Lagarde: "Farei a dança do ventre se for preciso"
Económico
17:33
Directora do Fundo Monetário Internacional (FMI) pede maior poder para os mercados emergentes como a China e Índia no seio da instituição. E diz que fará a dança do ventre se for preciso para levar a cabo mudanças na instituição.
"Foram momentos muito bizarros" aqueles que viveu quando entrou para o FMI devido ao escândalo, lembra a francesa Christine Lagarde, directora do FMI, ao Financial Times. Mas "esse [escândalo] terminou. Ninguém fala nisso agora", diz numa altura em que tenta reorganizar a instituição após a saída de Dominique Strauss-Kahn em 2011, após ter sido detido em Nova Iorque por ter alegadamente violado uma empresa de hotal.
"Como a maioria dos programa do FMI, diria que muitos progresso foram feitos - mas ainda há muito a fazer!" na instituição", revelou Lagarde que admitiu que o facto de ser mulher ajudou-a ser eleita presidente do FMI. "Até porque seria difícil atribuir o cargo a outro homem francês [depois do escândalo]", considera.
Nos primeiros meses em Washington, o seu objectivo foi recuperar a confiança no Fundo. Uma situação semelhante à que viveu em 1999, quando se tornou chairman da Baker & McKenzie, a maior sociedade de advogados do mundo. "Fui eleita quando a companhia estava completamente desorganizada. Mas as mulheres acabam muitas vezes por assumir a liderança quando as coisas correm mal. Basta pensar na Islândia ou África Central. Ou olhar para o Japão".
Com a instituição em reorganização, Lagarde quer dar maior protagonismo às economias emergentes, não ocidentais. "A sub representação de países como a China e outros mercados emergentes não está correcta. Não está correcta!". Por isso diz que até fará "a dança do ventre se for preciso" para levar adiante algumas mudanças no FMI.
"Com o tempo, o G8 vai ter de alargar-se... e começas a pensar, "Por que é que não se inclui a Índia e China?", e rapidamente vês que a actual configuração do G20 inclui países que não são tão importantes para a estabilidade mundial", defendeu.
"Depois há a questão de como melhorar a nossa coordenação com os principais bancos centrais mundiais. Eles encontram-se entre eles. Eles jogam com as suas próprias regras, são muito fechados e secretos. Mas temos de arranjar forma de melhor coordenação".
Sobre a fragmentação do sistema político em vários pontos na Europa, Lagarde manifesta-se preocupada. "O que estamos a ver com estes regionalismos, com os escoceses a querem seguir a sua vida, é que estamos a ir na direcção de menor globalização. Não é claro se esta tendência deverá vencer. Estou preocupada. Muito preocupada. Não quero que os meus filhos e netos cresçam num mundo desagregado e fragmentado. A situação na Ucrânia e Rússia é muito interessante. Espero só que a situação demonstre que a integração económica e interdependência serve para evitar maior isolamento e nacionalismo territorial".
Lagarde: "Farei a dança do ventre se for preciso"
Económico
17:33
Directora do Fundo Monetário Internacional (FMI) pede maior poder para os mercados emergentes como a China e Índia no seio da instituição. E diz que fará a dança do ventre se for preciso para levar a cabo mudanças na instituição.
"Foram momentos muito bizarros" aqueles que viveu quando entrou para o FMI devido ao escândalo, lembra a francesa Christine Lagarde, directora do FMI, ao Financial Times. Mas "esse [escândalo] terminou. Ninguém fala nisso agora", diz numa altura em que tenta reorganizar a instituição após a saída de Dominique Strauss-Kahn em 2011, após ter sido detido em Nova Iorque por ter alegadamente violado uma empresa de hotal.
"Como a maioria dos programa do FMI, diria que muitos progresso foram feitos - mas ainda há muito a fazer!" na instituição", revelou Lagarde que admitiu que o facto de ser mulher ajudou-a ser eleita presidente do FMI. "Até porque seria difícil atribuir o cargo a outro homem francês [depois do escândalo]", considera.
Nos primeiros meses em Washington, o seu objectivo foi recuperar a confiança no Fundo. Uma situação semelhante à que viveu em 1999, quando se tornou chairman da Baker & McKenzie, a maior sociedade de advogados do mundo. "Fui eleita quando a companhia estava completamente desorganizada. Mas as mulheres acabam muitas vezes por assumir a liderança quando as coisas correm mal. Basta pensar na Islândia ou África Central. Ou olhar para o Japão".
Com a instituição em reorganização, Lagarde quer dar maior protagonismo às economias emergentes, não ocidentais. "A sub representação de países como a China e outros mercados emergentes não está correcta. Não está correcta!". Por isso diz que até fará "a dança do ventre se for preciso" para levar adiante algumas mudanças no FMI.
"Com o tempo, o G8 vai ter de alargar-se... e começas a pensar, "Por que é que não se inclui a Índia e China?", e rapidamente vês que a actual configuração do G20 inclui países que não são tão importantes para a estabilidade mundial", defendeu.
"Depois há a questão de como melhorar a nossa coordenação com os principais bancos centrais mundiais. Eles encontram-se entre eles. Eles jogam com as suas próprias regras, são muito fechados e secretos. Mas temos de arranjar forma de melhor coordenação".
Sobre a fragmentação do sistema político em vários pontos na Europa, Lagarde manifesta-se preocupada. "O que estamos a ver com estes regionalismos, com os escoceses a querem seguir a sua vida, é que estamos a ir na direcção de menor globalização. Não é claro se esta tendência deverá vencer. Estou preocupada. Muito preocupada. Não quero que os meus filhos e netos cresçam num mundo desagregado e fragmentado. A situação na Ucrânia e Rússia é muito interessante. Espero só que a situação demonstre que a integração económica e interdependência serve para evitar maior isolamento e nacionalismo territorial".