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31-05-2002
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Violência policial em Sacavém há quatro anos Decapitado no posto Daniel Rocha O posto da GNR de Sacavém foi palco de um dos casos de violência policial mais chocantes Com a PSP do Porto sob suspeita de responsabilidade em duas mortes ocorridas na noite de 14 de Janeiro, outros casos de violência policial são de novo lembrados. Um dos mais perturbadores foi passado há quatro anos no posto da Guarda Nacional Republicana de Sacavém e levou um comandante de posto à prisão. Na noite de 6 para 7 de Maio de 1996, Carlos Rosa, um homem de 25 anos, desempregado e suspeito da prática de um assalto, é detido e levado para interrogatório no posto da GNR de Sacavém. Tudo não passava de mera rotina, mas o ambiente aqueceu e o comandante do posto, ao tentar intimidar o jovem com a arma de serviço, para que confessasse o crime de que era acusado, premiu o gatilho sem verificar se a arma estava ou não carregada.

Entre um "ou dizes ou eu disparo" ou "confessa ou", o sargento encosta a arma à cabeça da vítima e esta arma dispara, matando Carlos de imediato. O pânico instala-se e a única ideia que ocorre ao comandante é livrar-se do corpo o mais rápido possível. Quando procura o projéctil para que não seja possível identificar a arma usada, verifica que a bala não saiu e ficou alojada na cabeça da vítima. A solução encontrada para fazer desaparecer a prova incriminatória é a decapitação. O corpo é levado durante a mesma noite para uma vala na Quinta da Ramada e a cabeça para uma zona de mato em Chelas. Quando o corpo e a cabeça são encontrados, encobrir o caso tornou-se complicado, já que o comandante e os soldados começam a mostrar sinais de nervosismo e intranquilidade durante as buscas (de que eles próprios são encarregados), o que veio a confirmar a suspeita do comandante-geral da GNR, Henrique Godinho, do envolvimento dos agentes no caso.

O comandante é questionado e confessa o crime, acabando por ser levado para a Casa de Reclusão Militar de Tomar. O comandante é acusado pelo próprio comando geral da GNR de práticas "aberrantes". O antigo ministro da Administração Interna Alberto Costa disse em declarações ao PÚBLICO (20/05/96) que o Ministério e a GNR iriam extrair todas as consequências do facto. "Para garantir uma investigação eficaz e evitar novos ilícitos, será determinada a suspensão preventiva de todos os implicados que não foram sujeitos, no foro criminal, a prisão preventiva". O ministro sublinhava, nessa altura, que estes casos constituíam a "excepção, e não a regra, na vida da corporação". O comandante foi condenado pelo Tribunal Militar da GNR a uma pena de 17 anos, a cumprir no Estabelecimento Prisional Militar de Tomar. Cláudia Bancaleiro

Violência policial em Sacavém há quatro anos Decapitado no posto Daniel Rocha O posto da GNR de Sacavém foi palco de um dos casos de violência policial mais chocantes Com a PSP do Porto sob suspeita de responsabilidade em duas mortes ocorridas na noite de 14 de Janeiro, outros casos de violência policial são de novo lembrados. Um dos mais perturbadores foi passado há quatro anos no posto da Guarda Nacional Republicana de Sacavém e levou um comandante de posto à prisão. Na noite de 6 para 7 de Maio de 1996, Carlos Rosa, um homem de 25 anos, desempregado e suspeito da prática de um assalto, é detido e levado para interrogatório no posto da GNR de Sacavém. Tudo não passava de mera rotina, mas o ambiente aqueceu e o comandante do posto, ao tentar intimidar o jovem com a arma de serviço, para que confessasse o crime de que era acusado, premiu o gatilho sem verificar se a arma estava ou não carregada.

Entre um "ou dizes ou eu disparo" ou "confessa ou", o sargento encosta a arma à cabeça da vítima e esta arma dispara, matando Carlos de imediato. O pânico instala-se e a única ideia que ocorre ao comandante é livrar-se do corpo o mais rápido possível. Quando procura o projéctil para que não seja possível identificar a arma usada, verifica que a bala não saiu e ficou alojada na cabeça da vítima. A solução encontrada para fazer desaparecer a prova incriminatória é a decapitação. O corpo é levado durante a mesma noite para uma vala na Quinta da Ramada e a cabeça para uma zona de mato em Chelas. Quando o corpo e a cabeça são encontrados, encobrir o caso tornou-se complicado, já que o comandante e os soldados começam a mostrar sinais de nervosismo e intranquilidade durante as buscas (de que eles próprios são encarregados), o que veio a confirmar a suspeita do comandante-geral da GNR, Henrique Godinho, do envolvimento dos agentes no caso.

O comandante é questionado e confessa o crime, acabando por ser levado para a Casa de Reclusão Militar de Tomar. O comandante é acusado pelo próprio comando geral da GNR de práticas "aberrantes". O antigo ministro da Administração Interna Alberto Costa disse em declarações ao PÚBLICO (20/05/96) que o Ministério e a GNR iriam extrair todas as consequências do facto. "Para garantir uma investigação eficaz e evitar novos ilícitos, será determinada a suspensão preventiva de todos os implicados que não foram sujeitos, no foro criminal, a prisão preventiva". O ministro sublinhava, nessa altura, que estes casos constituíam a "excepção, e não a regra, na vida da corporação". O comandante foi condenado pelo Tribunal Militar da GNR a uma pena de 17 anos, a cumprir no Estabelecimento Prisional Militar de Tomar. Cláudia Bancaleiro

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