A piada engraçadinha

04-11-2019
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Ao longo dos próximos dias, discutirei aqui convosco algumas das consequências das eleições presidenciais, na sequência do que escrevi logo ao fechar das urnas.

Mas, porque não fará parte dessa discussão sobre o futuro, deixo hoje o registo de um passado que ontem bateu à porta: a frase de Jerónimo de Sousa sobre os resultados de Edgar Silva e de Marisa Matias. Explicou Jerónimo, homem normalmente afável e em quem sempre vi uma correcção impecável, que “podíamos arranjar uma candidata engraçadinha mas não somos capazes de mudar”. Não sei o que isto quer dizer sobre Edgar Silva, mas sei o que quer dizer sobre Marisa Matias. E todos os leitores e leitoras também sabem distinguir o que é um debate político consistente e o que é outra coisa.

Marisa é só a melhor eurodeputada portuguesa, com a sua imensa capacidade de trabalho, o brilho científico de uma carreira académica consistente e, sobretudo, o empenho na luta sem tréguas contra o capitalismo predador, a desigualdade social, o poder de género e os abusos contra a democracia. Não é uma “candidata engraçadinha”. Pretender anedotizar as provas dadas de uma vida séria é poucochinho.

Magoa-me a frase de Jerónimo, sobretudo porque nunca esperaria isto da parte dele. E mais porque a frase triste não ilustra a história do PCP de respeito pelas mulheres.

NB: Alguns leitores chamaram-me a atenção para que a frase, que reproduzi da imprensa, estaria incompleta. A frase completa seria: “Podiamos apresentar um candidato ou uma candidata assim mais engraçadinha, com um discurso ajeitadamente populista que pudesse aumentar o número de votos”. É exactamente a mesma coisa.

NB 2 (26 de janeiro): Jerónimo de Sousa acabou de retirar as suas palavras sobre a “engraçadinha“: “Se alguém se sentiu ofendido, retiro o que disse; já cá não está quem falou. Foi uma imagem em sentido geral. Parece que alguém enfiou a carapuça; se assim entendem, fiquem descansados que eu retiro o que disse.”

Fez bem e arrumou um assunto que era escusado.

Em contrapartida, não sei se fizeram bem os militantes do PCP que aqui foram acolhidos com gosto, mas que tentaram fingir que a frase não era a frase, que não se dirigia a quem se dirigia e que não queria dizer o que queria dizer.

Ao longo dos próximos dias, discutirei aqui convosco algumas das consequências das eleições presidenciais, na sequência do que escrevi logo ao fechar das urnas.

Mas, porque não fará parte dessa discussão sobre o futuro, deixo hoje o registo de um passado que ontem bateu à porta: a frase de Jerónimo de Sousa sobre os resultados de Edgar Silva e de Marisa Matias. Explicou Jerónimo, homem normalmente afável e em quem sempre vi uma correcção impecável, que “podíamos arranjar uma candidata engraçadinha mas não somos capazes de mudar”. Não sei o que isto quer dizer sobre Edgar Silva, mas sei o que quer dizer sobre Marisa Matias. E todos os leitores e leitoras também sabem distinguir o que é um debate político consistente e o que é outra coisa.

Marisa é só a melhor eurodeputada portuguesa, com a sua imensa capacidade de trabalho, o brilho científico de uma carreira académica consistente e, sobretudo, o empenho na luta sem tréguas contra o capitalismo predador, a desigualdade social, o poder de género e os abusos contra a democracia. Não é uma “candidata engraçadinha”. Pretender anedotizar as provas dadas de uma vida séria é poucochinho.

Magoa-me a frase de Jerónimo, sobretudo porque nunca esperaria isto da parte dele. E mais porque a frase triste não ilustra a história do PCP de respeito pelas mulheres.

NB: Alguns leitores chamaram-me a atenção para que a frase, que reproduzi da imprensa, estaria incompleta. A frase completa seria: “Podiamos apresentar um candidato ou uma candidata assim mais engraçadinha, com um discurso ajeitadamente populista que pudesse aumentar o número de votos”. É exactamente a mesma coisa.

NB 2 (26 de janeiro): Jerónimo de Sousa acabou de retirar as suas palavras sobre a “engraçadinha“: “Se alguém se sentiu ofendido, retiro o que disse; já cá não está quem falou. Foi uma imagem em sentido geral. Parece que alguém enfiou a carapuça; se assim entendem, fiquem descansados que eu retiro o que disse.”

Fez bem e arrumou um assunto que era escusado.

Em contrapartida, não sei se fizeram bem os militantes do PCP que aqui foram acolhidos com gosto, mas que tentaram fingir que a frase não era a frase, que não se dirigia a quem se dirigia e que não queria dizer o que queria dizer.

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