Tempo Político

21-01-2012
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Para comemorar os 200 nos. da Revista Análise Social, o novo director, João Pina Cabral, decidiu reunir um conjunto de entrevistas a cientistas sociais portugueses. Nelas reflecte-se sobre o passado, o presente e o futuro das Ciências Sociais em Portugal. Este número especial é por isso uma viagem interessante em torno do aparecimento e consolidação da investigação social em Portugal.Participei nesta iniciativa entrevistando António Barreto. Talvez por defeito de perspectiva (tanto da entrevistadora como do entrevistado), a conversa realçou a relação entre a investigação social e a política: nos anos sessenta, a investigação ficou muito marcada pelos receios da censura, e da consequente auto-censura; nos anos setenta e oitenta, viveu-se num clima de excessiva instrumentalização da investigação para fins políticos. Só a partir dos anos noventa é que se pode falar de uma relativa autonomização das ciências sociais em relação ao poder político. Mas esta fase, sustentada pelo substancial investimento que foi feito nesta área ao longo dos últimos anos pode estar em causa por causa da crise económica.Em conclusão, Barreto mostra-se bastante pessimista: "Receio que a obsessão com a austeridade, com o crescimento económico, e com o combate ao défice, transforme as ciências sociais num luxo".


Para comemorar os 200 nos. da Revista Análise Social, o novo director, João Pina Cabral, decidiu reunir um conjunto de entrevistas a cientistas sociais portugueses. Nelas reflecte-se sobre o passado, o presente e o futuro das Ciências Sociais em Portugal. Este número especial é por isso uma viagem interessante em torno do aparecimento e consolidação da investigação social em Portugal.Participei nesta iniciativa entrevistando António Barreto. Talvez por defeito de perspectiva (tanto da entrevistadora como do entrevistado), a conversa realçou a relação entre a investigação social e a política: nos anos sessenta, a investigação ficou muito marcada pelos receios da censura, e da consequente auto-censura; nos anos setenta e oitenta, viveu-se num clima de excessiva instrumentalização da investigação para fins políticos. Só a partir dos anos noventa é que se pode falar de uma relativa autonomização das ciências sociais em relação ao poder político. Mas esta fase, sustentada pelo substancial investimento que foi feito nesta área ao longo dos últimos anos pode estar em causa por causa da crise económica.Em conclusão, Barreto mostra-se bastante pessimista: "Receio que a obsessão com a austeridade, com o crescimento económico, e com o combate ao défice, transforme as ciências sociais num luxo".

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