A RTP1 está a exibir desde o dia 1 de Junho, e até ao final do mês, em horário nobre, um conjunto de pequenos filmes, com cerca de um minuto e meio, em que figuras públicas e também algumas crianças lêem um poema de Fernando Pessoa da sua escolha.Intitulado Pessoa, Pessoas, o projecto é uma produção da Casa Fernando Pessoa (CFP), com o apoio do grupo editorial Leya. Passa cerca das 08h00, das 16h00 e das 22h00, diariamente. A 13 de Junho, data do aniversário do nascimento do poeta, a estação pública emitirá excepcionalmente vários destes pequenos testemunhos.A escritora Lídia Jorge, uma das personalidades que homenageiam o poeta, disse ao SEXTA que «Pessoa é lido em todo o mundo e merece ser célebre, porque interpretou a complexidade ontológica do ser humano como ninguém». A autora, que escolheu dizer uma passagem de A Ode Marítima, do heterónimo Álvaro de Campos, considera a iniciativa interessante, pois «abarca pessoas de todas as áreas, que não são especialistas em Pessoa, para fazer os seus poemas chegarem a todos os destinatários».O fadista Carlos do Carmo, também convidado pela CFP para dizer a poesia de Pessoa, seleccionou o poema Nevoeiro. Para além de declarar ter sido «um prazer o convite para participar nesta homenagem», considera que «Pessoa é um dos símbolos maiores de Portugal». «Acho sempre bom dar-se protagonismo à poesia. Quanto mais a sociedade é materialista, mais devemos contrapor isso com poesia.»Realizada por uma equipa coordenada por Elvis Veiguinha, o projecto Pessoa, Pessoas conta ainda com a participação dos escritores José Eduardo Agualusa, Francisco José Viegas e Inês Pedrosa (directora da CFP), dos músicos Pacman, Camané, Rui Reininho e Sérgio Godinho, do actor Miguel Guilherme, das jornalistas Paula Moura Pinheiro e Patrícia Reis, do comentador televisivo Marcelo Rebelo de Sousa e dos políticos Jerónimo de Sousa e Teresa Caeiro, entre outros. «Não são apenas pessoas a dizer poesia. É mais que isso. É outra coisa», disse Inês Pedrosa ao SEXTA.in SEXTAJoão Villaret declama Liberdade de Fernando PessoaAi que prazerNão cumprir um dever,Ter um livro para lerE não fazer!Ler é maçada,Estudar é nada.O Sol doiraSem literatura.O rio corre, bem ou mal,Sem edição original.A brisa, essa,De tão naturalmente matinal,Como tem tempo não tem pressa...Livros são papéis pintados com tinta.Estudar é uma coisa em que está indistintaA distinção entre nada e coisa nenhuma.Quanto é melhor, quando há bruma,Esperar por D.Sebastião,Quer venha ou não!Grande é a poesia, a bondade e as danças...Mas o melhor do mundo são as crianças,Flores, música, o luar, e o sol, que pecaSó quando, em vez de criar, seca.O mais do que istoÉ Jesus Cristo,Que não sabia nada de finançasNem consta que tivesse biblioteca...Fernando Pessoa
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A RTP1 está a exibir desde o dia 1 de Junho, e até ao final do mês, em horário nobre, um conjunto de pequenos filmes, com cerca de um minuto e meio, em que figuras públicas e também algumas crianças lêem um poema de Fernando Pessoa da sua escolha.Intitulado Pessoa, Pessoas, o projecto é uma produção da Casa Fernando Pessoa (CFP), com o apoio do grupo editorial Leya. Passa cerca das 08h00, das 16h00 e das 22h00, diariamente. A 13 de Junho, data do aniversário do nascimento do poeta, a estação pública emitirá excepcionalmente vários destes pequenos testemunhos.A escritora Lídia Jorge, uma das personalidades que homenageiam o poeta, disse ao SEXTA que «Pessoa é lido em todo o mundo e merece ser célebre, porque interpretou a complexidade ontológica do ser humano como ninguém». A autora, que escolheu dizer uma passagem de A Ode Marítima, do heterónimo Álvaro de Campos, considera a iniciativa interessante, pois «abarca pessoas de todas as áreas, que não são especialistas em Pessoa, para fazer os seus poemas chegarem a todos os destinatários».O fadista Carlos do Carmo, também convidado pela CFP para dizer a poesia de Pessoa, seleccionou o poema Nevoeiro. Para além de declarar ter sido «um prazer o convite para participar nesta homenagem», considera que «Pessoa é um dos símbolos maiores de Portugal». «Acho sempre bom dar-se protagonismo à poesia. Quanto mais a sociedade é materialista, mais devemos contrapor isso com poesia.»Realizada por uma equipa coordenada por Elvis Veiguinha, o projecto Pessoa, Pessoas conta ainda com a participação dos escritores José Eduardo Agualusa, Francisco José Viegas e Inês Pedrosa (directora da CFP), dos músicos Pacman, Camané, Rui Reininho e Sérgio Godinho, do actor Miguel Guilherme, das jornalistas Paula Moura Pinheiro e Patrícia Reis, do comentador televisivo Marcelo Rebelo de Sousa e dos políticos Jerónimo de Sousa e Teresa Caeiro, entre outros. «Não são apenas pessoas a dizer poesia. É mais que isso. É outra coisa», disse Inês Pedrosa ao SEXTA.in SEXTAJoão Villaret declama Liberdade de Fernando PessoaAi que prazerNão cumprir um dever,Ter um livro para lerE não fazer!Ler é maçada,Estudar é nada.O Sol doiraSem literatura.O rio corre, bem ou mal,Sem edição original.A brisa, essa,De tão naturalmente matinal,Como tem tempo não tem pressa...Livros são papéis pintados com tinta.Estudar é uma coisa em que está indistintaA distinção entre nada e coisa nenhuma.Quanto é melhor, quando há bruma,Esperar por D.Sebastião,Quer venha ou não!Grande é a poesia, a bondade e as danças...Mas o melhor do mundo são as crianças,Flores, música, o luar, e o sol, que pecaSó quando, em vez de criar, seca.O mais do que istoÉ Jesus Cristo,Que não sabia nada de finançasNem consta que tivesse biblioteca...Fernando Pessoa