Redacções invadidas por “batéria” altamente contagiosa

21-11-2014
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Imagem criada e cedida pelo Luís Canau

Por razões que a razão desconhece, há órgãos de comunicação social que resolveram adoptar o chamado acordo ortográfico (AO90).

Nos últimos dias, uma bactéria tem merecido um triste destaque. Como se não fossem suficientes os problemas de saúde pública, também a ortografia se ressentiu: em várias redacções, a palavra “bactéria” foi transformada em “batéria”, como se pode ver no magnífico trabalho do Luís Canau.

É claro que o AO90, de uma maneira geral, não preconiza a queda de consoantes articuladas (isto é, que se pronunciam), pelo que, oficialmente, a “bactéria” deveria ter resistido à nova ortografia, até porque, como medicação, é fraca.

Quem acompanha, com atenção, a aplicação do AO90 tem podido assistir à queda (im)prevista de consoantes articuladas, originando erros ortográficos que, até há pouco tempo, eram residuais ou inexistentes. A linguística explica, assim a tivessem ouvido.

A aprendizagem da escrita não se faz apenas na escola. A criança ou o jovem passam o tempo a ler, porque vivemos rodeados de escrita por todos os lados. Um erro publicado será, portanto, um erro repetido, reescrito, aprendido. Resta saber quanto tempo resistirá a bactéria.

O problema ortográfico já existia. O AO90 aprofundou-o. Com a imprensa de referência a propagar erros, ajudada por cartazes e anúncios e outros media, a ortografia adoece, como se não tivesse importância.

Limito-me a repetir a pergunta do Francisco Miguel Valada: “Confessem lá: este AO90 está a correr mal, não está?”

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Imagem criada e cedida pelo Luís Canau

Por razões que a razão desconhece, há órgãos de comunicação social que resolveram adoptar o chamado acordo ortográfico (AO90).

Nos últimos dias, uma bactéria tem merecido um triste destaque. Como se não fossem suficientes os problemas de saúde pública, também a ortografia se ressentiu: em várias redacções, a palavra “bactéria” foi transformada em “batéria”, como se pode ver no magnífico trabalho do Luís Canau.

É claro que o AO90, de uma maneira geral, não preconiza a queda de consoantes articuladas (isto é, que se pronunciam), pelo que, oficialmente, a “bactéria” deveria ter resistido à nova ortografia, até porque, como medicação, é fraca.

Quem acompanha, com atenção, a aplicação do AO90 tem podido assistir à queda (im)prevista de consoantes articuladas, originando erros ortográficos que, até há pouco tempo, eram residuais ou inexistentes. A linguística explica, assim a tivessem ouvido.

A aprendizagem da escrita não se faz apenas na escola. A criança ou o jovem passam o tempo a ler, porque vivemos rodeados de escrita por todos os lados. Um erro publicado será, portanto, um erro repetido, reescrito, aprendido. Resta saber quanto tempo resistirá a bactéria.

O problema ortográfico já existia. O AO90 aprofundou-o. Com a imprensa de referência a propagar erros, ajudada por cartazes e anúncios e outros media, a ortografia adoece, como se não tivesse importância.

Limito-me a repetir a pergunta do Francisco Miguel Valada: “Confessem lá: este AO90 está a correr mal, não está?”

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