A Jogada

27-10-2008
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2008-07-16 11:07:28

Entre a multidão que festejou o regresso de Carlos Queiroz ao cargo de seleccionador nacional notou-se a presença de Hermínio Loureiro, presidente da Liga de Clubes, que não se esqueceu de lembrar que o novo «patrão» das selecções não pode esquecer os escalões de formação.

Olhado com alguma desconfiança quando invadiu o futebol, muito mais por força da sua proveniência da área política e, muito menos, em função do seu cadastro no plano desportivo, Hermínio Loureiro tem-se revelado um escrupuloso pagador de promessas. Honra lhe seja feita. No entanto, poderia elencar outras razões par expressar o seu aplauso pela escolha de Queiroz, sem se deixar resvalar para o «trabalho na formação». Entendamo-nos:

- Carlos Queiroz terá sido escolhido para, como tem sido hábito, desde a sua saída do cargo, apurar Portugal para a fase final do «Mundial 2010» - após o fracasso no apuramento para o «Mundial 94», Portugal, em sete fases finais de «Mundiais» e «Europeus», qualificou-se em seis;

- Carlos Queiroz não se deve dispersar com a formação porque os inúmeros insucessos nesses escalões jovens têm uma ligação óbvia ao campo de recrutamento.

Neste plano, Hermínio Loureiro sabe que os clubes portugueses – sobretudo os «grandes», portanto, os maiores fornecedores das selecções – escancararam as portas a jovens jogadores estrangeiros, estreitando, de forma assustadora, o aparecimento, afirmação e aproveitamento dos miúdos portugueses. Falemos claro: ainda recentemente, num «derby» Sporting-Benfica em juniores, actuaram treze – sim, senhor presidente da Liga de Clubes, treze! …- jogadores estrangeiros. Perante este enquadramento, é fácil constatar o seguinte:

- os jovens portugueses vão ficando cada vez mais e cada vez mais cedo tapados no seu processo de formação e afirmação;

- os responsáveis desta… irresponsabilidade são os dirigentes dos clubes que aceitam esta batota legal, contando com o assobiar para o ar dos mais altos responsáveis do nosso futebol.

Sem espanto e quase parecendo enviar um recado para Portugal, há poucos dias, Michel Platini, presidente da UEFA, abordou o tema, alertando-nos para os riscos que se estão a correr.

Regressemos ao nosso futebolzinho. Sei qual é, em rigor, o espaço de intervenção do presidente da Liga de Clubes (e como vice da Federação?), mas surpreendeu-me a ponte que estabeleceu com a formação para festejar a contratação de Carlos Queiroz. Como costuma dizer um amigo meu, «os juniores são de manhã» e o ex-adjunto de Alex Ferguson não foi chamado para seleccionador nacional porque… foi bicampeão mundial de sub-20 há quase duas décadas.

…Ou será que Hermínio Loureiro só vê Carlos Queiroz como treinador da formação? Há rótulos que pesam toneladas e, por vezes, nem os amigos os conseguem esquecer.

por :Tags : FPF

2008-07-16 11:07:28

Entre a multidão que festejou o regresso de Carlos Queiroz ao cargo de seleccionador nacional notou-se a presença de Hermínio Loureiro, presidente da Liga de Clubes, que não se esqueceu de lembrar que o novo «patrão» das selecções não pode esquecer os escalões de formação.

Olhado com alguma desconfiança quando invadiu o futebol, muito mais por força da sua proveniência da área política e, muito menos, em função do seu cadastro no plano desportivo, Hermínio Loureiro tem-se revelado um escrupuloso pagador de promessas. Honra lhe seja feita. No entanto, poderia elencar outras razões par expressar o seu aplauso pela escolha de Queiroz, sem se deixar resvalar para o «trabalho na formação». Entendamo-nos:

- Carlos Queiroz terá sido escolhido para, como tem sido hábito, desde a sua saída do cargo, apurar Portugal para a fase final do «Mundial 2010» - após o fracasso no apuramento para o «Mundial 94», Portugal, em sete fases finais de «Mundiais» e «Europeus», qualificou-se em seis;

- Carlos Queiroz não se deve dispersar com a formação porque os inúmeros insucessos nesses escalões jovens têm uma ligação óbvia ao campo de recrutamento.

Neste plano, Hermínio Loureiro sabe que os clubes portugueses – sobretudo os «grandes», portanto, os maiores fornecedores das selecções – escancararam as portas a jovens jogadores estrangeiros, estreitando, de forma assustadora, o aparecimento, afirmação e aproveitamento dos miúdos portugueses. Falemos claro: ainda recentemente, num «derby» Sporting-Benfica em juniores, actuaram treze – sim, senhor presidente da Liga de Clubes, treze! …- jogadores estrangeiros. Perante este enquadramento, é fácil constatar o seguinte:

- os jovens portugueses vão ficando cada vez mais e cada vez mais cedo tapados no seu processo de formação e afirmação;

- os responsáveis desta… irresponsabilidade são os dirigentes dos clubes que aceitam esta batota legal, contando com o assobiar para o ar dos mais altos responsáveis do nosso futebol.

Sem espanto e quase parecendo enviar um recado para Portugal, há poucos dias, Michel Platini, presidente da UEFA, abordou o tema, alertando-nos para os riscos que se estão a correr.

Regressemos ao nosso futebolzinho. Sei qual é, em rigor, o espaço de intervenção do presidente da Liga de Clubes (e como vice da Federação?), mas surpreendeu-me a ponte que estabeleceu com a formação para festejar a contratação de Carlos Queiroz. Como costuma dizer um amigo meu, «os juniores são de manhã» e o ex-adjunto de Alex Ferguson não foi chamado para seleccionador nacional porque… foi bicampeão mundial de sub-20 há quase duas décadas.

…Ou será que Hermínio Loureiro só vê Carlos Queiroz como treinador da formação? Há rótulos que pesam toneladas e, por vezes, nem os amigos os conseguem esquecer.

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