Centenário da República: Espingardas de Vidro

20-01-2012
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Há uns anos atrás, sempre que abrissemos a Revista do Expresso, viamos em duas páginas um anúncio ao BPP, escrito pelo então deputado Manuel Alegre.O texto do anúncio, devidamente assinado pelo próprio punho do vate deputado, começava assim:"Fui às compras com o Dinheiro, porque esse, ao menos, sabe fazer contas. Passei por uma espingardaria, vi um par de Purdeys muito bonitas, essas armas que há muito são o meu sonho[...][...] O vencimento de um deputado é uma pelintrice, se não dava para os charutos do outro, como é que queres que dê para as Purdeys?[...]Mesmo sabendo que aos deputados estava vedado o exercício da publicidade, o vate deputado embolsou o dinheiro devido pela sua prestação comercial. Dinheiro esse que mais tarde, e depois dos protestos, encaminhou para uma causa qualquer.Há dois anos atrás, Miguel Abrantes, hoje apoiante do "Poeta candidato" escreveu o seguinte:Quem diria que o insuspeito homem de esquerda — da verdadeira, a da Bayer —, sempre pronto a atacar qualquer suposto desvio à linha justa e a fazer uma ampla coligação com os órfãos de Trotsky, Brejnev e Enver Hoxha, seria capaz de acreditar no capital financeiro? Ai o maroto, ainda por cima precisamente em relação ao “banco das grandes fortunas”?Pois é, de Manuel Alegre seria de esperar tudo — menos isto. Cantar Che Guevara em poesia, desancar o PS, caçar perdizes ou coelhos em ambiente bucólico, declamar com voz grave Os Lusíadas, etc., etc., etc., é habitual e ninguém se surpreende. Mas, no meio de tudo isto, Manuel Alegre ainda ter tempo para nos alertar para os perigos de salvar bancos, quando por “um par de Purdeys” (as Rolls-Royce das espingardas) andou a cantar loas ao banco de João Rendeiro, mostra um amor desmesurado pela caça — e uma profunda convicção de que em política não há memória.O caso BPP não parece configurar um crime da dimensão do BPN, mas ao contrário deste, no BPP existem milhares de aforradores quer têm as suas poupanças de toda a vida de trabalho congeladas.Quantas centenas (ou milhares) de Portugueses colocaram as suas poupanças no BPP, ao lerem a prosa do poeta deputado?Quantos milhões de euros foram depositados no BPP com a ajuda inestimável de Manuel Alegre?Até hoje, o Poeta Candidato, nem sequer teve a hombridade de pedir desculpas às centenas de pessoas que o seu nome, que parto do princípio sem ser sua intenção, ajudou a ludribiar.Como pode um homem destes aspirar a ser o Presidente de República?


Há uns anos atrás, sempre que abrissemos a Revista do Expresso, viamos em duas páginas um anúncio ao BPP, escrito pelo então deputado Manuel Alegre.O texto do anúncio, devidamente assinado pelo próprio punho do vate deputado, começava assim:"Fui às compras com o Dinheiro, porque esse, ao menos, sabe fazer contas. Passei por uma espingardaria, vi um par de Purdeys muito bonitas, essas armas que há muito são o meu sonho[...][...] O vencimento de um deputado é uma pelintrice, se não dava para os charutos do outro, como é que queres que dê para as Purdeys?[...]Mesmo sabendo que aos deputados estava vedado o exercício da publicidade, o vate deputado embolsou o dinheiro devido pela sua prestação comercial. Dinheiro esse que mais tarde, e depois dos protestos, encaminhou para uma causa qualquer.Há dois anos atrás, Miguel Abrantes, hoje apoiante do "Poeta candidato" escreveu o seguinte:Quem diria que o insuspeito homem de esquerda — da verdadeira, a da Bayer —, sempre pronto a atacar qualquer suposto desvio à linha justa e a fazer uma ampla coligação com os órfãos de Trotsky, Brejnev e Enver Hoxha, seria capaz de acreditar no capital financeiro? Ai o maroto, ainda por cima precisamente em relação ao “banco das grandes fortunas”?Pois é, de Manuel Alegre seria de esperar tudo — menos isto. Cantar Che Guevara em poesia, desancar o PS, caçar perdizes ou coelhos em ambiente bucólico, declamar com voz grave Os Lusíadas, etc., etc., etc., é habitual e ninguém se surpreende. Mas, no meio de tudo isto, Manuel Alegre ainda ter tempo para nos alertar para os perigos de salvar bancos, quando por “um par de Purdeys” (as Rolls-Royce das espingardas) andou a cantar loas ao banco de João Rendeiro, mostra um amor desmesurado pela caça — e uma profunda convicção de que em política não há memória.O caso BPP não parece configurar um crime da dimensão do BPN, mas ao contrário deste, no BPP existem milhares de aforradores quer têm as suas poupanças de toda a vida de trabalho congeladas.Quantas centenas (ou milhares) de Portugueses colocaram as suas poupanças no BPP, ao lerem a prosa do poeta deputado?Quantos milhões de euros foram depositados no BPP com a ajuda inestimável de Manuel Alegre?Até hoje, o Poeta Candidato, nem sequer teve a hombridade de pedir desculpas às centenas de pessoas que o seu nome, que parto do princípio sem ser sua intenção, ajudou a ludribiar.Como pode um homem destes aspirar a ser o Presidente de República?

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