No Centro do Arco: Entidade Superior

20-07-2009
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Explicação de deus enquanto pedra Fulmina-me, atravessa o meu corpo com as tuas lâminas o amor não és tu, nunca o serás no mundo das rupturas! Não te compadeças de mim, escuta o meu desafio justo que vai subindo irado no reverso corpóreo das bocas, olha-me nos olhos húmidos dos cães raivosos de frechas. Ao pé do teu divino reflexo a tua covarde indiferença, olha estas incisões esquivas como monstros em chamas entre as cidades invisíveis e a morte discerne da sílaba. Já contra a carne para embeber as tuas dúvidas, a loucura, a mentira, a injúria, vozes num espaço opaco, cuja traição só tu serias capaz de moldar como tributo em todos nós - digo que todo o teu santo nome é repudiado sob as algas. Se as tuas generosas dádivas se fincassem como ofício puro a tua memória seria amaldiçoada esconjurada entre o pó como um eco, pesadelo longínquo dos homens primitivos. Ergue-se por fim a nuvem a melancolia intangível do verbo a hegemonia transitória da sombra que te oculta dos mortos. E agora é o aperto dos dedos que abatidos se acorrentam. A pedra está dobrada sobre si mesma, transbordante de luz como se desabrochasse nos abismos profusos da cegueira. Quero emergir sob a glória da minha guerra. Mas a pedra está despida por dentro, o coração – então morrerei solitário. João Rasteiro


Explicação de deus enquanto pedra Fulmina-me, atravessa o meu corpo com as tuas lâminas o amor não és tu, nunca o serás no mundo das rupturas! Não te compadeças de mim, escuta o meu desafio justo que vai subindo irado no reverso corpóreo das bocas, olha-me nos olhos húmidos dos cães raivosos de frechas. Ao pé do teu divino reflexo a tua covarde indiferença, olha estas incisões esquivas como monstros em chamas entre as cidades invisíveis e a morte discerne da sílaba. Já contra a carne para embeber as tuas dúvidas, a loucura, a mentira, a injúria, vozes num espaço opaco, cuja traição só tu serias capaz de moldar como tributo em todos nós - digo que todo o teu santo nome é repudiado sob as algas. Se as tuas generosas dádivas se fincassem como ofício puro a tua memória seria amaldiçoada esconjurada entre o pó como um eco, pesadelo longínquo dos homens primitivos. Ergue-se por fim a nuvem a melancolia intangível do verbo a hegemonia transitória da sombra que te oculta dos mortos. E agora é o aperto dos dedos que abatidos se acorrentam. A pedra está dobrada sobre si mesma, transbordante de luz como se desabrochasse nos abismos profusos da cegueira. Quero emergir sob a glória da minha guerra. Mas a pedra está despida por dentro, o coração – então morrerei solitário. João Rasteiro

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