Notas entre Aveiro e Lisboa

19-03-2005
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Jaime Borges deu uma entrevista ao Jornal de Notícias sobre o Aveirense. Colocarei a entrevista na integra para melhor análise mas para já deixo-vos com um comentário da nossa leitora e atenta amiga Susana Esteves Uma vez que o "Notas" está em plena reactivação e que este espaço nos tem proporcionado um espaço de debate interessante, segue um comentário ao artigo do JN de hoje (antes de merecidos dias de descanso), com a entrevista a Jaime Borge, Administrador do Teatro Aveirense. Há duas coisas que são reconhecidas e que me parecem importantes: em primeiro lugar, que a Câmara Municipal de Aveiro é a principal fonte de receita, acima das receitas de bilheteira, e, em segundo, que não se conseguiram mobilizar os empresários para apoiar o Teatro. Estes dois reconhecimentos traduzem uma perspectiva, do ponto de gestão cultural, que eu definiria como a "dependência do apoio", ou seja, já é dado adquirido que a cultura não é auto-rentabilizável e que qualidade e rentabilização são dois conceitos inconciliáveis em gestão cultural. Não poderia discordar mais deste ponto de vista. Se não têm sido obtidos resultados positivos (financeiros, que permitam ao Teatro sustentar-se) será porque, para além do pouco tempo que leva em funcionamento, a gestão do Teatro não pode funcionar, nem deve ser orientada, para a dependência de mecenas, Câmaras e afins. Há aqui uma visão de fundo errada, que se tem manifestado não apenas na gestão do "Aveirense" mas em inúmeras situações no concelho. Apoiar a cultura é, para alguns empresários, prestigiante, mas é inútil numa altura em que perigam as próprias empresas, se não houver contenção na gestão. Os efeitos dos patrocínios, para as empresas, estão, claramente, sobreavaliados. As solicitações que são feitas aos empresários aumentam cada vez mais e sugam cada vez mais recursos sem que as contrapartidas sejam compensadoras. Existe quase uma mentalidade da "obrigatoriedade" do patrocínio (pelo menos para otários). Além do mais, Aveiro não é cidade que prestigie os seus empresários... Mais prefere prestigiar gestores públicos e outros afins... Além destes problemas, recordo que o Teatro Aveirense tenta fazer passar por voluntariado aquilo que considero trabalho precário na medida em que tenta recorrer a recém-licenciados gratuitamente para angariar fundos junto dos tais empresários. A "remuneração" seria variável em função dos montantes conseguidos como já aqui tive a oportunidade de denunciar. É praticamente o "esquema do Tupperware"... Boas férias para quem, como eu, vai descansar uns dias... Susana Esteves

Jaime Borges deu uma entrevista ao Jornal de Notícias sobre o Aveirense. Colocarei a entrevista na integra para melhor análise mas para já deixo-vos com um comentário da nossa leitora e atenta amiga Susana Esteves Uma vez que o "Notas" está em plena reactivação e que este espaço nos tem proporcionado um espaço de debate interessante, segue um comentário ao artigo do JN de hoje (antes de merecidos dias de descanso), com a entrevista a Jaime Borge, Administrador do Teatro Aveirense. Há duas coisas que são reconhecidas e que me parecem importantes: em primeiro lugar, que a Câmara Municipal de Aveiro é a principal fonte de receita, acima das receitas de bilheteira, e, em segundo, que não se conseguiram mobilizar os empresários para apoiar o Teatro. Estes dois reconhecimentos traduzem uma perspectiva, do ponto de gestão cultural, que eu definiria como a "dependência do apoio", ou seja, já é dado adquirido que a cultura não é auto-rentabilizável e que qualidade e rentabilização são dois conceitos inconciliáveis em gestão cultural. Não poderia discordar mais deste ponto de vista. Se não têm sido obtidos resultados positivos (financeiros, que permitam ao Teatro sustentar-se) será porque, para além do pouco tempo que leva em funcionamento, a gestão do Teatro não pode funcionar, nem deve ser orientada, para a dependência de mecenas, Câmaras e afins. Há aqui uma visão de fundo errada, que se tem manifestado não apenas na gestão do "Aveirense" mas em inúmeras situações no concelho. Apoiar a cultura é, para alguns empresários, prestigiante, mas é inútil numa altura em que perigam as próprias empresas, se não houver contenção na gestão. Os efeitos dos patrocínios, para as empresas, estão, claramente, sobreavaliados. As solicitações que são feitas aos empresários aumentam cada vez mais e sugam cada vez mais recursos sem que as contrapartidas sejam compensadoras. Existe quase uma mentalidade da "obrigatoriedade" do patrocínio (pelo menos para otários). Além do mais, Aveiro não é cidade que prestigie os seus empresários... Mais prefere prestigiar gestores públicos e outros afins... Além destes problemas, recordo que o Teatro Aveirense tenta fazer passar por voluntariado aquilo que considero trabalho precário na medida em que tenta recorrer a recém-licenciados gratuitamente para angariar fundos junto dos tais empresários. A "remuneração" seria variável em função dos montantes conseguidos como já aqui tive a oportunidade de denunciar. É praticamente o "esquema do Tupperware"... Boas férias para quem, como eu, vai descansar uns dias... Susana Esteves

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