Merkel lidera cimeira de urgência em Berlim para evitar 'default' da Grécia

03-06-2015
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Merkel lidera cimeira de urgência em Berlim para evitar 'default' da Grécia

Ontem 00:20

Luís Reis Pires, em Bruxelas

Líderes das instituições da troika estão reunidos com a chanceler alemã, para chegarem a um acordo político que permita concluir as negociações com Atenas.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, estão neste momento reunidos em Berlim com Angela Merkel e com o presidente francês, François Hollande, para tentarem chegar a um compromisso político que permita evitar o 'default' da Grécia na sexta-feira, dia em que Atenas tem de pagar mais 300 milhões de euros ao FMI. A informação foi avançada pela Bloomberg e já confirmada pelo Económico.
No final da semana passada, perante o arrastar do impasse nas negociações entre a Grécia e os credores, a chanceler alemã assumiu as rédeas do processo - tal como o Económico escreveu ontem - e deu ordens para que o Eurogrupo e as instituições da troika chegassem rapidamente a um acordo político que permitisse concluir as negociações e canalizar dinheiro para Atenas, evitando um 'default' - o governo grego não terá dinheiro para pagar ao FMI na sexta. 
O encontro de Merkel com Juncker e Hollande já estava marcado, mas, perante a falta de progressos nas negociações, a chanceler convocou de emergência Draghi e Lagarde, que chegaram ao fim do dia, em segredo, a Berlim.
Lagarde é peça importante na história, porque o FMI é nesta altura um dos grandes entraves ao acordo político desejado por Merkel. É que a ideia de um compromisso pode passar por cedências gregas em muitos campos, mas deixando alguns pontos de divergência - como pensões e mercado de trabalho e até o IVA - para serem negociados ao pormenor com mais tempo, num terceiro resgate. O Fundo não entrará nesse terceiro programa de ajuda - ninguém o quer lá: nem Atenas, nem a Comissão, nem a própria Lagarde - e, por isso, quer deixar todos os pontos cruciais já fechados. Incluindo a questão do excedente orçamental primário de 4,5% do PIB, que Washington considera ser o valor necessário para garantir a sustentabilidade da dívida pública helénica - e, por isso, a forma de garantir que Atenas reembolsa todo o empréstimo do FMI.
A Comissão é já desde há bastante tempo a instituição da troika menos exigente e com maior vontade de ceder a parte dos pedidos da Grécia, para evitar a quebra da zona euro. A proposta de solução de Juncker, aliás, um documento que o presidente da Comissão terá desenhado para chegar a um compromisso e que foi parar à imprensa há algumas semanas, estará a ser nesta altura a base de trabalho para uma proposta conjunta dos líderes da troika a Atenas. A ideia é que da cimeira relâmpago saia um documento com propostas de compromisso para ser enviado ao primeiro-ministro helénico, Alexis Tsipras, exigindo-lhe uma resposta rápida.
O documento não será um ultimato, do género "pegar ou largar", mas a verdade é que Tsipras sabe que não terá nem grande tempo, nem grande margem para negociar muito mais depois disto, sublinhou ao Económico um alto cargo europeu, mostrando-se convicto numa solução até sexta-feira. 
A confirmar-se, a zona euro volta assim a repetir o passado, regressando a 2012, altura em que, à beira do abismo, depois de semanas em que o Eurogrupo foi incapaz de resolver a então iminente falência da Grécia, e após semanas de discurso duro do ministro alemão Wolfgang Schauble, Merkel tirou o tapete aos ministros das Finanças do euro e assumiu ela as rédeas de um processo que acabou com um segundo programa de ajuda a Atenas.
E se o compromisso sair desta reunião de alto nível, Tsipras consegue também algo que exige desde o início: que a situação da Grécia seja tratada e solucionada ao mais alto nível, entre os líderes das instituições e os chefes de Estado, e não ao nível técnico e do Eurogrupo.
O mesmo alto cargo europeu que aponta para uma solução até sexta-feira recusa, porém, traçar um cenário em que a proposta que está a ser discutida ceda em larga escala a Atenas. A reunião deverá prolongar-se nas próximas horas, aliás, porque o FMI tem uma palavra a dizer e insiste em fechar já temas que não serão viáveis de ser ultimados até ao final da semana.

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O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, estão neste momento reunidos em Berlim com Angela Merkel e com o presidente francês, François Hollande, para tentarem chegar a um compromisso político que permita evitar o 'default' da Grécia na sexta-feira, dia em que Atenas tem de pagar mais 300 milhões de euros ao FMI. A informação foi avançada pela Bloomberg e já confirmada pelo Económico.
No final da semana passada, perante o arrastar do impasse nas negociações entre a Grécia e os credores, a chanceler alemã assumiu as rédeas do processo - tal como o Económico escreveu ontem - e deu ordens para que o Eurogrupo e as instituições da troika chegassem rapidamente a um acordo político que permitisse concluir as negociações e canalizar dinheiro para Atenas, evitando um 'default' - o governo grego não terá dinheiro para pagar ao FMI na sexta. 
O encontro de Merkel com Juncker e Hollande já estava marcado, mas, perante a falta de progressos nas negociações, a chanceler convocou de emergência Draghi e Lagarde, que chegaram ao fim do dia, em segredo, a Berlim.
Lagarde é peça importante na história, porque o FMI é nesta altura um dos grandes entraves ao acordo político desejado por Merkel. É que a ideia de um compromisso pode passar por cedências gregas em muitos campos, mas deixando alguns pontos de divergência - como pensões e mercado de trabalho e até o IVA - para serem negociados ao pormenor com mais tempo, num terceiro resgate. O Fundo não entrará nesse terceiro programa de ajuda - ninguém o quer lá: nem Atenas, nem a Comissão, nem a própria Lagarde - e, por isso, quer deixar todos os pontos cruciais já fechados. Incluindo a questão do excedente orçamental primário de 4,5% do PIB, que Washington considera ser o valor necessário para garantir a sustentabilidade da dívida pública helénica - e, por isso, a forma de garantir que Atenas reembolsa todo o empréstimo do FMI.
A Comissão é já desde há bastante tempo a instituição da troika menos exigente e com maior vontade de ceder a parte dos pedidos da Grécia, para evitar a quebra da zona euro. A proposta de solução de Juncker, aliás, um documento que o presidente da Comissão terá desenhado para chegar a um compromisso e que foi parar à imprensa há algumas semanas, estará a ser nesta altura a base de trabalho para uma proposta conjunta dos líderes da troika a Atenas. A ideia é que da cimeira relâmpago saia um documento com propostas de compromisso para ser enviado ao primeiro-ministro helénico, Alexis Tsipras, exigindo-lhe uma resposta rápida.
O documento não será um ultimato, do género "pegar ou largar", mas a verdade é que Tsipras sabe que não terá nem grande tempo, nem grande margem para negociar muito mais depois disto, sublinhou ao Económico um alto cargo europeu, mostrando-se convicto numa solução até sexta-feira. 
A confirmar-se, a zona euro volta assim a repetir o passado, regressando a 2012, altura em que, à beira do abismo, depois de semanas em que o Eurogrupo foi incapaz de resolver a então iminente falência da Grécia, e após semanas de discurso duro do ministro alemão Wolfgang Schauble, Merkel tirou o tapete aos ministros das Finanças do euro e assumiu ela as rédeas de um processo que acabou com um segundo programa de ajuda a Atenas.
E se o compromisso sair desta reunião de alto nível, Tsipras consegue também algo que exige desde o início: que a situação da Grécia seja tratada e solucionada ao mais alto nível, entre os líderes das instituições e os chefes de Estado, e não ao nível técnico e do Eurogrupo.
O mesmo alto cargo europeu que aponta para uma solução até sexta-feira recusa, porém, traçar um cenário em que a proposta que está a ser discutida ceda em larga escala a Atenas. A reunião deverá prolongar-se nas próximas horas, aliás, porque o FMI tem uma palavra a dizer e insiste em fechar já temas que não serão viáveis de ser ultimados até ao final da semana.

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