Fanicos : Os “Gulags” de Lisboa

19-02-2006
marcar artigo

Primeiro foi o Bairro Alto. Agora vai ser a Bica e Sta. Catarina. Depois virá (parece) a Mouraria – ou será a Magradoa ?. Não tarda muito, será a minha vez, de viver num Goulag de Lisboa. Onde ? no “meu” Chiado. O que querido Chiado, onde a sorte me fez nascer, crescer e viver até hoje. E onde espero vir a morrer ao som dos tlins-tlins do eléctrico 28. Até hoje, tenho vivido livre, e não trocava os 56 degraus que tenho que galgar para chegar a casa, por nenhum “condomínio fechado” do mundo, com direito a elevador, sauna, jaccuzi e tudo !Odeio a palavra “fechado”. Cheira a prisão. Mas já me deram a provar: foi aqui há uns tempos quando o “Comissário dos Gulags de Lisboa” decidiu cortar o transito no meu bairro durante alguns fins de semana. Concedeu-me Sua Excelência a falsa “liberdade” de poder sair e entrar – mordomias de residente – mas impediu-me de receber quem quer que fosse em minha casa … Quais visitas, quais amigos ! Nem mesmo os meus filhos me podiam trazer os netos !Eu sei, eu sei, que há um parque de estacionamento no Camões mas … e arranjar lá um lugar vago ?E trazer bebés ao colo, mais toda a parafrenália inerente - maxi-cosis, o sacos de fraldas e biberons, etc.etc. – a uma distância que não é tão pequena como isso, quer faça sol quer faça chuva ?E a minha Mãe, com os seus oitenta e muitos anos ?Quis festejar os meus anos, num Sábado, com um jantar de amigos lá em casa. Recebi tanta desculpa esfarrapada ao meu pobre convite … que desisti. E, como me recuso a festejar os meus anos num restaurante (além de que sai caríssimo), olhem: fiquei a jantar sozinha, em tête-à-tête com o meu marido … Pois. Um Goulag é como um cemitério ao contrário: a gente pode sair, mas ninguém pode entrar. Resultado: quem fica em casa, fica só, e é bem feita !Por falar em cemitérios … o meu Goulag, vai ter um grande privilégio: o eléctrico 28, para os Prazeres. Graças a ele, talvez tenha alguém a acompanhar-me à minha “última morada”. Mas os “benefícios” de viver num Goulag, não ficam por aqui. Longe disso. Hoje, porém, não digo mais nada.E quem quiser saber mais, que experimente dar um pulinho – a pé, claro – ao posto da “Caixa” da Luz Soriano, que “serve”, entre outros, os moradores do Bairro Alto. E abra bem os ouvidos …

Primeiro foi o Bairro Alto. Agora vai ser a Bica e Sta. Catarina. Depois virá (parece) a Mouraria – ou será a Magradoa ?. Não tarda muito, será a minha vez, de viver num Goulag de Lisboa. Onde ? no “meu” Chiado. O que querido Chiado, onde a sorte me fez nascer, crescer e viver até hoje. E onde espero vir a morrer ao som dos tlins-tlins do eléctrico 28. Até hoje, tenho vivido livre, e não trocava os 56 degraus que tenho que galgar para chegar a casa, por nenhum “condomínio fechado” do mundo, com direito a elevador, sauna, jaccuzi e tudo !Odeio a palavra “fechado”. Cheira a prisão. Mas já me deram a provar: foi aqui há uns tempos quando o “Comissário dos Gulags de Lisboa” decidiu cortar o transito no meu bairro durante alguns fins de semana. Concedeu-me Sua Excelência a falsa “liberdade” de poder sair e entrar – mordomias de residente – mas impediu-me de receber quem quer que fosse em minha casa … Quais visitas, quais amigos ! Nem mesmo os meus filhos me podiam trazer os netos !Eu sei, eu sei, que há um parque de estacionamento no Camões mas … e arranjar lá um lugar vago ?E trazer bebés ao colo, mais toda a parafrenália inerente - maxi-cosis, o sacos de fraldas e biberons, etc.etc. – a uma distância que não é tão pequena como isso, quer faça sol quer faça chuva ?E a minha Mãe, com os seus oitenta e muitos anos ?Quis festejar os meus anos, num Sábado, com um jantar de amigos lá em casa. Recebi tanta desculpa esfarrapada ao meu pobre convite … que desisti. E, como me recuso a festejar os meus anos num restaurante (além de que sai caríssimo), olhem: fiquei a jantar sozinha, em tête-à-tête com o meu marido … Pois. Um Goulag é como um cemitério ao contrário: a gente pode sair, mas ninguém pode entrar. Resultado: quem fica em casa, fica só, e é bem feita !Por falar em cemitérios … o meu Goulag, vai ter um grande privilégio: o eléctrico 28, para os Prazeres. Graças a ele, talvez tenha alguém a acompanhar-me à minha “última morada”. Mas os “benefícios” de viver num Goulag, não ficam por aqui. Longe disso. Hoje, porém, não digo mais nada.E quem quiser saber mais, que experimente dar um pulinho – a pé, claro – ao posto da “Caixa” da Luz Soriano, que “serve”, entre outros, os moradores do Bairro Alto. E abra bem os ouvidos …

marcar artigo