O Estado NEGAÇÃO: Novo Governo

17-02-2006
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Novo Governo

Para aqueles que consideram o Estado um blog cacicado, aqui vai uma surpresa. Começo por apontar o maior erro deste governo: apenas duas mulheres no grupo de ministros.Tenho discutido com várias pessoas que as quotas são um mal necessário (especialmente com o camarada Mário Garcia ). Não me ocorre que se estabeleçam quotas para o Conselho de Ministros e sei que este vai ser o Governo com maior número de mulheres nas Secretarias de Estado. Ainda assim, desejava que houvessem mais ministras. Como costumo dizer a democracia portuguesa funciona um pouco como a igreja católica, é uma espécie de menina não entra e todas as correcções que possam promover a intervenção das mulheres, são poucas. Juntamente com a juventude, a descrença das mulheres no processo democrático arrasta-nos para níveis fracos de participação (visíveis na abstenção), competindo aos democratas combater este efeito, por dentro.Tudo o resto na formação do governo é motivo de elogios e isso mesmo é verificável na opinião pública. A forma e o elenco arrasaram blogs, jornais e rádios, com a honrosa excepção da RTP, por via, por um lado, da larga cobertura ao importante congresso da sucessão de Santana, por outro, a conversão extraordinária de Sérgio Figueiredo, director do Jornal de Negócios, que se julgava poder vir a equilibrar as opiniões de José Manuel Fernandes, mas saiu o tiro pela culatra e Sérgio aparece como um feroz crítico, bem enquadrado nos critérios editoriais do pós José Rodrigues dos Santos.Freitas do Amaral. Podem alguns sectores do PS contestar, mas a verdade, como me dizia José Lamego na noite da grande vitória, é que esta se devia à proposta programática apresentada aos portugueses, em detrimento da carga ideológica. Que o PS não renega. Está inerente. O PS ter na sua equipa de governação o melhor quadro português na área dos Negócios Estrangeiros é motivo de orgulho e merece um forte aplauso.Vieira da Silva. O PS apresenta um homem de esquerda, com reconhecida capacidade técnica no Trabalho e Segurança Social. José Sócrates demonstra claramente que estas matérias nos são determinantes e que pretende uma inversão nas políticas sociais dos últimos três anos.Correia de Campos. Tenho profunda admiração por Correia de Campos (reminiscências do tempo em que fiz política juvenil?), o melhor político português na área mais importante para a opinião pública, ao contrário da publicada. Espero o melhor de uma saúde de terceiro mundo que tem de mudar radicalmente.Isabel Pires de Lima. Sem desenvolvimento cultural nenhum país pode singrar nas matérias competitivas. Isabel Pires de Lima anunciou nas Novas Fronteiras que o objectivo de conquistar um por cento do orçamento geral do estado para a cultura não seria atingível no curto prazo. Percebe-se o realismo inerente à então condição de ministeriável. Hoje como ministra sei que tudo fará para voltar a colocar a cultura na ordem do dia, invertendo também aqui a tendência dos últimos anos. Esta ministra depende muito da equipa que a acompanhar e estou certo que terá isso em conta. A cultura tem de reequilibrar o jogo de forças entre os chamados gestores e os criadores, na medida em que os primeiros ganharam terreno nos últimos anos, de forma desenfreada e exagerada.Mário Lino. Considerava-se que o seu Ministério Natural seria o Ambiente, por via do seu know how e da obra feita na AdP. Mas, ao mesmo tempo, houve um único ministério que deixou boa imagem na governação Santana: António Mexia (podendo-se até discordar de muitas medidas, com especial enfoque para as portagens nas SCUTS) foi o único ministro que se safou do naufrágio. Por isso Sócrates tinha de ir buscar os melhores, entre os melhores. E vai-se assistir a uma total inversão de estilo. O exibicionismo vai dar origem à obra feita. E isso nem será, politicamente, o mais importante. É que a feliz indigitação de Mário Lino assegura competência técnica e capacidade de trabalho indiscutíveis, mas garante seriedade e honestidade, algo que José Sócrates percebeu ser fundamental na gestão das Obras Públicas. Esta variação saudável da prática recorrente pode, em meu entender, vir a ser eleitoralmente muito útil, sendo eticamente urgente.

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Para aqueles que consideram o Estado um blog cacicado, aqui vai uma surpresa. Começo por apontar o maior erro deste governo: apenas duas mulheres no grupo de ministros.Tenho discutido com várias pessoas que as quotas são um mal necessário (especialmente com o camarada Mário Garcia ). Não me ocorre que se estabeleçam quotas para o Conselho de Ministros e sei que este vai ser o Governo com maior número de mulheres nas Secretarias de Estado. Ainda assim, desejava que houvessem mais ministras. Como costumo dizer a democracia portuguesa funciona um pouco como a igreja católica, é uma espécie de menina não entra e todas as correcções que possam promover a intervenção das mulheres, são poucas. Juntamente com a juventude, a descrença das mulheres no processo democrático arrasta-nos para níveis fracos de participação (visíveis na abstenção), competindo aos democratas combater este efeito, por dentro.Tudo o resto na formação do governo é motivo de elogios e isso mesmo é verificável na opinião pública. A forma e o elenco arrasaram blogs, jornais e rádios, com a honrosa excepção da RTP, por via, por um lado, da larga cobertura ao importante congresso da sucessão de Santana, por outro, a conversão extraordinária de Sérgio Figueiredo, director do Jornal de Negócios, que se julgava poder vir a equilibrar as opiniões de José Manuel Fernandes, mas saiu o tiro pela culatra e Sérgio aparece como um feroz crítico, bem enquadrado nos critérios editoriais do pós José Rodrigues dos Santos.Freitas do Amaral. Podem alguns sectores do PS contestar, mas a verdade, como me dizia José Lamego na noite da grande vitória, é que esta se devia à proposta programática apresentada aos portugueses, em detrimento da carga ideológica. Que o PS não renega. Está inerente. O PS ter na sua equipa de governação o melhor quadro português na área dos Negócios Estrangeiros é motivo de orgulho e merece um forte aplauso.Vieira da Silva. O PS apresenta um homem de esquerda, com reconhecida capacidade técnica no Trabalho e Segurança Social. José Sócrates demonstra claramente que estas matérias nos são determinantes e que pretende uma inversão nas políticas sociais dos últimos três anos.Correia de Campos. Tenho profunda admiração por Correia de Campos (reminiscências do tempo em que fiz política juvenil?), o melhor político português na área mais importante para a opinião pública, ao contrário da publicada. Espero o melhor de uma saúde de terceiro mundo que tem de mudar radicalmente.Isabel Pires de Lima. Sem desenvolvimento cultural nenhum país pode singrar nas matérias competitivas. Isabel Pires de Lima anunciou nas Novas Fronteiras que o objectivo de conquistar um por cento do orçamento geral do estado para a cultura não seria atingível no curto prazo. Percebe-se o realismo inerente à então condição de ministeriável. Hoje como ministra sei que tudo fará para voltar a colocar a cultura na ordem do dia, invertendo também aqui a tendência dos últimos anos. Esta ministra depende muito da equipa que a acompanhar e estou certo que terá isso em conta. A cultura tem de reequilibrar o jogo de forças entre os chamados gestores e os criadores, na medida em que os primeiros ganharam terreno nos últimos anos, de forma desenfreada e exagerada.Mário Lino. Considerava-se que o seu Ministério Natural seria o Ambiente, por via do seu know how e da obra feita na AdP. Mas, ao mesmo tempo, houve um único ministério que deixou boa imagem na governação Santana: António Mexia (podendo-se até discordar de muitas medidas, com especial enfoque para as portagens nas SCUTS) foi o único ministro que se safou do naufrágio. Por isso Sócrates tinha de ir buscar os melhores, entre os melhores. E vai-se assistir a uma total inversão de estilo. O exibicionismo vai dar origem à obra feita. E isso nem será, politicamente, o mais importante. É que a feliz indigitação de Mário Lino assegura competência técnica e capacidade de trabalho indiscutíveis, mas garante seriedade e honestidade, algo que José Sócrates percebeu ser fundamental na gestão das Obras Públicas. Esta variação saudável da prática recorrente pode, em meu entender, vir a ser eleitoralmente muito útil, sendo eticamente urgente.

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