ARBIFUTE: "Fora de Jogo"

29-09-2009
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"Fora de Jogo" - 1# Luís Reforço

Nome Completo: Luís Alberto Cansado ReforçoData de Nascimento: 01/08/1974 (34 anos)Profissão: Funcionário públicoAssociação: A F SetúbalÁrbitro desde:1992/1993Arbifute: Caso a profissionalização no sector da arbitragem avance em Portugal, sentes-te capaz de integrar um possível lote de árbitros profissionais? Porquê? Luís Reforço: De acordo com os objectivos da Liga no mandato do Dr. Hermínio Loureiro, os árbitros profissionais em Portugal passarão a ser uma realidade e eu fazendo parte do quadro de árbitros da 1ª categoria nacional e com a profissão que desempenho estarei em condições privilegiadas para integrar esse lote. Na verdade pelo simples fato que, profissionalmente, passaria a dedicar-me em exclusivo à atividade que durante a minha vida mais me seduziu e mais me motiva. Arbifute: Muito se fala das novas tecnologias, ou como uns dizem, "meios auxiliares dos árbitros", na tua opinião seria benéfico para o futebol essa medida? LR: Penso que não haverá volta a dar e que as novas tecnologias vão mesmo chegar aos árbitros de forma a que estes assegurem a verdade desportiva com maior eficácia. O entrave reside na FIFA que pretende que as condições que o futebol de topo possui seja igual aquele que se joga de forma mais rudimentar. É um ponto de vista que temos que aceitar e compreender. É evidente que as novas tecnologias, especialmente o recurso a imagens, seriam uma mais-valia para a tomada de decisões. Arbifute: Os árbitros de baliza seriam uma boa alternativa aos meios tecnológicos? LR: Os árbitros de baliza seriam uma solução dissuasora de infracções uma vez que estariam permanentemente perto da baliza, local onde se cometem as infracções determinantes do jogo mas parece-me que seria muito mais fácil (apesar de mais oneroso) implementar o recurso a imagens mediante certos requisitos do que os árbitros de baliza, até porque os árbitros em Portugal não abundam... Arbifute: Como estás a avaliar a arbitragem esta época na Liga? Tem existido muito polémica, muitos erros, muitas declarações polémicas de alguns treinadores e dirigentes, não seria altura de uma mudança, por exemplo com castigos pesados para todos aqueles que «aterrorizam» os árbitros? LR: Em relação à 1ª pergunta, penso que a arbitragem tem sido claramente positiva. Tem havido erros, o que é natural e até expetável, não só das equipas de arbitragem mas também dos jogadores e até dos treinadores. Agora, não me parece que seja a arbitragem o elo mais fraco dos campeonatos profissionais.Quanto à 2ª pergunta, penso que é na questão da mentalidade que reside o principal problema do nosso fenómeno desportivo. Para mim, é lógico que deveriam haver castigos mais pesados para todos os intervenientes que comentassem negativamente o desempenho dos árbitros e/ou da competição onde estivessem envolvidos, em especial, fora dos dias em que o jogo desse clube se realizasse.Não me parece que desacreditar continuadamente o espectáculo seja a melhor solução, ou positivo até, para o clube interveniente. Penso que uma atitude positiva perante as adversidades trará sempre melhores resultados futuros, até numa perspetiva de captação de receitas que todos os clubes desejam atualmente. Até porque o desígnio comum de todos os intervenientes nas competições profissionais será o de prestigiar o futebol. Pelo menos deveria ser... Arbifute: Como Presidente de um núcleo de árbitros (NCAF Barreiro), não sentes que devia ser feito algo para criar condições aos árbitros jovens a progredirem nas suas carreiras e terem condições para tal? Visto que muitos abandonam a carreira quando são encaminhados para os «recibos verdes». LR: Naturalmente que sim. Que deveria ter sido feito e logo em 2005 quando os recibos verdes avançaram. Agora, é tarde para reverter os danos causados por essa decisão governamental. O que poderia ser feito, mesmo agora, era sensibilizar quem de direito (Ministro das Finanças, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, ...) de forma a que isentassem até 2500€ (por ex.) os recibos verdes aos árbitros que só atuassem nos campeonatos distritais equiparando-os aos escalões de formação. Era mais do que justo que essa medida fosse tomada.Parece-me que, em 2005, apenas a questão financeira foi tomada em consideração quando haveriam outras com igual ou ainda maior peso que não foram contabilizadas, designadamente: protecção social, incentivo à prática desportiva, reconhecimento de valores éticos e morais.Quanto aos jovens que nos vão chegando aquando dos cursos de candidatos é lógico que deveriam ser apoiados e incentivados, não só para progredirem nas carreiras mas também para se manterem na arbitragem algumas épocas para aquilatarem verdadeiramente se gostam de estar connosco e detém perfil para evoluirem. Há alguns quando se apercebem exatamente o que os espera, nem ao final do curso de candidatos chegam... Arbifute: Uma mensagem para todos os leitores do ArbiFute.... LR: Gostava de desejar a todos os leitores do Blog que não desistam de tentar fazer carreira na arbitragem, encarando todos os jogos de forma profissional. Para tal, lembrem-se que não devem descurar especialmente a parte técnica, física e mental, dedicando-se intensamente à causa. Vão ver que compensará. Tenho a certeza que, com esta fórmula, irão obter resultados bastante encorajadores conseguindo atingir elevados patamares de sucesso. Boa Sorte !!!O ArbiFute agradece a colaboração do amigo Luís e deseja-lhe muitos anos de sucesso ao mais alto nível.Até à próxima rubrica, até lá não fiques Fora de Jogo!

"Fora de Jogo" - 1# Luís Reforço

Nome Completo: Luís Alberto Cansado ReforçoData de Nascimento: 01/08/1974 (34 anos)Profissão: Funcionário públicoAssociação: A F SetúbalÁrbitro desde:1992/1993Arbifute: Caso a profissionalização no sector da arbitragem avance em Portugal, sentes-te capaz de integrar um possível lote de árbitros profissionais? Porquê? Luís Reforço: De acordo com os objectivos da Liga no mandato do Dr. Hermínio Loureiro, os árbitros profissionais em Portugal passarão a ser uma realidade e eu fazendo parte do quadro de árbitros da 1ª categoria nacional e com a profissão que desempenho estarei em condições privilegiadas para integrar esse lote. Na verdade pelo simples fato que, profissionalmente, passaria a dedicar-me em exclusivo à atividade que durante a minha vida mais me seduziu e mais me motiva. Arbifute: Muito se fala das novas tecnologias, ou como uns dizem, "meios auxiliares dos árbitros", na tua opinião seria benéfico para o futebol essa medida? LR: Penso que não haverá volta a dar e que as novas tecnologias vão mesmo chegar aos árbitros de forma a que estes assegurem a verdade desportiva com maior eficácia. O entrave reside na FIFA que pretende que as condições que o futebol de topo possui seja igual aquele que se joga de forma mais rudimentar. É um ponto de vista que temos que aceitar e compreender. É evidente que as novas tecnologias, especialmente o recurso a imagens, seriam uma mais-valia para a tomada de decisões. Arbifute: Os árbitros de baliza seriam uma boa alternativa aos meios tecnológicos? LR: Os árbitros de baliza seriam uma solução dissuasora de infracções uma vez que estariam permanentemente perto da baliza, local onde se cometem as infracções determinantes do jogo mas parece-me que seria muito mais fácil (apesar de mais oneroso) implementar o recurso a imagens mediante certos requisitos do que os árbitros de baliza, até porque os árbitros em Portugal não abundam... Arbifute: Como estás a avaliar a arbitragem esta época na Liga? Tem existido muito polémica, muitos erros, muitas declarações polémicas de alguns treinadores e dirigentes, não seria altura de uma mudança, por exemplo com castigos pesados para todos aqueles que «aterrorizam» os árbitros? LR: Em relação à 1ª pergunta, penso que a arbitragem tem sido claramente positiva. Tem havido erros, o que é natural e até expetável, não só das equipas de arbitragem mas também dos jogadores e até dos treinadores. Agora, não me parece que seja a arbitragem o elo mais fraco dos campeonatos profissionais.Quanto à 2ª pergunta, penso que é na questão da mentalidade que reside o principal problema do nosso fenómeno desportivo. Para mim, é lógico que deveriam haver castigos mais pesados para todos os intervenientes que comentassem negativamente o desempenho dos árbitros e/ou da competição onde estivessem envolvidos, em especial, fora dos dias em que o jogo desse clube se realizasse.Não me parece que desacreditar continuadamente o espectáculo seja a melhor solução, ou positivo até, para o clube interveniente. Penso que uma atitude positiva perante as adversidades trará sempre melhores resultados futuros, até numa perspetiva de captação de receitas que todos os clubes desejam atualmente. Até porque o desígnio comum de todos os intervenientes nas competições profissionais será o de prestigiar o futebol. Pelo menos deveria ser... Arbifute: Como Presidente de um núcleo de árbitros (NCAF Barreiro), não sentes que devia ser feito algo para criar condições aos árbitros jovens a progredirem nas suas carreiras e terem condições para tal? Visto que muitos abandonam a carreira quando são encaminhados para os «recibos verdes». LR: Naturalmente que sim. Que deveria ter sido feito e logo em 2005 quando os recibos verdes avançaram. Agora, é tarde para reverter os danos causados por essa decisão governamental. O que poderia ser feito, mesmo agora, era sensibilizar quem de direito (Ministro das Finanças, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, ...) de forma a que isentassem até 2500€ (por ex.) os recibos verdes aos árbitros que só atuassem nos campeonatos distritais equiparando-os aos escalões de formação. Era mais do que justo que essa medida fosse tomada.Parece-me que, em 2005, apenas a questão financeira foi tomada em consideração quando haveriam outras com igual ou ainda maior peso que não foram contabilizadas, designadamente: protecção social, incentivo à prática desportiva, reconhecimento de valores éticos e morais.Quanto aos jovens que nos vão chegando aquando dos cursos de candidatos é lógico que deveriam ser apoiados e incentivados, não só para progredirem nas carreiras mas também para se manterem na arbitragem algumas épocas para aquilatarem verdadeiramente se gostam de estar connosco e detém perfil para evoluirem. Há alguns quando se apercebem exatamente o que os espera, nem ao final do curso de candidatos chegam... Arbifute: Uma mensagem para todos os leitores do ArbiFute.... LR: Gostava de desejar a todos os leitores do Blog que não desistam de tentar fazer carreira na arbitragem, encarando todos os jogos de forma profissional. Para tal, lembrem-se que não devem descurar especialmente a parte técnica, física e mental, dedicando-se intensamente à causa. Vão ver que compensará. Tenho a certeza que, com esta fórmula, irão obter resultados bastante encorajadores conseguindo atingir elevados patamares de sucesso. Boa Sorte !!!O ArbiFute agradece a colaboração do amigo Luís e deseja-lhe muitos anos de sucesso ao mais alto nível.Até à próxima rubrica, até lá não fiques Fora de Jogo!

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