O Carmo e a Trindade: E DE NOVO, LISBOA...

30-09-2009
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E de novo, Lisboa, te remancho,numa deriva de quem tudo olhade viés: esvaído, o boi no gancho,ou o outro vermelho que te molha.Sangue na serradura ou na calçada,que mais faz se é de homem ou de boi?O sangue é sempre uma papoila errada,cerceado do coração que foi.Groselha, na esplanada, bebe a velha,e um cartaz, da parede, nos convidaa dar o sangue. Franzo a sobrancelha:dizem que o sangue é vida; mas que vida?Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,na terra onde nasceste e eu nasci?Alexandre O´NeillPoesias Completas1951/1981


E de novo, Lisboa, te remancho,numa deriva de quem tudo olhade viés: esvaído, o boi no gancho,ou o outro vermelho que te molha.Sangue na serradura ou na calçada,que mais faz se é de homem ou de boi?O sangue é sempre uma papoila errada,cerceado do coração que foi.Groselha, na esplanada, bebe a velha,e um cartaz, da parede, nos convidaa dar o sangue. Franzo a sobrancelha:dizem que o sangue é vida; mas que vida?Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,na terra onde nasceste e eu nasci?Alexandre O´NeillPoesias Completas1951/1981

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