Escritos do Douro: GERAÇÂO ESQUECIDA

01-07-2011
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África das manhãs morenas,Dos risos nas areias molhadas,Das noites suadas e serenas,Fora dos tiros das emboscadas.
Beijei a tua boca em Porto Amélia,Acariciei os teus seios em Quelimane,Fiz amor contigo em Lourenço MarquesE chorei por quem ficava,Do outro lado do mar,A contar os dias da chegada.
África tão longeE tão longa,Corpos ao léuEm camas de céu,Amor às claras,Fremente de vida,Carne despidaDe falsos pudores.
África das anharas,Dos caminhos da coragem,Das horas a sonharO regresso da viagem;Negra risonha ao amanhecer,Mulata dolente ao anoitecer,Branca namorada de um Maio a nascer.Terra de fogo, de sangue e de gritos,Inúteis mortos e feridos,O sol a verUm homem a morrer:
Adeus até ao meu regresso,Sou este que me despeço.Fui corpo e, agora, sou alma.Uma bala me levou.Finalmente tenho a calmaQue a guerra me roubou.
Recados de condenados,Bocas espumas de sangue,Corpos destroçadosQue viveram um instante.Nacala, Nampula, Molocué, Quelimane,Namacurra, Mocuba, Chire, Pebane,Porto Amélia, Mocímboa, Beira,Mueda, lá em cima, e Macomia perto.Madrugadas sem eira nem beira,Olhos de sono, mas sempre desperto.
Que é feito das cruzes enegrecidas,Símbolos de uma geração sacrificada?Estão todas desfeitas, esquecidasA bem da Nação libertada?
- De M. Nogueira Borges* extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória".Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor nascido no Douro - Peso da Régua. A imagem ilustrativa acima, recolhida da net livre e composta/editada em PhotoScape, poderá ser ampliada clicando com o mouse/rato.


África das manhãs morenas,Dos risos nas areias molhadas,Das noites suadas e serenas,Fora dos tiros das emboscadas.
Beijei a tua boca em Porto Amélia,Acariciei os teus seios em Quelimane,Fiz amor contigo em Lourenço MarquesE chorei por quem ficava,Do outro lado do mar,A contar os dias da chegada.
África tão longeE tão longa,Corpos ao léuEm camas de céu,Amor às claras,Fremente de vida,Carne despidaDe falsos pudores.
África das anharas,Dos caminhos da coragem,Das horas a sonharO regresso da viagem;Negra risonha ao amanhecer,Mulata dolente ao anoitecer,Branca namorada de um Maio a nascer.Terra de fogo, de sangue e de gritos,Inúteis mortos e feridos,O sol a verUm homem a morrer:
Adeus até ao meu regresso,Sou este que me despeço.Fui corpo e, agora, sou alma.Uma bala me levou.Finalmente tenho a calmaQue a guerra me roubou.
Recados de condenados,Bocas espumas de sangue,Corpos destroçadosQue viveram um instante.Nacala, Nampula, Molocué, Quelimane,Namacurra, Mocuba, Chire, Pebane,Porto Amélia, Mocímboa, Beira,Mueda, lá em cima, e Macomia perto.Madrugadas sem eira nem beira,Olhos de sono, mas sempre desperto.
Que é feito das cruzes enegrecidas,Símbolos de uma geração sacrificada?Estão todas desfeitas, esquecidasA bem da Nação libertada?
- De M. Nogueira Borges* extraído com autorização do autor de sua obra "O Lagar da Memória".Também pode ler M. Nogueira Borges no blogue "ForEver PEMBA". *Manuel Coutinho Nogueira Borges é escritor nascido no Douro - Peso da Régua. A imagem ilustrativa acima, recolhida da net livre e composta/editada em PhotoScape, poderá ser ampliada clicando com o mouse/rato.

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