Entre as brumas da memória: Plenários na clandestinidade (2)

01-07-2011
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Vítor Dias deixou o seguinte texto na caixa de comentários ao meu post. Pela sua importância, dou-lhe «vida própria» e respondo-lhe aqui.Aproveito para agradecer muito sinceramente ao autor: razão tinha eu para pedir ajuda no esclarecimento das razões da cisão no plenário de 73. Acho que VD resume muito bem o que era, de facto, o fundo da questão, embora as razões que eu aponto também estivessem presentes.Duas notas para VD:1 – Não conheço – e gostava de conhecer – o depoimento de Jorge Sampaio de que fala. Sabe onde pode ser encontrado?3 – A referência a Pedro Coelho foi feita por João Tunes num comentário ao post e ele situa-o claramente entre os «futuros socialistas» e não no grupo que abandonou o plenário.«Em termos muito abreviados, gostaria de dar um testemunho parcial sobre o plenário de Santa Cruz em que, por sinal, fui o último orador a falar. E venho sobretudo discordar da visão de Joana Lopes segundo a qual o que aí se passou «girava, como sempre, à volta de questões de representatividade e de resistência ao que era interpretado como imposição de hegemonia por parte do PCP e suas franjas».Creio que isso é ver só a superfície das coisas. É certo que na CDE de Lisboa tinha havido um aceso debate em torno de questões organizativas e funcionamento, mas o que pesou decisivamente no afastamento daquele grupo ou corrente do movimento de unidade eleitoral foi a circunstância dessa corrente ter entrado num processo de radicalização política que desvalorizava a intervenção eleitoral como forma de luta e contestava a centralidade da tónica antifascista (insistindo numa tónica de luta pelo socialismo).Foi, em termos de orientações e ideologia, um abandono ou uma saída «pela esquerda» em relação ao PCP para já não falar que esse grupo não apreciava especialmente a participação do PS nesse esforço de 73 até porque tinha sido bastante activo na polémica com a ASP/CEUD em 69.Bata ler um honesto depoimento que Jorge Sampaio (que também falou no plenário de Santa Cruz) fez para um jornal por volta dos 30 anos do Congresso de Aveiro de 73 (onde não foi) para se perceber que as raizes das divergências eram pelo menos muito próximas da natureza das que eu procurei descrever.Pareceu-me que alguém deu o Pedro Coelho como sendo dos que abandonaram o plenário mas isso é completamente falso, pois honra lhe seja feita, e calcular-se-á que sei do que falo, foi ele e o Arons de Carvalho que tiveram um grande papel para que se não repetisse a divisão de 69.»


Vítor Dias deixou o seguinte texto na caixa de comentários ao meu post. Pela sua importância, dou-lhe «vida própria» e respondo-lhe aqui.Aproveito para agradecer muito sinceramente ao autor: razão tinha eu para pedir ajuda no esclarecimento das razões da cisão no plenário de 73. Acho que VD resume muito bem o que era, de facto, o fundo da questão, embora as razões que eu aponto também estivessem presentes.Duas notas para VD:1 – Não conheço – e gostava de conhecer – o depoimento de Jorge Sampaio de que fala. Sabe onde pode ser encontrado?3 – A referência a Pedro Coelho foi feita por João Tunes num comentário ao post e ele situa-o claramente entre os «futuros socialistas» e não no grupo que abandonou o plenário.«Em termos muito abreviados, gostaria de dar um testemunho parcial sobre o plenário de Santa Cruz em que, por sinal, fui o último orador a falar. E venho sobretudo discordar da visão de Joana Lopes segundo a qual o que aí se passou «girava, como sempre, à volta de questões de representatividade e de resistência ao que era interpretado como imposição de hegemonia por parte do PCP e suas franjas».Creio que isso é ver só a superfície das coisas. É certo que na CDE de Lisboa tinha havido um aceso debate em torno de questões organizativas e funcionamento, mas o que pesou decisivamente no afastamento daquele grupo ou corrente do movimento de unidade eleitoral foi a circunstância dessa corrente ter entrado num processo de radicalização política que desvalorizava a intervenção eleitoral como forma de luta e contestava a centralidade da tónica antifascista (insistindo numa tónica de luta pelo socialismo).Foi, em termos de orientações e ideologia, um abandono ou uma saída «pela esquerda» em relação ao PCP para já não falar que esse grupo não apreciava especialmente a participação do PS nesse esforço de 73 até porque tinha sido bastante activo na polémica com a ASP/CEUD em 69.Bata ler um honesto depoimento que Jorge Sampaio (que também falou no plenário de Santa Cruz) fez para um jornal por volta dos 30 anos do Congresso de Aveiro de 73 (onde não foi) para se perceber que as raizes das divergências eram pelo menos muito próximas da natureza das que eu procurei descrever.Pareceu-me que alguém deu o Pedro Coelho como sendo dos que abandonaram o plenário mas isso é completamente falso, pois honra lhe seja feita, e calcular-se-á que sei do que falo, foi ele e o Arons de Carvalho que tiveram um grande papel para que se não repetisse a divisão de 69.»

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