Polémicas italianas

27-01-2012
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Peço imensa desculpa, mas depois de ter lido o texto do Daniel Oliveira não concordo com quase tudo. A questão do poder não se resume à questão do governo. A participação de uma força política anti-neoliberal num governo de centro-esquerda tem de ser vista no concreto, mas não pode significar que se abdique do programa, das bandeiras, das ideias, da oposição à guerra para entrar no governo. Está-se no governo para mudar as coisas, não se está no governo para ser mudado por ele. Acho, aliás, que os princípios não são cómodos, são princípios, e como o nome indica não servem para negociar. A frase do Daniel, sobre isso, parece-me manifestamente infeliz. Quando escreve: “Não vale a pena ficar no confortável plano dos princípios”, inverte, no meu entender, o ónus da questão. Ao limite, faz parecer que ir para o governo, ganhando alguns lugares, em troca de abdicar do programa é uma afirmação de coragem. Estou de acordo que é fundamental impedir o acesso ao governo à direita de Berlusconi, mas para isso não é necessário ir para o governo, bastava um acordo de incidência parlamentar.

Durante o primeiro Fórum Social Europeu, Bertinotti divulgou um conjunto de teses (infelizmente só encontrei este texto anterior do autor sobre o assunto) para refundar a esquerda europeia. Aí se dizia que era necessário que a esquerda partidária construísse uma relação de simbiose com os movimentos sociais, incorporasse a pluralidade das agendas dos novos actores sociais, colocasse a questão da paz como questão nuclear e adquirisse que a Europa era um espaço com um tamanho mínimo para a transformação. Acho que estas teses eram globalmente correctas, e, sobretudo, que o seu tempo não se esgotou. Penso que durante anos, a esquerda deve bater-se por mudar o mundo, mesmo sem estar no poder e deve evitar estar no governo, se isso significar mudar-se para que tudo fique na mesma.

Peço imensa desculpa, mas depois de ter lido o texto do Daniel Oliveira não concordo com quase tudo. A questão do poder não se resume à questão do governo. A participação de uma força política anti-neoliberal num governo de centro-esquerda tem de ser vista no concreto, mas não pode significar que se abdique do programa, das bandeiras, das ideias, da oposição à guerra para entrar no governo. Está-se no governo para mudar as coisas, não se está no governo para ser mudado por ele. Acho, aliás, que os princípios não são cómodos, são princípios, e como o nome indica não servem para negociar. A frase do Daniel, sobre isso, parece-me manifestamente infeliz. Quando escreve: “Não vale a pena ficar no confortável plano dos princípios”, inverte, no meu entender, o ónus da questão. Ao limite, faz parecer que ir para o governo, ganhando alguns lugares, em troca de abdicar do programa é uma afirmação de coragem. Estou de acordo que é fundamental impedir o acesso ao governo à direita de Berlusconi, mas para isso não é necessário ir para o governo, bastava um acordo de incidência parlamentar.

Durante o primeiro Fórum Social Europeu, Bertinotti divulgou um conjunto de teses (infelizmente só encontrei este texto anterior do autor sobre o assunto) para refundar a esquerda europeia. Aí se dizia que era necessário que a esquerda partidária construísse uma relação de simbiose com os movimentos sociais, incorporasse a pluralidade das agendas dos novos actores sociais, colocasse a questão da paz como questão nuclear e adquirisse que a Europa era um espaço com um tamanho mínimo para a transformação. Acho que estas teses eram globalmente correctas, e, sobretudo, que o seu tempo não se esgotou. Penso que durante anos, a esquerda deve bater-se por mudar o mundo, mesmo sem estar no poder e deve evitar estar no governo, se isso significar mudar-se para que tudo fique na mesma.

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