Um dia, Hemingway escreveu uma história em seis palavras: “Vende-se: sapatos de bebé. Nunca usadosâ€, e chamou-lhe a sua melhor história. Isto inspirou a revista Wired a pedir a vários escritores famosos (por razões do público-alvo da revista, maioritariamente ligados à ficção cientÃfica) a escreverem contos igualmente curtos, e inspirou-me a mim a traduzir alguns dos que gostei mais, com as únicas restrições de ser fiel ao espÃrito da história e fazê-lo também em 6 palavras. Razão para isso? Nenhuma além do gosto pessoal. Ou para os mais pensantes entre nós, porque a concisão é o elemento mais desejado da comunicação hoje, e eu estava curioso para ver como funcionaria exemplo tão extremo.
Aqui estão elas:
Computador, nós trouxemos pilhas? Computador? Computador?
– Eileen Gunn
Camisa tirada à pressa. Cabeça não.
– Joss Whedon
do tempo. Inesperadamente, inventara uma máquina
– Alan Moore
Eu desejei-o. Eu tive-o. Que merda.
– Margaret Atwood
O pénis dele rasgou-se; ele engravidou!
– Rudy Rucker
A Internet acordou? Estupi… Unknown error.
– Charles Stross
Com as mãos sangrentas, digo adeus.
– Frank Miller
Dia perdido. Vida perdida. A sobremesa.
– Steven Meretzky
Demasiado caro continuar a ser humano.
– Bruce Sterling
Atrás de ti! Corre antes que
– Rockne S. O’Bannon
Morri. E tive saudades tuas. Beijas-me?
– Neil Gaiman
O Kirby nunca tinha comido unhas.
– Kevin Smith
Para salvar a humanidade, morreu outra vez.
– Ben Bova
“Não acreditava que disparara sobre mim.”
– Howard Chaykin
Coração partido, 45, desejo conhecer mutilado.
– Mark Millar
Tic tac, tic tac, tic tic.
– Neal Stephenson
Epitáfio: Não o devia ter alimentado.
– Brian Herbert
Pensei que tinha razão. Não tinha.
– Graeme Gibson
Por favor, é tudo. Eu juro.
– Orson Scott Card
Isto serve? – perguntou o escritor preguiçoso.
– Ken MacLeod
No começo a Palavra já existia
– Gregory Maguire
Escândalo sexual mediático. Molusco gigante suspeito.
– Margaret Atwood
Leia: “É teu filho.” Luke: “Ups…”
– Steven Meretzky
Estas histórias no original, e outras, estão aqui: http://wired.com/wired/archive/14.11/sixwords.html
Que conclusão tirar? Não serão muitas, mas nota-se que a concisão em extremo tem a necessidade de partir do que o leitor já conhece, e não ir mais além. Isto porque a brevidade, tanto na ficção como no comentário ou na notÃcia, pressupõe retirar do texto todas as nuances e elementos estranhos que necessitem de explicação adicional. E sem corpos estranhos, o texto torna-se mais do mesmo, a confirmação do que já se conhece. Por isso, quem defende mais brevidade na comunicação, tem de considerar se não está a defender uma informação mais conformista e obediente ao mundo que temos.
P.S. – Quem se interessar por histórias curtas (talvez não tão curtas), tem uma boa fonte aqui: http://www.minguante.com
Um dia, Hemingway escreveu uma história em seis palavras: “Vende-se: sapatos de bebé. Nunca usadosâ€, e chamou-lhe a sua melhor história. Isto inspirou a revista Wired a pedir a vários escritores famosos (por razões do público-alvo da revista, maioritariamente ligados à ficção cientÃfica) a escreverem contos igualmente curtos, e inspirou-me a mim a traduzir alguns dos que gostei mais, com as únicas restrições de ser fiel ao espÃrito da história e fazê-lo também em 6 palavras. Razão para isso? Nenhuma além do gosto pessoal. Ou para os mais pensantes entre nós, porque a concisão é o elemento mais desejado da comunicação hoje, e eu estava curioso para ver como funcionaria exemplo tão extremo.
Aqui estão elas:
Computador, nós trouxemos pilhas? Computador? Computador?
– Eileen Gunn
Camisa tirada à pressa. Cabeça não.
– Joss Whedon
do tempo. Inesperadamente, inventara uma máquina
– Alan Moore
Eu desejei-o. Eu tive-o. Que merda.
– Margaret Atwood
O pénis dele rasgou-se; ele engravidou!
– Rudy Rucker
A Internet acordou? Estupi… Unknown error.
– Charles Stross
Com as mãos sangrentas, digo adeus.
– Frank Miller
Dia perdido. Vida perdida. A sobremesa.
– Steven Meretzky
Demasiado caro continuar a ser humano.
– Bruce Sterling
Atrás de ti! Corre antes que
– Rockne S. O’Bannon
Morri. E tive saudades tuas. Beijas-me?
– Neil Gaiman
O Kirby nunca tinha comido unhas.
– Kevin Smith
Para salvar a humanidade, morreu outra vez.
– Ben Bova
“Não acreditava que disparara sobre mim.”
– Howard Chaykin
Coração partido, 45, desejo conhecer mutilado.
– Mark Millar
Tic tac, tic tac, tic tic.
– Neal Stephenson
Epitáfio: Não o devia ter alimentado.
– Brian Herbert
Pensei que tinha razão. Não tinha.
– Graeme Gibson
Por favor, é tudo. Eu juro.
– Orson Scott Card
Isto serve? – perguntou o escritor preguiçoso.
– Ken MacLeod
No começo a Palavra já existia
– Gregory Maguire
Escândalo sexual mediático. Molusco gigante suspeito.
– Margaret Atwood
Leia: “É teu filho.” Luke: “Ups…”
– Steven Meretzky
Estas histórias no original, e outras, estão aqui: http://wired.com/wired/archive/14.11/sixwords.html
Que conclusão tirar? Não serão muitas, mas nota-se que a concisão em extremo tem a necessidade de partir do que o leitor já conhece, e não ir mais além. Isto porque a brevidade, tanto na ficção como no comentário ou na notÃcia, pressupõe retirar do texto todas as nuances e elementos estranhos que necessitem de explicação adicional. E sem corpos estranhos, o texto torna-se mais do mesmo, a confirmação do que já se conhece. Por isso, quem defende mais brevidade na comunicação, tem de considerar se não está a defender uma informação mais conformista e obediente ao mundo que temos.
P.S. – Quem se interessar por histórias curtas (talvez não tão curtas), tem uma boa fonte aqui: http://www.minguante.com