O Comércio do Porto

15-05-2005
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Casa da Música - A festa continua

Jorge Sampaio critica afastamento de Pedro Burmester da Casa da Música Intervenção de Rui Rio, perante a atenção da comitiva chamada ao palco. Apenas Sampaio parece fixar a animação na assistência SERVIÇOS Imprimir esta página Contactar Anterior Voltar Seguinte Multimédia Imagens

O Presidente da República inaugurou ontem a Casa da Música, tecendo várias críticas ao "processo acidentado" da instituição

O primeiro ministro José Sócrates, Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura, e Rui Rio, autarca do Porto, estiveram na cerimónia

G LUÍSA MARINHO E SALOMÉ CASTRO

Uma dura crítica ao "processo acidentado" que afastou Pedro Burmester da Casa da Música (CM) foi o ponto mais aplaudido do discurso de Jorge Sampaio na inauguração, ontem à tarde, da Casa da Música.

O Presidente da República falou de um percurso "nem sempre exemplar" que deixou "imerecidamente" pessoas pelo caminho. Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, e Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura, também discursaram, mas sem polémica.

Ontem foi dia de gala na CM. Depois do primeiro concerto do programa de abertura, no dia anterior, ontem o lugar foi reservado para os VIP´s. O presidente da República Jorge Sampaio, o primeiro ministro José Sócrates, Rui Rio e Isabel Pires de Lima cumpriram o protocolo. O único que não interveio foi Sócrates.

Jorge Sampaio teve o discurso mais interventivo da inauguração, não evitando falar das polémicas em que a CM esteve e tem estado envolvida. "Esta inauguração é um virar de página. O caminho foi acidentado e nem sempre exemplar. Houve atrasos, conflitos, polémicas mal sãs, perderam-se recursos que o país não tem, e pessoas que imerecidamente ficaram pelo caminho". Esta alusão ao afastamento de Pedro Burmester da direcção artística da instituição foi recebida com muitos aplausos.

O Presidente acrescentou ainda que "há que aprender com os erros cometidos, de modo a que se tirem lições para o próprio futuro da Casa da Música". Deixou o apelo para que se olhe "para o futuro com esperança e determinação" e para que a Casa da Música seja "um grande projecto artístico" e venha ajudar a "suprir o défice de cultura musical existente no país".

Interrogado acerca da intervenção de Jorge Sampaio, Artur Santos Silva, presidente do prenunciado Conselho de Fundadores, disse esperar que seja possível encontrar as soluções para "valorizar" o projecto juntamente com Pedro Burmester, uma "pessoa com qualidades" e com uma "ligação" à Casa da Música.

Por seu lado, Isabel Pires de Lima disse concordar com as declarações de Sampaio, mas não quis responder a esse tipo de questões porque era "dia de festa".

O COMÉRCIO falou com João Teixeira Lopes, sociólogo e deputado do Bloco de Esquerda, que também esteve ligado à Porto 2001. Este afirmou que Sampaio deu "um puxão de orelhas a Rui Rio e às pessoas que tentam destruir a vida cultural da cidade". Afirmou ainda que "Pedro Burmester devia ser chamado para a direcção artística da Casa da Música e que agora existem condições políticas para que isso aconteça".

Rui Rio elogia Couto dos Santos

Rui Rui, no seu discurso de inauguração, afirmou que o mais importante agora é "olhar para o futuro" e deixar as polémicas no passado. Elogiou ainda Couto dos Santos, administrador da Casa da Música, pela "forma decidida e altruísta" com que pegou no projecto, "sem compensação material".

O presidente da Câmara começou por designar o edifício de como um "diamante lapidado por Rem Koolhaas" que, "tal como a Torre dos Clérigos e as pontes pioneiras, pode ser, por muitas gerações, uma forte marca de afirmação do Porto". Lembrou também a tradição musical do Porto, falando da violoncelista Guilhermina Suggia e da pianista Helena Sá e Costa, que se encontrava presente na cerimónia.

A ministra da Cultura caracterizou a Casa da Música como "um meteorito", tanto pela "originalidade da sua volumetria e forma" como pelo "impacto que a sua chegada comporta para a vida cultural da cidade e do país, ao provocar um choque inovador não apenas no panorama musical, quanto no arquitectónico".

Sobre o futuro da instituição, Isabel Pires de Lima disse que a figura jurídica "está ainda a ser estudada em diálogo com a Câmara Municipal do Porto, a Junta Metropolitana e ilustres representantes da sociedade civil". Afirmou que "o futuro da Casa da Música depende essencialmente da cooperação entre o sector público e o privado".

No entanto, considera "indispensável que o Estado se reserve o direito de ter um papel determinante na estratégia global da Casa da Música enquanto serviço público" e que haja "uma cada vez maior participação autárquica e da sociedade civil nos custos de funcionamento" do equipamento. A ministra disse igualmente que é necessário "assegurar uma programação à altura" da CM, que "justifique o enorme investimento nela feito".

Após os discursos de inauguração, o Presidente da República foi conhecer os cantos da Casa. Às 21h00 deu-se início da gala com um concerto da Orquestra Nacional do Porto. Os primeiros acordes que se ouviram foram os do hino nacional.

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O Comércio do Porto é um produto da Editorial Prensa Ibérica.

Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos oferecidos através deste meio, salvo autorização expressa de O Comércio do Porto

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O Presidente da República inaugurou ontem a Casa da Música, tecendo várias críticas ao "processo acidentado" da instituição

O primeiro ministro José Sócrates, Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura, e Rui Rio, autarca do Porto, estiveram na cerimónia

G LUÍSA MARINHO E SALOMÉ CASTRO

Uma dura crítica ao "processo acidentado" que afastou Pedro Burmester da Casa da Música (CM) foi o ponto mais aplaudido do discurso de Jorge Sampaio na inauguração, ontem à tarde, da Casa da Música.

O Presidente da República falou de um percurso "nem sempre exemplar" que deixou "imerecidamente" pessoas pelo caminho. Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, e Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura, também discursaram, mas sem polémica.

Ontem foi dia de gala na CM. Depois do primeiro concerto do programa de abertura, no dia anterior, ontem o lugar foi reservado para os VIP´s. O presidente da República Jorge Sampaio, o primeiro ministro José Sócrates, Rui Rio e Isabel Pires de Lima cumpriram o protocolo. O único que não interveio foi Sócrates.

Jorge Sampaio teve o discurso mais interventivo da inauguração, não evitando falar das polémicas em que a CM esteve e tem estado envolvida. "Esta inauguração é um virar de página. O caminho foi acidentado e nem sempre exemplar. Houve atrasos, conflitos, polémicas mal sãs, perderam-se recursos que o país não tem, e pessoas que imerecidamente ficaram pelo caminho". Esta alusão ao afastamento de Pedro Burmester da direcção artística da instituição foi recebida com muitos aplausos.

O Presidente acrescentou ainda que "há que aprender com os erros cometidos, de modo a que se tirem lições para o próprio futuro da Casa da Música". Deixou o apelo para que se olhe "para o futuro com esperança e determinação" e para que a Casa da Música seja "um grande projecto artístico" e venha ajudar a "suprir o défice de cultura musical existente no país".

Interrogado acerca da intervenção de Jorge Sampaio, Artur Santos Silva, presidente do prenunciado Conselho de Fundadores, disse esperar que seja possível encontrar as soluções para "valorizar" o projecto juntamente com Pedro Burmester, uma "pessoa com qualidades" e com uma "ligação" à Casa da Música.

Por seu lado, Isabel Pires de Lima disse concordar com as declarações de Sampaio, mas não quis responder a esse tipo de questões porque era "dia de festa".

O COMÉRCIO falou com João Teixeira Lopes, sociólogo e deputado do Bloco de Esquerda, que também esteve ligado à Porto 2001. Este afirmou que Sampaio deu "um puxão de orelhas a Rui Rio e às pessoas que tentam destruir a vida cultural da cidade". Afirmou ainda que "Pedro Burmester devia ser chamado para a direcção artística da Casa da Música e que agora existem condições políticas para que isso aconteça".

Rui Rio elogia Couto dos Santos

Rui Rui, no seu discurso de inauguração, afirmou que o mais importante agora é "olhar para o futuro" e deixar as polémicas no passado. Elogiou ainda Couto dos Santos, administrador da Casa da Música, pela "forma decidida e altruísta" com que pegou no projecto, "sem compensação material".

O presidente da Câmara começou por designar o edifício de como um "diamante lapidado por Rem Koolhaas" que, "tal como a Torre dos Clérigos e as pontes pioneiras, pode ser, por muitas gerações, uma forte marca de afirmação do Porto". Lembrou também a tradição musical do Porto, falando da violoncelista Guilhermina Suggia e da pianista Helena Sá e Costa, que se encontrava presente na cerimónia.

A ministra da Cultura caracterizou a Casa da Música como "um meteorito", tanto pela "originalidade da sua volumetria e forma" como pelo "impacto que a sua chegada comporta para a vida cultural da cidade e do país, ao provocar um choque inovador não apenas no panorama musical, quanto no arquitectónico".

Sobre o futuro da instituição, Isabel Pires de Lima disse que a figura jurídica "está ainda a ser estudada em diálogo com a Câmara Municipal do Porto, a Junta Metropolitana e ilustres representantes da sociedade civil". Afirmou que "o futuro da Casa da Música depende essencialmente da cooperação entre o sector público e o privado".

No entanto, considera "indispensável que o Estado se reserve o direito de ter um papel determinante na estratégia global da Casa da Música enquanto serviço público" e que haja "uma cada vez maior participação autárquica e da sociedade civil nos custos de funcionamento" do equipamento. A ministra disse igualmente que é necessário "assegurar uma programação à altura" da CM, que "justifique o enorme investimento nela feito".

Após os discursos de inauguração, o Presidente da República foi conhecer os cantos da Casa. Às 21h00 deu-se início da gala com um concerto da Orquestra Nacional do Porto. Os primeiros acordes que se ouviram foram os do hino nacional.

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