o tempo das cerejas*: Ainda as sondagens

29-09-2009
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Chover no molhadoO facto de o DN de hoje publicar mais uma sondagem Marktest sobre intenções de voto em legislativas e popularidade de governantes e líderes partidários serve-me de pretexto para, pela enésima vez, chamar baldadamente a atenção para algumas questões. Assim:1. Tendo em conta o que tem ocorrido com algumas sondagens saídas no Público e também na de hoje do DN parece estar muito esquecido nas redacções que, por força da respectiva lei, os órgãos de informação estão estritamente obrigados a publicar os resultados brutos das sondagens, ou seja o que os inquiridos realmente responderam antes de qualquer posterior repartição proporcional ou não dos indecisos pela percentagens de intenções de voto expressas. E, como devia ser evidente, esta exigência legal não é uma coisa que tenha sido inventada para chatear os órgãos de informação antes visa garantir critérios de efectiva transparência e de melhor informação pois só através dos resultados brutos é que se pode obter o importante elemento da percentagem de pessoas que disseram «não saber ou não responder».2. Por outro lado, nisto de sondagens continua a persistir um mistério (que já levantei há não sei quantos anos sem obter nenhuma resposta) que consiste no seguinte: como todos se lembram e a ilustração à esquerda (referente às legislativas de 2005) recorda, nas noites de apuramento de resultados todos vemos que as empresas de sondagens e as televisões, quando divulgam as suas «projecções» resultantes de sondagens feitas à boca das urnas, nunca apresentam para cada força um resultado preciso mas sim um intervalo entre dois resultados (por exemplo, no passado dia 15, sobre Lisboa, diziam «António Costa [ou PS] entre 30 e 35%). E não haja dúvida que este é o procedimento correcto porque nas sondagens existe uma coisa, em geral, praticamente ignorada chamada «margens de erro». Explicada a questão, a minha pergunta continua a ser a mesma de sempre : se nas noites eleitorais, com sondagens à boca das urnas (que até são mais fiáveis) se faz isto, porque razão é que isso também não é feito com as sondagens (que chegam a apresentar resultados ao pormenor da décima) publicadas nos outros 364 dias do ano e que são muito mais incertas e falíveis ? 3. Um outro aspecto o qual vale a pena (valerá?) prevenir é aquilo a que se poderia chamar uma espécie de «fetichismo» dos números que, volta não volta, tem como resultado dar-se destaque a que fulano de tal perdeu 4 pontos no seu saldo de popularidade quando a própria margem de erro da sondagem é de uma grandeza semelhante. E isto para já não falar daqueles casos em que as oscilações são tão mínimas que vai-se a fazer as contas e só se pode concluir que, daquela vez, meia dúzia de inquiridos teve outra opinião.4. Por fim, e em relação à sondagem do DN/Marktest sobre a popularidade dos ministros, só queria chamar a atenção para um aspecto que deve ter algum significado: é que são muitos mais os inquiridos a ter opinião sobre os governantes que apresentam «saldo negativo» do que aqueles que se pronunciam sobre os que têm «saldo positivo». Têm assim interesse ficar-se a saber que em relação a ministros que têm «saldo positivo» é muito alta a percentagem de inquéridos que sobre eles nada disseram (61% sobre Pedro Silva Pereira, 60% sobre Rui Pereira, 59% sobre Santos Slva, 48% sobre Nunes Correia, 46% sobre Severiano Teixeira, 44% sobre Isabel Pires de Lima, 43% sobre Luís Amado, 40% sobre Mariano Gago).


Chover no molhadoO facto de o DN de hoje publicar mais uma sondagem Marktest sobre intenções de voto em legislativas e popularidade de governantes e líderes partidários serve-me de pretexto para, pela enésima vez, chamar baldadamente a atenção para algumas questões. Assim:1. Tendo em conta o que tem ocorrido com algumas sondagens saídas no Público e também na de hoje do DN parece estar muito esquecido nas redacções que, por força da respectiva lei, os órgãos de informação estão estritamente obrigados a publicar os resultados brutos das sondagens, ou seja o que os inquiridos realmente responderam antes de qualquer posterior repartição proporcional ou não dos indecisos pela percentagens de intenções de voto expressas. E, como devia ser evidente, esta exigência legal não é uma coisa que tenha sido inventada para chatear os órgãos de informação antes visa garantir critérios de efectiva transparência e de melhor informação pois só através dos resultados brutos é que se pode obter o importante elemento da percentagem de pessoas que disseram «não saber ou não responder».2. Por outro lado, nisto de sondagens continua a persistir um mistério (que já levantei há não sei quantos anos sem obter nenhuma resposta) que consiste no seguinte: como todos se lembram e a ilustração à esquerda (referente às legislativas de 2005) recorda, nas noites de apuramento de resultados todos vemos que as empresas de sondagens e as televisões, quando divulgam as suas «projecções» resultantes de sondagens feitas à boca das urnas, nunca apresentam para cada força um resultado preciso mas sim um intervalo entre dois resultados (por exemplo, no passado dia 15, sobre Lisboa, diziam «António Costa [ou PS] entre 30 e 35%). E não haja dúvida que este é o procedimento correcto porque nas sondagens existe uma coisa, em geral, praticamente ignorada chamada «margens de erro». Explicada a questão, a minha pergunta continua a ser a mesma de sempre : se nas noites eleitorais, com sondagens à boca das urnas (que até são mais fiáveis) se faz isto, porque razão é que isso também não é feito com as sondagens (que chegam a apresentar resultados ao pormenor da décima) publicadas nos outros 364 dias do ano e que são muito mais incertas e falíveis ? 3. Um outro aspecto o qual vale a pena (valerá?) prevenir é aquilo a que se poderia chamar uma espécie de «fetichismo» dos números que, volta não volta, tem como resultado dar-se destaque a que fulano de tal perdeu 4 pontos no seu saldo de popularidade quando a própria margem de erro da sondagem é de uma grandeza semelhante. E isto para já não falar daqueles casos em que as oscilações são tão mínimas que vai-se a fazer as contas e só se pode concluir que, daquela vez, meia dúzia de inquiridos teve outra opinião.4. Por fim, e em relação à sondagem do DN/Marktest sobre a popularidade dos ministros, só queria chamar a atenção para um aspecto que deve ter algum significado: é que são muitos mais os inquiridos a ter opinião sobre os governantes que apresentam «saldo negativo» do que aqueles que se pronunciam sobre os que têm «saldo positivo». Têm assim interesse ficar-se a saber que em relação a ministros que têm «saldo positivo» é muito alta a percentagem de inquéridos que sobre eles nada disseram (61% sobre Pedro Silva Pereira, 60% sobre Rui Pereira, 59% sobre Santos Slva, 48% sobre Nunes Correia, 46% sobre Severiano Teixeira, 44% sobre Isabel Pires de Lima, 43% sobre Luís Amado, 40% sobre Mariano Gago).

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