Sou contra o agora reposto na ordem do dia «acordo ortográfico», por inúmeras razões, uma das quais a sua desnecessidade e, até, a sua contradição interna, já que apregoa unificar e acaba proclamando em vários casos três grafias diferentes (por exemplo: premio/prémio/prêmio).Um dos mais disparatados argumentos esgrimidos pelos que são favoráveis ao acordo é dizer que os portugueses que são contra o acordo são contra o Brasil e a sua cultura. Este argumento, ad hominem, é falacioso. Por duas razões fundamentais, a primeira porque é um argumento que se vira contra o argumentador. Argumentam os defensores do acordo que este não é uma colonização da língua portuguesa falada em Portugal pela língua portuguesa falada no Brasil. Ora este argumento de “és contra o acordo logo és contra o Brasil” é um rabo escondido com o gato de fora, demonstrando precisamente o que se pretende negar e ocultar. Por outro lado, ser contra o acordo não é ser contra a cultura de ninguém. Há inúmeras razões para se ser contra este acordo sem beliscar a cultura de qualquer dos países. Será necessário acordo ortográfico? Para quê? Para unificar a língua (ou a ortografia)? Como se essa unificação não se faz por decreto e muito menos quando o próprio acordo prevê que ela não se unifica? Ser contra o acordo não é ser contra o Brasil ou contra a cultura Brasileira. Ser contra este acordo é ser a favor da diversidade cultural de todos os países que falam português. Quem quiser escrever em conformidade com as regras do acordo faça-o, mas não imponha essas regras a quem as não quer. Eu aprecio a cultura Brasileira, mas não quero falar com sotaque. Aprecio, muito, a literatura Brasileira mas não gosto de ler livros técnicos, por exemplo de informática, com a redacção Brasileira, porque a grafia e a sintaxe diferentes acabam por perturbar a intuição do que leio. Também pela mesma razão não uso programas informáticos na versão português do Brasil. Isso não me dificulta o contacto e o entendimento com pessoas Brasileiras, nem me torna adversário da cultura Brasileira.Respeito a diversidade e acho graça aos diferentes significado e por vezes a alguns desencontro linguísticos. Especialmente em discurso directo a interacção entre portugueses e brasileiros não é prejudicada pelas idiossincrasias das variantes próprias dos dois países, só surgem os atritos quando, numa posição infantil, alguém acha que a sua “forma de brincar” é melhor que a do vizinho e procura impô-la ao próximo (ou ao distante). Dizer que quem é contra o acordo é contra o Brasil é dizer um dislate. Gosto muito da cultura Francesa, gosto da sua literatura, da sua música, da sonoridade da língua e leio com frequência as obras francesas no original. No entanto, também não gosto de ler livros técnicos de informática em francês, uma vez mais pelas idiossincrasias da terminologia francesa em relação à informática. Isso não faz de mim um adversário da cultura Francesa.«A ortografia da língua portuguesa é regida por um conjunto de normas oficiais apresentadas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Desde o início do século XX quer em Portugal, quer no Brasil, verificaram-se preocupações em estabelecer um modelo de ortografia que pudesse ser usado como referência nas publicações oficiais e no ensino, iniciando-se assim um longo processo de convergência de ambas as ortografias.No ano de 1943 realiza-se em Lisboa um encontro entre os dois países com o objectivo de uniformizar os dois vocabulários já publicados, o da Academia das Ciências de Lisboa em 1940 e o da Academia Brasileira de Letras em 1943. Este encontro originou o Acordo Ortográfico de 1945, que apenas se tornou vigente em Portugal, não tendo sido ratificado pelo Brasil que continua a reger-se pelo Vocabulário de 1943.Em 1986 foi feita, no Brasil, uma nova tentativa de uniformização mas não se chegou a nenhum consenso. Anos mais tarde, fruto de um longo trabalho desenvolvido por ambas as Academias, os representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinam o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, ao qual em 2004 adere Timor. O texto do acordo de 1990 não entrou em vigor por falta de ratificação. Em suma, vigora no Brasil o Formulário Ortográfico de 1943 e em Portugal e nos restantes países da CPLP (Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa) o Acordo Ortográfico de 1945.Tal como os acordos, também as nomenclaturas gramaticais são diferentes em Portugal e no Brasil. A legislação que coloca em vigor a Nomenclatura Gramatical Brasileira data de 28 de Janeiro de 1959, enquanto que a equivalente portuguesa é de 28 de Abril de 1967.» (portal da língua portuguesa)A história diz-nos que o resultado dos acordos ortográficos referentes à língua portuguesa é o desacordo na sua aplicação. Já agora talvez fosse interessante ler o que pensa o Brasil sobre o acordo, e talvez ler o próprio acordo (o desporto preferido dos portugueses não é o futebol, é sim ter fortes opiniões sobre, e especialmente, o que se desconhece). Língua Brasileira | Governo Brasileiro | O globo | portas das letras | UNIFAIIntervençom de Alexandre Banhos, presidente da Associaçom Galega da Língua (AGAL), na Assembleia da República Portuguesa, na Conferência Internacional Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.Novas regras da língua portuguesaReportagem RTP1 sobre a Conferência do Acordo OrtográficoReportagem RTP1 sobre a Conferência do Acordo OrtográficoPolémica sobre o Acordo OrtográficoSBT BRASIL : Nossa "nova" língua portuguesa
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Sou contra o agora reposto na ordem do dia «acordo ortográfico», por inúmeras razões, uma das quais a sua desnecessidade e, até, a sua contradição interna, já que apregoa unificar e acaba proclamando em vários casos três grafias diferentes (por exemplo: premio/prémio/prêmio).Um dos mais disparatados argumentos esgrimidos pelos que são favoráveis ao acordo é dizer que os portugueses que são contra o acordo são contra o Brasil e a sua cultura. Este argumento, ad hominem, é falacioso. Por duas razões fundamentais, a primeira porque é um argumento que se vira contra o argumentador. Argumentam os defensores do acordo que este não é uma colonização da língua portuguesa falada em Portugal pela língua portuguesa falada no Brasil. Ora este argumento de “és contra o acordo logo és contra o Brasil” é um rabo escondido com o gato de fora, demonstrando precisamente o que se pretende negar e ocultar. Por outro lado, ser contra o acordo não é ser contra a cultura de ninguém. Há inúmeras razões para se ser contra este acordo sem beliscar a cultura de qualquer dos países. Será necessário acordo ortográfico? Para quê? Para unificar a língua (ou a ortografia)? Como se essa unificação não se faz por decreto e muito menos quando o próprio acordo prevê que ela não se unifica? Ser contra o acordo não é ser contra o Brasil ou contra a cultura Brasileira. Ser contra este acordo é ser a favor da diversidade cultural de todos os países que falam português. Quem quiser escrever em conformidade com as regras do acordo faça-o, mas não imponha essas regras a quem as não quer. Eu aprecio a cultura Brasileira, mas não quero falar com sotaque. Aprecio, muito, a literatura Brasileira mas não gosto de ler livros técnicos, por exemplo de informática, com a redacção Brasileira, porque a grafia e a sintaxe diferentes acabam por perturbar a intuição do que leio. Também pela mesma razão não uso programas informáticos na versão português do Brasil. Isso não me dificulta o contacto e o entendimento com pessoas Brasileiras, nem me torna adversário da cultura Brasileira.Respeito a diversidade e acho graça aos diferentes significado e por vezes a alguns desencontro linguísticos. Especialmente em discurso directo a interacção entre portugueses e brasileiros não é prejudicada pelas idiossincrasias das variantes próprias dos dois países, só surgem os atritos quando, numa posição infantil, alguém acha que a sua “forma de brincar” é melhor que a do vizinho e procura impô-la ao próximo (ou ao distante). Dizer que quem é contra o acordo é contra o Brasil é dizer um dislate. Gosto muito da cultura Francesa, gosto da sua literatura, da sua música, da sonoridade da língua e leio com frequência as obras francesas no original. No entanto, também não gosto de ler livros técnicos de informática em francês, uma vez mais pelas idiossincrasias da terminologia francesa em relação à informática. Isso não faz de mim um adversário da cultura Francesa.«A ortografia da língua portuguesa é regida por um conjunto de normas oficiais apresentadas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Desde o início do século XX quer em Portugal, quer no Brasil, verificaram-se preocupações em estabelecer um modelo de ortografia que pudesse ser usado como referência nas publicações oficiais e no ensino, iniciando-se assim um longo processo de convergência de ambas as ortografias.No ano de 1943 realiza-se em Lisboa um encontro entre os dois países com o objectivo de uniformizar os dois vocabulários já publicados, o da Academia das Ciências de Lisboa em 1940 e o da Academia Brasileira de Letras em 1943. Este encontro originou o Acordo Ortográfico de 1945, que apenas se tornou vigente em Portugal, não tendo sido ratificado pelo Brasil que continua a reger-se pelo Vocabulário de 1943.Em 1986 foi feita, no Brasil, uma nova tentativa de uniformização mas não se chegou a nenhum consenso. Anos mais tarde, fruto de um longo trabalho desenvolvido por ambas as Academias, os representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinam o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, ao qual em 2004 adere Timor. O texto do acordo de 1990 não entrou em vigor por falta de ratificação. Em suma, vigora no Brasil o Formulário Ortográfico de 1943 e em Portugal e nos restantes países da CPLP (Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa) o Acordo Ortográfico de 1945.Tal como os acordos, também as nomenclaturas gramaticais são diferentes em Portugal e no Brasil. A legislação que coloca em vigor a Nomenclatura Gramatical Brasileira data de 28 de Janeiro de 1959, enquanto que a equivalente portuguesa é de 28 de Abril de 1967.» (portal da língua portuguesa)A história diz-nos que o resultado dos acordos ortográficos referentes à língua portuguesa é o desacordo na sua aplicação. Já agora talvez fosse interessante ler o que pensa o Brasil sobre o acordo, e talvez ler o próprio acordo (o desporto preferido dos portugueses não é o futebol, é sim ter fortes opiniões sobre, e especialmente, o que se desconhece). Língua Brasileira | Governo Brasileiro | O globo | portas das letras | UNIFAIIntervençom de Alexandre Banhos, presidente da Associaçom Galega da Língua (AGAL), na Assembleia da República Portuguesa, na Conferência Internacional Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.Novas regras da língua portuguesaReportagem RTP1 sobre a Conferência do Acordo OrtográficoReportagem RTP1 sobre a Conferência do Acordo OrtográficoPolémica sobre o Acordo OrtográficoSBT BRASIL : Nossa "nova" língua portuguesa