O país do Burro: Está na hora

21-01-2012
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Chegados ao dia da reflexão, sabemos que o PS conseguiu catapultar-se para a frente das sondagens sem que do seu programa se conheça muito mais do que a aposta na opção TGV. A comodidade da incógnita deve-a não só a si próprio e ao sucesso das cortinas de fumo que foi levantando, como também à mesma estratégia, esta falhada, que foi adoptada por Manuela Ferreira Leite. Mas não só. A comunicação social alinhada fez o resto.Primeiro, na pré-campanha, onde, ainda assim, se discutiram os programas eleitorais dos vários partidos, todos assistimos ao despudor do painel de comentadores escolhidos pelos vários órgãos de comunicação social que, encapados de isenção, rigor e objectividade, condicionaram as apreciações aos frente-a-frente entre os vários candidatos. Depois, já durante a campanha, prosseguiu o mesmo condicionamento. Todos vimos a disparidade que existiu entre os tempos das reportagens sobre as várias campanhas e a falta de isenção dos comentários das peças de cobertura das iniciativas de campanha dos partidos fora do centrão. Todos vimos que a ordem no alinhamento dos telejornais foi sempre a mesma, com PS e PSD a aparecerem sempre em primeiro e, dessa forma, a beneficiarem da maior capacidade de atenção de quem assiste. E todos vimos o paradoxo do destaque que foi dado a algo absolutamente legal, os PPR de dirigentes e militantes do Bloco de Esquerda, e o destaque que não foi dado a coisas tão ilegais como a acusação de troca de financiamento partidário por cargos públicos no PS ou tão suspeitas como o processo de adjudicação dos helicópteros do INEM, ambos quase abafados. O de sempre.Mas todos conhecemos também o que cada um vale, o que o PS fez durante quatro anos e meio, tal como conhecemos o que o PSD fez quando foi poder e a colaboração que foi dando ao PS na satisfação de clientelas partilhadas por ambos os partidos e pelo CDS-PP. Conhecemos as negociatas de concessão de serviços públicos por décadas, os lucros concedidos a privados em parcerias público-privadas muito vantajosas para eles e invariavelmente lesivas do interesse público. Os três mil milhões de euros que pagámos pela delinquência banqueira. A venda a retalho às respectivas clientelas de reserva ecológica nacional. Conhecemos a pobreza que provocaram e o modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos que defendem. A sua injustiça fiscal que trata a banca como um sector carenciado e nega o sigilo bancário que tornaria visível todos os ilícitos dos e poupa impostos aos ricos e poderosos. Vivemos a precariedade e a opressão impostas pelo seu Código do Trabalho. Conhecemos a perseguição que fizeram a professores e funcionários públicos. Sabemos do desmantelamento de carreiras que promoveram em toda a Administração Pública e da pseudo-reforma que manteve a nomeação de dirigentes pelo critério de nomeação partidária e todos os seus privilégios de promoções automáticas e actuação impune. Temos presente que a Justiça funciona mal e se tornou um luxo com as subidas das taxas introduzidas pelo actual Governo e que julga segundo uma "livre consciência" com forte odor a captura. A Educação tornou-se um passe-vitte que tem como único objectivo uma qualificação pela via administrativa a baixo custo. Na Saúde, prostituiu-se a medicina a critérios economicistas que tornaram hospitais e centros de saúde oficinas de reparação em série de pessoas tornadas peças. Conhecemos o record de desempregados do pós-25 de Abril. E sabemos que o recuo da economia nos últimos quatro anos e meio anulou o crescimento de toda a década anterior.Comprovadamente, os responsáveis por tudo isto não servem para governar. Uns e outros, culpando-se reciprocamente, disfarçam a responsabilidade que é toda sua. E o acima exposto, que é apenas parte do todo, seria mais do que suficiente para que qualquer povo com o mínimo de maturidade democrática rejeitasse liminarmente votar PS, PSD ou CDS-PP e procurasse outras alternativas de poder. E a alternativa é tão real como os interessados numa desmobilização fomentada através da descrença. Está na hora de mudar. De mostrar de que é feito este povo. De fazer a mudança que só se faz pelo voto. No Domingo, vamos ser muitos. O voto vai ser-nos útil. A nós.


Chegados ao dia da reflexão, sabemos que o PS conseguiu catapultar-se para a frente das sondagens sem que do seu programa se conheça muito mais do que a aposta na opção TGV. A comodidade da incógnita deve-a não só a si próprio e ao sucesso das cortinas de fumo que foi levantando, como também à mesma estratégia, esta falhada, que foi adoptada por Manuela Ferreira Leite. Mas não só. A comunicação social alinhada fez o resto.Primeiro, na pré-campanha, onde, ainda assim, se discutiram os programas eleitorais dos vários partidos, todos assistimos ao despudor do painel de comentadores escolhidos pelos vários órgãos de comunicação social que, encapados de isenção, rigor e objectividade, condicionaram as apreciações aos frente-a-frente entre os vários candidatos. Depois, já durante a campanha, prosseguiu o mesmo condicionamento. Todos vimos a disparidade que existiu entre os tempos das reportagens sobre as várias campanhas e a falta de isenção dos comentários das peças de cobertura das iniciativas de campanha dos partidos fora do centrão. Todos vimos que a ordem no alinhamento dos telejornais foi sempre a mesma, com PS e PSD a aparecerem sempre em primeiro e, dessa forma, a beneficiarem da maior capacidade de atenção de quem assiste. E todos vimos o paradoxo do destaque que foi dado a algo absolutamente legal, os PPR de dirigentes e militantes do Bloco de Esquerda, e o destaque que não foi dado a coisas tão ilegais como a acusação de troca de financiamento partidário por cargos públicos no PS ou tão suspeitas como o processo de adjudicação dos helicópteros do INEM, ambos quase abafados. O de sempre.Mas todos conhecemos também o que cada um vale, o que o PS fez durante quatro anos e meio, tal como conhecemos o que o PSD fez quando foi poder e a colaboração que foi dando ao PS na satisfação de clientelas partilhadas por ambos os partidos e pelo CDS-PP. Conhecemos as negociatas de concessão de serviços públicos por décadas, os lucros concedidos a privados em parcerias público-privadas muito vantajosas para eles e invariavelmente lesivas do interesse público. Os três mil milhões de euros que pagámos pela delinquência banqueira. A venda a retalho às respectivas clientelas de reserva ecológica nacional. Conhecemos a pobreza que provocaram e o modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos que defendem. A sua injustiça fiscal que trata a banca como um sector carenciado e nega o sigilo bancário que tornaria visível todos os ilícitos dos e poupa impostos aos ricos e poderosos. Vivemos a precariedade e a opressão impostas pelo seu Código do Trabalho. Conhecemos a perseguição que fizeram a professores e funcionários públicos. Sabemos do desmantelamento de carreiras que promoveram em toda a Administração Pública e da pseudo-reforma que manteve a nomeação de dirigentes pelo critério de nomeação partidária e todos os seus privilégios de promoções automáticas e actuação impune. Temos presente que a Justiça funciona mal e se tornou um luxo com as subidas das taxas introduzidas pelo actual Governo e que julga segundo uma "livre consciência" com forte odor a captura. A Educação tornou-se um passe-vitte que tem como único objectivo uma qualificação pela via administrativa a baixo custo. Na Saúde, prostituiu-se a medicina a critérios economicistas que tornaram hospitais e centros de saúde oficinas de reparação em série de pessoas tornadas peças. Conhecemos o record de desempregados do pós-25 de Abril. E sabemos que o recuo da economia nos últimos quatro anos e meio anulou o crescimento de toda a década anterior.Comprovadamente, os responsáveis por tudo isto não servem para governar. Uns e outros, culpando-se reciprocamente, disfarçam a responsabilidade que é toda sua. E o acima exposto, que é apenas parte do todo, seria mais do que suficiente para que qualquer povo com o mínimo de maturidade democrática rejeitasse liminarmente votar PS, PSD ou CDS-PP e procurasse outras alternativas de poder. E a alternativa é tão real como os interessados numa desmobilização fomentada através da descrença. Está na hora de mudar. De mostrar de que é feito este povo. De fazer a mudança que só se faz pelo voto. No Domingo, vamos ser muitos. O voto vai ser-nos útil. A nós.

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