Verdes europeus criam partido único

18-02-2008
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Verdes europeus criam partido único

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NO DIA em que pela primeira vez um «político verde», o letão Indulis Emsis, chegou à chefia de um Governo na Europa, formações políticas ecologistas do velho continente fundaram um novo agrupamento, o Partido Verde Europeu (PVE). Como acção preventiva face aos tempos menos prósperos que se adivinham - a União Europeia com 25 países fará esbater o peso dos verdes no Parlamento Europeu (PE) -, 32 partidos, de 29 países, passaram por cima das divergências e deram redobrado fôlego à sua participação na cena política.

Os Verdes apresentar-se-ão às eleições europeias de 12 e 13 de Junho com uma campanha comum, que girará em torno de três eixos: a paz, o meio ambiente e os direitos humanos. Manter-se-ão reivindicações como o fim do nuclear, a defesa das energias renováveis ou a oposição aos alimentos transgénicos. «Será feita uma adaptação à diversidade de cada país», disse ao EXPRESSO Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista Os Verdes, que esteve presente em Roma no congresso fundador do PVE, entre sexta-feira e domingo.

Mudança histórica

No encontro - onde estiveram ainda seis países fora da Europa a 25 (Suíça, Rússia, Geórgia, Ucrânia, Roménia e Bulgária) -, participaram os pesos-pesados ecologistas europeus, que não esconderam o júbilo., disse Joschka Fischer, número dois do Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, o que o torna o político ecologista mais influente em todo o mundo.

O líder histórico de Maio de 1968, o franco-alemão Daniel Cohn-Bendit, que co-lidera a bancada ambientalista no PE, usou um tom ainda mais triunfal: «Estamos a construir a História». Para um dos porta-vozes do congresso, a italiana Maria Grazia Francescato, o PVE «é um partido sem fronteiras».

As palavras são de celebração do momento, mas a prova dos votos pode trazer amargos de boca. Os partidos verdes dos actuais 15 membros da UE têm 36 deputados no PE (e alguns deles com certa dimensão nos respectivos parlamentos nacionais), o que os torna o quinto grupo mais numeroso. Mas nos dez Estados que aderirão à UE no dia 1 de Maio, as formações ecologistas são quase inexistentes e apenas duas estão representadas no órgão de poder legislativo (ver infografia).

São países pobres, em que o passado dos regimes socialistas deixou heranças socioeconómicas pesadas, pelo que as preocupações ambientalistas não estão no topo da lista. «Talvez conheçam dificuldades nesta primeira eleição, mas é prematuro dizer que será sempre assim», afirmou ao EXPRESSO o antigo eurodeputado do PSD Carlos Pimenta. Cohn-Bendit fixa a fasquia: «O objectivo é ter um grupo similar ao antigo no PE, com 45 a 50 eleitos».

Para Pimenta, um «europeísta e federalista convicto» (esteve 12 anos no PE), a fundação do Partido Verde Europeu «é um acto perfeitamente normal e extremamente positivo. É preciso criar partidos políticos europeus, pois a cidadania europeia, a par da cidadania de cada país, tem de ser uma realidade». Carlos Pimenta, um dos primeiros responsáveis portugueses a traçar uma política de defesa do Ambiente (num Governo liderado por Cavaco Silva, na década de 80), destaca o «trabalho de qualidade» feito por eurodeputados ecologistas, nomeadamente eleitos da Finlândia, Alemanha e França.

Para chegar a Roma, os Verdes ultrapassaram diferendos. Entre alemães (no poder, federalistas assumidos), e os britânicos e escandinavos (eurocépticos declarados) é larga a distância. «Há diferentes concepções sobre a construção europeia, mas o que nos une são as grandes batalhas ecologistas», diz Heloísa Apolónia.

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NO DIA em que pela primeira vez um «político verde», o letão Indulis Emsis, chegou à chefia de um Governo na Europa, formações políticas ecologistas do velho continente fundaram um novo agrupamento, o Partido Verde Europeu (PVE). Como acção preventiva face aos tempos menos prósperos que se adivinham - a União Europeia com 25 países fará esbater o peso dos verdes no Parlamento Europeu (PE) -, 32 partidos, de 29 países, passaram por cima das divergências e deram redobrado fôlego à sua participação na cena política.

Os Verdes apresentar-se-ão às eleições europeias de 12 e 13 de Junho com uma campanha comum, que girará em torno de três eixos: a paz, o meio ambiente e os direitos humanos. Manter-se-ão reivindicações como o fim do nuclear, a defesa das energias renováveis ou a oposição aos alimentos transgénicos. «Será feita uma adaptação à diversidade de cada país», disse ao EXPRESSO Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista Os Verdes, que esteve presente em Roma no congresso fundador do PVE, entre sexta-feira e domingo.

Mudança histórica

No encontro - onde estiveram ainda seis países fora da Europa a 25 (Suíça, Rússia, Geórgia, Ucrânia, Roménia e Bulgária) -, participaram os pesos-pesados ecologistas europeus, que não esconderam o júbilo., disse Joschka Fischer, número dois do Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, o que o torna o político ecologista mais influente em todo o mundo.

O líder histórico de Maio de 1968, o franco-alemão Daniel Cohn-Bendit, que co-lidera a bancada ambientalista no PE, usou um tom ainda mais triunfal: «Estamos a construir a História». Para um dos porta-vozes do congresso, a italiana Maria Grazia Francescato, o PVE «é um partido sem fronteiras».

As palavras são de celebração do momento, mas a prova dos votos pode trazer amargos de boca. Os partidos verdes dos actuais 15 membros da UE têm 36 deputados no PE (e alguns deles com certa dimensão nos respectivos parlamentos nacionais), o que os torna o quinto grupo mais numeroso. Mas nos dez Estados que aderirão à UE no dia 1 de Maio, as formações ecologistas são quase inexistentes e apenas duas estão representadas no órgão de poder legislativo (ver infografia).

São países pobres, em que o passado dos regimes socialistas deixou heranças socioeconómicas pesadas, pelo que as preocupações ambientalistas não estão no topo da lista. «Talvez conheçam dificuldades nesta primeira eleição, mas é prematuro dizer que será sempre assim», afirmou ao EXPRESSO o antigo eurodeputado do PSD Carlos Pimenta. Cohn-Bendit fixa a fasquia: «O objectivo é ter um grupo similar ao antigo no PE, com 45 a 50 eleitos».

Para Pimenta, um «europeísta e federalista convicto» (esteve 12 anos no PE), a fundação do Partido Verde Europeu «é um acto perfeitamente normal e extremamente positivo. É preciso criar partidos políticos europeus, pois a cidadania europeia, a par da cidadania de cada país, tem de ser uma realidade». Carlos Pimenta, um dos primeiros responsáveis portugueses a traçar uma política de defesa do Ambiente (num Governo liderado por Cavaco Silva, na década de 80), destaca o «trabalho de qualidade» feito por eurodeputados ecologistas, nomeadamente eleitos da Finlândia, Alemanha e França.

Para chegar a Roma, os Verdes ultrapassaram diferendos. Entre alemães (no poder, federalistas assumidos), e os britânicos e escandinavos (eurocépticos declarados) é larga a distância. «Há diferentes concepções sobre a construção europeia, mas o que nos une são as grandes batalhas ecologistas», diz Heloísa Apolónia.

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