antreus: Reencontros...

05-07-2009
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No passado fim-de-semana tive dois reencontros de amigos, dos tempos da juventude, e que todos os anos se realizam.Esses reencontros, que têm motivações comuns, são convívios, desfiar de recordações, pôr a escrita em dia e tam,bém revisitar as escolas.Já estamos com idades entre os 40 e os setenta e tal. Alguns já nos deixaram. Parte deles reformados, mas mantendo, quase todos, alguma actividade profissional. Ligados à vida real, não vivendo apenas de memórias, muitos tendo tido papel destacado na luta democrática incluindo nas forças armadas, onde integraram o MFA, muitos mantendo hoje uma actividade cívica assinalável, embora seja grande a diversidade das respectivas formações políticas e ideológicas. Mas ligados por amizades que não deixam de ser abaladas pelos conflitos que naturalmente decorrem de nos situarmos em campos diferentes.Num caso foi o reencontro anual de antigos dirigentes, colaboradores e trabalhadores da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) dos últimos vinte anos antes da conquista da liberdade.O tema do encontro, que se têm realizado na cantina da AEIST, desta vez foi os 40 anos passados sobre a crise estudantil de 1969, onde avultou a luta dos estudantes de Coimbra, num ano de todas as lutas também em Lisboa e no Porto. Por isso convidamos o Pena dos Reis, presidente da Junta de Delegados de então em Coimbra, o Aranda da Silva, à data dirigente da Associação de Estudantes de Farmácia do Porto e o Artur Silva, activista da AEIST que participava por ela nas reuniões da RIA, onde se coordenavam acções do movimento de solidariedade com a Universidade de Coimbra. Não evocaram no fundamental as lutas passadas mas trouxeram-nos reflexões sobre o presente.Pelo caminho destes encontros, alguns de nós têm estado a fazer a história da AEIST, a recolher documentos e depoimentos e o que se pode dizer é que há imensas coisas que ainda têm que ser registadas, depois do natural confronto de interpretações de acontecimentos e atitudes em período que foi de forte contestação do fascismo e contributo importante para a sua queda mas também de tensões entre nós próprios.Num outro caso foi o almoço de antigos alunos do Liceu Gil Vicente, no liceu, ali na Rua da Verónica, a meio caminho entre a Graça e o Campo de Santa Clara.Aqui não havia tema. Connosco estavam o Sr. Pinto, responsável então pelo Laboratório de Química, onde aprendi a gostar desta área, na qual me viria a formar uns anos depois no IST e também o Sr. Vicente, contínuo que nos topava a todos. O liceu tinha durante o período em que o frequentei uma razoável presença de estudantes e professores de esquerda, vários já com ligações ao PCP, uma Mocidade Portuguesa que não atraía ninguém e um Reitor, apoiante do regime fascista mas já ciente de que ele sofria os embates de outras vidas que configuravam um futuro regime democrático. Não me esqueço que me apanhou em 1962 a distribuir propaganda do 1º de Maio no liceu, olhou para mim, e virou-me as costas. E, como não podia deixar de ser, o repasto terminou com a bola de berlim com creme que nos levava a formar fila à janela da cantina nos intervalos da manhã.


No passado fim-de-semana tive dois reencontros de amigos, dos tempos da juventude, e que todos os anos se realizam.Esses reencontros, que têm motivações comuns, são convívios, desfiar de recordações, pôr a escrita em dia e tam,bém revisitar as escolas.Já estamos com idades entre os 40 e os setenta e tal. Alguns já nos deixaram. Parte deles reformados, mas mantendo, quase todos, alguma actividade profissional. Ligados à vida real, não vivendo apenas de memórias, muitos tendo tido papel destacado na luta democrática incluindo nas forças armadas, onde integraram o MFA, muitos mantendo hoje uma actividade cívica assinalável, embora seja grande a diversidade das respectivas formações políticas e ideológicas. Mas ligados por amizades que não deixam de ser abaladas pelos conflitos que naturalmente decorrem de nos situarmos em campos diferentes.Num caso foi o reencontro anual de antigos dirigentes, colaboradores e trabalhadores da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) dos últimos vinte anos antes da conquista da liberdade.O tema do encontro, que se têm realizado na cantina da AEIST, desta vez foi os 40 anos passados sobre a crise estudantil de 1969, onde avultou a luta dos estudantes de Coimbra, num ano de todas as lutas também em Lisboa e no Porto. Por isso convidamos o Pena dos Reis, presidente da Junta de Delegados de então em Coimbra, o Aranda da Silva, à data dirigente da Associação de Estudantes de Farmácia do Porto e o Artur Silva, activista da AEIST que participava por ela nas reuniões da RIA, onde se coordenavam acções do movimento de solidariedade com a Universidade de Coimbra. Não evocaram no fundamental as lutas passadas mas trouxeram-nos reflexões sobre o presente.Pelo caminho destes encontros, alguns de nós têm estado a fazer a história da AEIST, a recolher documentos e depoimentos e o que se pode dizer é que há imensas coisas que ainda têm que ser registadas, depois do natural confronto de interpretações de acontecimentos e atitudes em período que foi de forte contestação do fascismo e contributo importante para a sua queda mas também de tensões entre nós próprios.Num outro caso foi o almoço de antigos alunos do Liceu Gil Vicente, no liceu, ali na Rua da Verónica, a meio caminho entre a Graça e o Campo de Santa Clara.Aqui não havia tema. Connosco estavam o Sr. Pinto, responsável então pelo Laboratório de Química, onde aprendi a gostar desta área, na qual me viria a formar uns anos depois no IST e também o Sr. Vicente, contínuo que nos topava a todos. O liceu tinha durante o período em que o frequentei uma razoável presença de estudantes e professores de esquerda, vários já com ligações ao PCP, uma Mocidade Portuguesa que não atraía ninguém e um Reitor, apoiante do regime fascista mas já ciente de que ele sofria os embates de outras vidas que configuravam um futuro regime democrático. Não me esqueço que me apanhou em 1962 a distribuir propaganda do 1º de Maio no liceu, olhou para mim, e virou-me as costas. E, como não podia deixar de ser, o repasto terminou com a bola de berlim com creme que nos levava a formar fila à janela da cantina nos intervalos da manhã.

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