dissonantes

25-02-2008
marcar artigo

"Avaliação de resultados", diz Santana Lopes

O que fica deste debate do orçamento, que o PS viabilizou, isolado, como se esperava?

Ontem Santana Lopes esteve inspirado no seu discurso. E foi convincente. Introduziu no debate, de forma incisiva, a necessidade de uma avaliação de resultados.

“Avaliação de resultados é a missão da Oposição no Parlamento.” Até porque, lembrou, vamos “a meio da legislatura do actual governo” e é natural “fazer-se um balanço”. Propôs mesmo um exercício imparcial, por Vitor Constâncio, tal como foi efectuado em 2005. Desafio que o actual governo não aceitou, mas que ficou registado.

Alertou para a imprecisão dos números apresentados pelo governo, assim como a imprecisão das previsões. Questionou o modelo de desenvolvimento para o país revelado pelo governo e por este orçamento, com implicações na definição de estratégias e medidas erradas. “A questão é o modelo de desenvolvimento que se quer para o país”, insistiu.

Lembrou o combate à evasão fiscal iniciado no governo de Durão Barroso, porque que “o que não fica bem é a distorção da verdade”. E insistiu na necessidade de “um Programa que dê confiança ao país: seguir o caminho da dificuldade mas permitindo a criação de riqueza.”

“O crescimento económico é sólido se baseado no investimento. O país precisa de criação de riqueza, de produtividade”, insistiu. “É preciso criar acordos, dar estímulos.” Outro desafio que o governo não aceitou mas que ficou registado.

“O país não pode continuar à mercê de caprichos eleitorais.” (Gostava de ter visto a cara do ministro das Finanças que tinha já esgotado o seu lapso do dia: de manhã afirmou não haver descidas de impostos até 2010 e à tarde já dava o dito por não dito…)

Hoje, ao anunciar o chumbo do orçamento na generalidade pelo PSD, Patinha Antão lembrou a “comparação fraudulenta com governos anteriores” que este governo tem utilizado como “falácia e muleta”, aconselhando a leitura de um Relatório da Comissão Europeia em que se apresentam os erros das políticas económicas do governo Guterres de 1996-2001.

Alertou para a “venda a pataco de serviço público”, com este “novo regime de concessões da Estradas de Portugal, por ajuste directo, sem qualquer controlo financeiro”, e que implica um “saque aos contribuintes que ainda não nasceram”, devido “aos delírios de grandeza do actual primeiro-ministro.”

(Já tinha sido hilariante ver Louçã no Parlamento a mostrar todas as páginas do orçamento, ponto por ponto, e a afirmar convictamente, que a Estradas de Portugal “não está lá!”… e o ministro das Finanças a garantir-lhe que está e que já explicou tudo isso… Aliás, toda a Oposição afirma que a Estradas de Portugal está fora do orçamento. Só o ministro considera que está orçamentada… Realmente, aquela concessão por noventa e tal anos… Não admira que Louçã se tenha referido a estes negócios como “capitalismo de Estado”…)

sinto-me: pensativa

música: "Two Worlds", de Daniel Lanois, em "Belladonna"

Parabéns à Oposição!

Quem ganhou o debate do Orçamento de Estado, neste primeiro dia, foi a oposição. Pelo seu sentido de estado e cidadania. Pela sua interiorização de uma democracia com qualidade. Porque é isso que está em causa. O exercício da democracia e da representação dos interesses de um país e de cidadãos! É por isso que cada vez me é mais difícil e penoso ler as análises políticas e outras nos jornais… Pela sua superficialidade e vistas curtas… Raramente percebem o que está verdadeiramente em causa.

É que, francamente, defender que o actual primeiro-ministro ganhou o debate é de deitar as mãos à cabeça! Mas ganhou o quê, em quê? No sarcasmo? Na propaganda de feira? Nos argumentos previamente gravados no ship e repetidos até à exaustão? Mas isso é que é debater coisa alguma? Irei analisar este espécimen com mais pormenor daqui a pouco…

Aliás, toda a oposição esteve inspirada. Santana Lopes, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, Francisco Louçã, Heloísa Apolónia. Assim como Patinha Antão, José Mendes Martins, Honório Novo, Teresa Caeiro… não me lembro agora de todos…

Sentido de estado, de cidadania, de serviço público, de exercício da democracia com qualidade e dignidade. Porque é isso precisamente que os cidadãos deste país precisam e desejam há anos! Está toda a oposição de Parabéns!

A indelicadeza e o sarcasmo com que o primeiro-ministro saudou Santana Lopes não são próprios de um espaço nobre como é o Parlamento. Santana Lopes não quis responder no mesmo registo e guardou-se para outras fases do debate.

Discordo dos que dizem que este “duelo” ocupou a primeira parte do debate. Não pode haver duelo quando um dos adversários escolhe sempre a mesma artilharia: as piadas de mau gosto e o sarcasmo… com a claque mimética, a triste bancada do PS…

Jerónimo já aprendeu a não valorizar a gravação do ship com que o actual primeiro-ministro brinda sempre a bancada comunista… Falou bem e depressa, inflamado, corado até! Por momentos temi pela sua pressão arterial… Hilariante é ver como as posições se invertem quando são os próprios comunistas a dizer a um socialista no poder: é sempre a mesma cassete…

Paulo Portas também levou com epítetos completamente desajustados (“frases feitas”, “narcísico”, e outros do género). O actual primeiro-ministro, que não tem dotes de oratória, investe nos adversários políticos com a linguagem que lhe é mais acessível… não respondendo novamente a nenhuma das questões…

A argumentação de Paulo Portas baseou-se em factos, constatações e propostas. E ancorou a credibilidade política no trabalho e na competência. Que defendeu com unhas e dentes.

Louçã agarra-se aos documentos, mostra as páginas, simplifica o discurso e, como sempre, não vê respondida nenhuma das questões que apresenta…

Um momento particularmente delicioso, para descomprimir, o da deputada do CDS/PP, Teresa Caeiro, numa fabulosa “interpelação” que pretendia (e conseguiu), ser uma resposta a algumas provocações do primeiro-ministro! Foi a vacina de prevenção do cancro do colo do útero que acabou por estar na origem deste momento delicioso, com Teresa Caeiro a “interpelar a mesa”… a responder à provocação… e reparem bem no nível da provocação do primeiro-ministro… de suposta “ciumeira” por não ter sido o CDS a implementar a medida…

Por segundos, e isto é absolutamente inédito!, todos os deputados se uniram naquele momento verdadeiramente delicioso! Há momentos assim…

Parabéns à Oposição!

sinto-me: com esperança

música: "Don't Give Up", de Peter Gabriel & Kate Bush

"Avaliação de resultados", diz Santana Lopes

O que fica deste debate do orçamento, que o PS viabilizou, isolado, como se esperava?

Ontem Santana Lopes esteve inspirado no seu discurso. E foi convincente. Introduziu no debate, de forma incisiva, a necessidade de uma avaliação de resultados.

“Avaliação de resultados é a missão da Oposição no Parlamento.” Até porque, lembrou, vamos “a meio da legislatura do actual governo” e é natural “fazer-se um balanço”. Propôs mesmo um exercício imparcial, por Vitor Constâncio, tal como foi efectuado em 2005. Desafio que o actual governo não aceitou, mas que ficou registado.

Alertou para a imprecisão dos números apresentados pelo governo, assim como a imprecisão das previsões. Questionou o modelo de desenvolvimento para o país revelado pelo governo e por este orçamento, com implicações na definição de estratégias e medidas erradas. “A questão é o modelo de desenvolvimento que se quer para o país”, insistiu.

Lembrou o combate à evasão fiscal iniciado no governo de Durão Barroso, porque que “o que não fica bem é a distorção da verdade”. E insistiu na necessidade de “um Programa que dê confiança ao país: seguir o caminho da dificuldade mas permitindo a criação de riqueza.”

“O crescimento económico é sólido se baseado no investimento. O país precisa de criação de riqueza, de produtividade”, insistiu. “É preciso criar acordos, dar estímulos.” Outro desafio que o governo não aceitou mas que ficou registado.

“O país não pode continuar à mercê de caprichos eleitorais.” (Gostava de ter visto a cara do ministro das Finanças que tinha já esgotado o seu lapso do dia: de manhã afirmou não haver descidas de impostos até 2010 e à tarde já dava o dito por não dito…)

Hoje, ao anunciar o chumbo do orçamento na generalidade pelo PSD, Patinha Antão lembrou a “comparação fraudulenta com governos anteriores” que este governo tem utilizado como “falácia e muleta”, aconselhando a leitura de um Relatório da Comissão Europeia em que se apresentam os erros das políticas económicas do governo Guterres de 1996-2001.

Alertou para a “venda a pataco de serviço público”, com este “novo regime de concessões da Estradas de Portugal, por ajuste directo, sem qualquer controlo financeiro”, e que implica um “saque aos contribuintes que ainda não nasceram”, devido “aos delírios de grandeza do actual primeiro-ministro.”

(Já tinha sido hilariante ver Louçã no Parlamento a mostrar todas as páginas do orçamento, ponto por ponto, e a afirmar convictamente, que a Estradas de Portugal “não está lá!”… e o ministro das Finanças a garantir-lhe que está e que já explicou tudo isso… Aliás, toda a Oposição afirma que a Estradas de Portugal está fora do orçamento. Só o ministro considera que está orçamentada… Realmente, aquela concessão por noventa e tal anos… Não admira que Louçã se tenha referido a estes negócios como “capitalismo de Estado”…)

sinto-me: pensativa

música: "Two Worlds", de Daniel Lanois, em "Belladonna"

Parabéns à Oposição!

Quem ganhou o debate do Orçamento de Estado, neste primeiro dia, foi a oposição. Pelo seu sentido de estado e cidadania. Pela sua interiorização de uma democracia com qualidade. Porque é isso que está em causa. O exercício da democracia e da representação dos interesses de um país e de cidadãos! É por isso que cada vez me é mais difícil e penoso ler as análises políticas e outras nos jornais… Pela sua superficialidade e vistas curtas… Raramente percebem o que está verdadeiramente em causa.

É que, francamente, defender que o actual primeiro-ministro ganhou o debate é de deitar as mãos à cabeça! Mas ganhou o quê, em quê? No sarcasmo? Na propaganda de feira? Nos argumentos previamente gravados no ship e repetidos até à exaustão? Mas isso é que é debater coisa alguma? Irei analisar este espécimen com mais pormenor daqui a pouco…

Aliás, toda a oposição esteve inspirada. Santana Lopes, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, Francisco Louçã, Heloísa Apolónia. Assim como Patinha Antão, José Mendes Martins, Honório Novo, Teresa Caeiro… não me lembro agora de todos…

Sentido de estado, de cidadania, de serviço público, de exercício da democracia com qualidade e dignidade. Porque é isso precisamente que os cidadãos deste país precisam e desejam há anos! Está toda a oposição de Parabéns!

A indelicadeza e o sarcasmo com que o primeiro-ministro saudou Santana Lopes não são próprios de um espaço nobre como é o Parlamento. Santana Lopes não quis responder no mesmo registo e guardou-se para outras fases do debate.

Discordo dos que dizem que este “duelo” ocupou a primeira parte do debate. Não pode haver duelo quando um dos adversários escolhe sempre a mesma artilharia: as piadas de mau gosto e o sarcasmo… com a claque mimética, a triste bancada do PS…

Jerónimo já aprendeu a não valorizar a gravação do ship com que o actual primeiro-ministro brinda sempre a bancada comunista… Falou bem e depressa, inflamado, corado até! Por momentos temi pela sua pressão arterial… Hilariante é ver como as posições se invertem quando são os próprios comunistas a dizer a um socialista no poder: é sempre a mesma cassete…

Paulo Portas também levou com epítetos completamente desajustados (“frases feitas”, “narcísico”, e outros do género). O actual primeiro-ministro, que não tem dotes de oratória, investe nos adversários políticos com a linguagem que lhe é mais acessível… não respondendo novamente a nenhuma das questões…

A argumentação de Paulo Portas baseou-se em factos, constatações e propostas. E ancorou a credibilidade política no trabalho e na competência. Que defendeu com unhas e dentes.

Louçã agarra-se aos documentos, mostra as páginas, simplifica o discurso e, como sempre, não vê respondida nenhuma das questões que apresenta…

Um momento particularmente delicioso, para descomprimir, o da deputada do CDS/PP, Teresa Caeiro, numa fabulosa “interpelação” que pretendia (e conseguiu), ser uma resposta a algumas provocações do primeiro-ministro! Foi a vacina de prevenção do cancro do colo do útero que acabou por estar na origem deste momento delicioso, com Teresa Caeiro a “interpelar a mesa”… a responder à provocação… e reparem bem no nível da provocação do primeiro-ministro… de suposta “ciumeira” por não ter sido o CDS a implementar a medida…

Por segundos, e isto é absolutamente inédito!, todos os deputados se uniram naquele momento verdadeiramente delicioso! Há momentos assim…

Parabéns à Oposição!

sinto-me: com esperança

música: "Don't Give Up", de Peter Gabriel & Kate Bush

marcar artigo