hoje. "Já não precisa de mais capital. A acompanhar isto está a recuperação em bolsa da banca espanhola. Ontem subiu e hoje continua a recuperar. O BES está a seguir a tendência europeia", referiu.

Com um entendimento diferente, Karsten Sommer, analista do Millennium BCP, considera que "não há explicação" para a forte subida de hoje registada pelo BES. "Isto é inexplicável. Só consigo atribuir esta evolução ao facto de poderem estar dois ou três compradores bastante agressivos no mercado" a comprar acções do BES, referiu, acrescentando que o facto de o BES não recorrer à linha de recapitalização do Estado "não é nada de novo".

No total, foram negociadas 17,7 milhões de acções do banco liderado por Ricardo Salgado, acima da média diária dos últimos 12 meses, de 8,6 milhões.

Sobre o BES, Duarte Caldas frisou que "o mercado está a reagir positivamente aos comentários e notas de research que seguiram após os anúncios dos planos e não faz sentido que o BES continue a ser tão penalizado como os outros quando já tem as necessidades de capital satisfeitas". O analista considera que houve também "um fecho de posições curtas" no banco liderado por Ricardo Salgado. "Faz sentido que o BES esteja em recuperação técnica face às boas notícias de que não vai recorrer à linha estatal. Mas acho que não passa disso mesmo. Não vejo que seja uma mudança de tendência", concluiu.

Com os desempenhos de hoje, o BCP agrava as perdas este ano para 35%. BES e BPI perdem 35 e 12%, respectivamente.

Por que disparam BES e BPI enquanto BCP toca mínimo histórico

Alberto Teixeira e Eudora Ribeiro

05 Jun 2012

BCP nunca valeu tão pouco. BES dispara 12%. BPI sobe há seis dias. Analistas explicam ao Económico o que vai na mente dos investidores.

O BCP já teve melhores dias em bolsa. O anúncio de ontem sobre plano de recapitalização está a arrastar os títulos do banco para mínimos de sempre. Hoje os títulos derraparam mais de 7% abaixo dos 9 cêntimos. Pior do que isto são as perspectivas que circulam no mercado. Este mínimo - o valor oficial é 0,087 euros -, poderá ser renovado nos próximos dias, dizem os analistas. É que, além do pedido de 3.000 milhões de euros à linha estatal, o BCP vai também chamar os accionistas "descapitalizados" para subscreverem um aumento de capital de 500 milhões. Isso vai implicar um forte desconto sobre as acções que já recuam mais de 30% este ano.

"Muitos accionistas estão já a antecipar um aumento de capital de 6 cêntimos/acção e estão já a vender a um preço baixo face a esse cenário", explica Pedro Lino, da Dif Broker, ao Económico. "O BCP é o banco que tem a estrutura accionista mais fragilizada, mais descapitalizada. E o Estado como subscritor de último recurso está a pressionar. O banco vale actualmente 650 milhões de euros em capitalização bolsistas. Já vale pouco. O aumento de capital é de 500 milhões...", acrescenta o ‘trader'.

Em termos de liquidez, o dia de hoje foi muito semelhante ao da média diária de 2011, o pior ano de sempre para o banco agora liderado por Nuno Amado. Só na sessão de hoje foram negociados mais de 67 milhões de papéis.

"Em primeiro lugar tivemos uma surpresa muito negativa por parte do BCP sobre o pedido ao Estado. Depois será manifestamente complicado para o banco pagar o que pediu. Isso irá reflectir-se nas suas contas", disse por seu turno Duarte Caldas, analista da IG Markets.

BES e BPI recuperam terreno

O BPI é um caso diferente. E os analistas ressalvam isso mesmo. O plano de recapitalização não trouxe grandes surpresas, diz Duarte Caldas. Os accionistas de referência do banco já deixaram indicações de que o aumento de capital de 200 milhões será subscrito totalmente, sublinha Pedro Lino. Reacção: títulos voltaram hoje a subir 4,47% para 0,421 euros, avaliando o banco liderando por Fernando Ullrich em 410 milhões de euros.

Do lado ainda mais positivo, as acções do BES dispararam 12,12% até aos 0,518 euros, o melhor desempenho desde Fevereiro. Foi a melhor prestação no PSI 20 e também no sector europeu, que avançou hoje menos de 1%.

Ao Económico, Pedro Pintassilgo, da F&C Investments, explicou que a confirmação de que o BES não vai recorrer à linha de recapitalização do Estado "faz alguma diferença, no sentido de que o BES já concluiu o seu aumento de capital e foi o primeiro banco português a capitalizar-se para cumprir a meta de 10% imposta para o rácio core Tier 1, em Junho". O gestor de fundos sublinhou ainda que "o BES apresenta-se já capitalizado e sem a intervenção do Estado. Tendo sido um banco que na fase pós-aumento de capital reduziu bastante a sua cotação, está a fazer agora uma recuperação. Parece-me um ajustamento normal de mercado".

Também Pedro Lino, da Dif Broker, considera que a confirmação de que o BES não vai recorrer à ajuda do Estado foi o 'driver' na sessão de hoje. "Já não precisa de mais capital. A acompanhar isto está a recuperação em bolsa da banca espanhola. Ontem subiu e hoje continua a recuperar. O BES está a seguir a tendência europeia", referiu.

Com um entendimento diferente, Karsten Sommer, analista do Millennium BCP, considera que "não há explicação" para a forte subida de hoje registada pelo BES. "Isto é inexplicável. Só consigo atribuir esta evolução ao facto de poderem estar dois ou três compradores bastante agressivos no mercado" a comprar acções do BES, referiu, acrescentando que o facto de o BES não recorrer à linha de recapitalização do Estado "não é nada de novo".

No total, foram negociadas 17,7 milhões de acções do banco liderado por Ricardo Salgado, acima da média diária dos últimos 12 meses, de 8,6 milhões.

Sobre o BES, Duarte Caldas frisou que "o mercado está a reagir positivamente aos comentários e notas de research que seguiram após os anúncios dos planos e não faz sentido que o BES continue a ser tão penalizado como os outros quando já tem as necessidades de capital satisfeitas". O analista considera que houve também "um fecho de posições curtas" no banco liderado por Ricardo Salgado. "Faz sentido que o BES esteja em recuperação técnica face às boas notícias de que não vai recorrer à linha estatal. Mas acho que não passa disso mesmo. Não vejo que seja uma mudança de tendência", concluiu.

Com os desempenhos de hoje, o BCP agrava as perdas este ano para 35%. BES e BPI perdem 35 e 12%, respectivamente.

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