«Os próximos dias serão decisivos para se apurar qual será o dador de medula óssea para a Marta, entre os três potenciais candidatos encontrados. Segundo Manuel Abecassis, director do Serviço de Transplantação do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, os dadores são de nacionalidade inglesa, norte-americana e espanhola.A menina de Carcavelos, com cinco anos, sofre de Leucemia Mioloblástica Aguda, uma das piores formas deste tipo de cancro, estando a sua vida dependente de um transplante, uma vez que este tipo de leucemia tem uma taxa de reincidência bastante elevada.Após o diagnóstico de leucemia (em Janeiro), empreendeu-se uma busca na base de dados mundial de dadores de medula óssea a partir de Abril, composta por cerca de 14 milhões de pessoas, entre as quais 163 mil dadores registados em Portugal. “A obtenção de mais de um dador compatível é recorrente. Agora serão realizados testes genéticos mais sensíveis, para que seja escolhido o mais indicado de entre os três. A realização do transplante é então efectuada, tendo em conta a gravidade do estado de saúde do doente”, adiantou Manuel Abecassis.O estado de saúde de Marta é classificado de grave. A menina, que permanece no IPO, sofreu nos últimos dias uma septicemia que obrigou ao internamento no Hospital de Santa Maria. A infecção geral no organismo, desenvolvida por via sanguínea, “deixou-a debilitada, pelo que nos próximos dias irá recuperar forças em casa. Depois temos esperança de que seja realizado o transplante”, disse a tia da menina, Maria João Dray. O drama de Marta despertou uma forte onda de solidariedade. Duarte Lima, um dos fundadores da Associação Portuguesa Contra a Leucemia, depois de ter padecido da doença, sublinhou que, devido ao registo de dadores nos três primeiros meses do ano, “há mais de cem pessoas vivas graças ao gesto dos dadores portugueses”.COLHEITA CHEGA POR CORREIO AÉREO“Na colheita de células progenitoras de medula óssea o tempo é decisivo, pelo que o transporte é realizado por correio aéreo”, disse ao CM Hélder Trindade, director do Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (CEDACE). Encontrado o dador, a recolha é feita no seu país de origem, sem que saiba qual é o destinatário. Também o beneficiário não terá conhecimento do dador nem da data em que é feita a colheita. COM DADOR MAS AINDA SEM TRANSPLANTESónia Raquel, de 13 anos, viveu muito tempo na incerteza de ter um dador compatível, depois de ter descoberto que sofria de aplasia medular [tipo de leucemia]. Após uma longa espera e de muitas recolhas por populares, a boa notícia acabou por chegar da Alemanha, quando um hospital comunicou a existência de um dador compatível. No entanto, essa possibilidade ainda não foi accionada, porque os médicos consultados pela família de Gaia têm opiniões divergentes. “Está com pouquíssima medicação e vai ficar sem nenhuma, mas não há certezas de que não tenha recaídas”, disse o pai de Sónia.CONTINUAM AS CAMPANHAS PELA TERESATeresa Brissos, a jovem de Beja a quem foi diagnosticada uma leucemia crónica em Setembro, continua à procura de um dador de medula óssea compatível. Incansáveis, família e amigos continuam a campanha de divulgação e de apelo à população. Na próxima semana vão marcar presença num programa de televisão e estão a realizar uma parceria com a Câmara de Moura para a colocação de um posto móvel de recolha e inscrição de novos dadores. “Ela esteve em Beja na semana passada e veio ao liceu”, disse ao CM José Farinho, colega de Teresa. “Está estável, porque recomeçou a quimioterapia.” ESTRANGEIROS SÃO 70 POR CENTONo apuramento de dadores, a cooperação internacional é determinante. No último ano, dos 387 transplantes realizados em Portugal, cerca de 70% tiveram origem em dadores estrangeiros. Entre os dadores nacionais, 74% das colheitas foram para o estrangeiro. Segundo o Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, das 49 colheitas compatíveis em 2008 ficaram 13 em Portugal. Desde 2002, Portugal passou do último lugar da Europa no registo de dadores para o segundo, a seguirà Alemanha.O TRANSPLANTE PASSO A PASSO- DADOR: A maioria (75%) dos doentes tem de recorrer ao transplante. Basta uma amostra de sangue- CÉLULAS ESTAMINAIS: As células estaminais são colhidas e analisadas por um sofisticado equipamento tecnológico. - SEPARAÇÃO: As células estaminais são retiradas e separadas dos glóbulos vermelhos.- REDUÇÃO DE VOLUME: Processo de redução do volume do fluido com as células estaminais.- GELAR E ESCALDAR: O produto passa pelo processo de criopreservação, ou conservação no frio. É aquecido aquando do transplante.- DILUIR: Diluição das células estaminais no produto a ser transplantado.- INJECÇÃO: O produto com células estaminais é injectado no doente.'TRANSPLANTE GANHA MAIOR RELEVO' (Manuel Abecassis, Dir. de Serv. Transplantação do IPO)Correio da Manhã – Encontrados potenciais dadores, é já possível determinar uma data para o transplante à Marta?Manuel Abecassis – Estamos a trabalhar nesse sentido, mas ainda não é possível. Contudo, o transplante ganha maior relevo conhecidos os potenciais dadores.– Sendo os dadores compatíveis cidadãos estrangeiros, pode significar que a menina teve antepassados desses países?– Poderá ter acontecido. Mas nós temos uma herança genética muito alargada. Ainda no mês passado um português foi dador de um indiano.– Realizou em 1987 o primeiro transplante de medula óssea em Portugal. Foram realizados progressos notáveis em duas décadas?– Sim, não apenas no reforço das bases de dados mas pelo aparecimento de melhores antibióticos e maior capacidade de diagnóstico.MANUEL: FEZ 2 TRANSPLANTESHá treze anos foi diagnosticado a Manuel Lourosa uma leucemia mielóide crónica. Apesar de ter feito um transplante, um ano depois teve de repetir. A 2.ª tentativa ‘devolveu-lhe’ a vida.RODRIGO SOUSA: FOI OPERADORodrigo Sousa, um bebé com 10 meses, recebeu o transplante de medula óssea no passado sábado. A intervenção correu bem, sendo que as próximas semanas serão determinantes.ARTISTAS: CONTRA A LEUCEMIAOs artistas Mariza, Camané, Rui Veloso e Luís Represas associaram-se à Associação Portuguesa Contra a Leucemia e vão participar no IV Concerto bianual, dia 2 de Julho, em Lisboa.».in CM online, 04-6-2009
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«Os próximos dias serão decisivos para se apurar qual será o dador de medula óssea para a Marta, entre os três potenciais candidatos encontrados. Segundo Manuel Abecassis, director do Serviço de Transplantação do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, os dadores são de nacionalidade inglesa, norte-americana e espanhola.A menina de Carcavelos, com cinco anos, sofre de Leucemia Mioloblástica Aguda, uma das piores formas deste tipo de cancro, estando a sua vida dependente de um transplante, uma vez que este tipo de leucemia tem uma taxa de reincidência bastante elevada.Após o diagnóstico de leucemia (em Janeiro), empreendeu-se uma busca na base de dados mundial de dadores de medula óssea a partir de Abril, composta por cerca de 14 milhões de pessoas, entre as quais 163 mil dadores registados em Portugal. “A obtenção de mais de um dador compatível é recorrente. Agora serão realizados testes genéticos mais sensíveis, para que seja escolhido o mais indicado de entre os três. A realização do transplante é então efectuada, tendo em conta a gravidade do estado de saúde do doente”, adiantou Manuel Abecassis.O estado de saúde de Marta é classificado de grave. A menina, que permanece no IPO, sofreu nos últimos dias uma septicemia que obrigou ao internamento no Hospital de Santa Maria. A infecção geral no organismo, desenvolvida por via sanguínea, “deixou-a debilitada, pelo que nos próximos dias irá recuperar forças em casa. Depois temos esperança de que seja realizado o transplante”, disse a tia da menina, Maria João Dray. O drama de Marta despertou uma forte onda de solidariedade. Duarte Lima, um dos fundadores da Associação Portuguesa Contra a Leucemia, depois de ter padecido da doença, sublinhou que, devido ao registo de dadores nos três primeiros meses do ano, “há mais de cem pessoas vivas graças ao gesto dos dadores portugueses”.COLHEITA CHEGA POR CORREIO AÉREO“Na colheita de células progenitoras de medula óssea o tempo é decisivo, pelo que o transporte é realizado por correio aéreo”, disse ao CM Hélder Trindade, director do Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (CEDACE). Encontrado o dador, a recolha é feita no seu país de origem, sem que saiba qual é o destinatário. Também o beneficiário não terá conhecimento do dador nem da data em que é feita a colheita. COM DADOR MAS AINDA SEM TRANSPLANTESónia Raquel, de 13 anos, viveu muito tempo na incerteza de ter um dador compatível, depois de ter descoberto que sofria de aplasia medular [tipo de leucemia]. Após uma longa espera e de muitas recolhas por populares, a boa notícia acabou por chegar da Alemanha, quando um hospital comunicou a existência de um dador compatível. No entanto, essa possibilidade ainda não foi accionada, porque os médicos consultados pela família de Gaia têm opiniões divergentes. “Está com pouquíssima medicação e vai ficar sem nenhuma, mas não há certezas de que não tenha recaídas”, disse o pai de Sónia.CONTINUAM AS CAMPANHAS PELA TERESATeresa Brissos, a jovem de Beja a quem foi diagnosticada uma leucemia crónica em Setembro, continua à procura de um dador de medula óssea compatível. Incansáveis, família e amigos continuam a campanha de divulgação e de apelo à população. Na próxima semana vão marcar presença num programa de televisão e estão a realizar uma parceria com a Câmara de Moura para a colocação de um posto móvel de recolha e inscrição de novos dadores. “Ela esteve em Beja na semana passada e veio ao liceu”, disse ao CM José Farinho, colega de Teresa. “Está estável, porque recomeçou a quimioterapia.” ESTRANGEIROS SÃO 70 POR CENTONo apuramento de dadores, a cooperação internacional é determinante. No último ano, dos 387 transplantes realizados em Portugal, cerca de 70% tiveram origem em dadores estrangeiros. Entre os dadores nacionais, 74% das colheitas foram para o estrangeiro. Segundo o Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, das 49 colheitas compatíveis em 2008 ficaram 13 em Portugal. Desde 2002, Portugal passou do último lugar da Europa no registo de dadores para o segundo, a seguirà Alemanha.O TRANSPLANTE PASSO A PASSO- DADOR: A maioria (75%) dos doentes tem de recorrer ao transplante. Basta uma amostra de sangue- CÉLULAS ESTAMINAIS: As células estaminais são colhidas e analisadas por um sofisticado equipamento tecnológico. - SEPARAÇÃO: As células estaminais são retiradas e separadas dos glóbulos vermelhos.- REDUÇÃO DE VOLUME: Processo de redução do volume do fluido com as células estaminais.- GELAR E ESCALDAR: O produto passa pelo processo de criopreservação, ou conservação no frio. É aquecido aquando do transplante.- DILUIR: Diluição das células estaminais no produto a ser transplantado.- INJECÇÃO: O produto com células estaminais é injectado no doente.'TRANSPLANTE GANHA MAIOR RELEVO' (Manuel Abecassis, Dir. de Serv. Transplantação do IPO)Correio da Manhã – Encontrados potenciais dadores, é já possível determinar uma data para o transplante à Marta?Manuel Abecassis – Estamos a trabalhar nesse sentido, mas ainda não é possível. Contudo, o transplante ganha maior relevo conhecidos os potenciais dadores.– Sendo os dadores compatíveis cidadãos estrangeiros, pode significar que a menina teve antepassados desses países?– Poderá ter acontecido. Mas nós temos uma herança genética muito alargada. Ainda no mês passado um português foi dador de um indiano.– Realizou em 1987 o primeiro transplante de medula óssea em Portugal. Foram realizados progressos notáveis em duas décadas?– Sim, não apenas no reforço das bases de dados mas pelo aparecimento de melhores antibióticos e maior capacidade de diagnóstico.MANUEL: FEZ 2 TRANSPLANTESHá treze anos foi diagnosticado a Manuel Lourosa uma leucemia mielóide crónica. Apesar de ter feito um transplante, um ano depois teve de repetir. A 2.ª tentativa ‘devolveu-lhe’ a vida.RODRIGO SOUSA: FOI OPERADORodrigo Sousa, um bebé com 10 meses, recebeu o transplante de medula óssea no passado sábado. A intervenção correu bem, sendo que as próximas semanas serão determinantes.ARTISTAS: CONTRA A LEUCEMIAOs artistas Mariza, Camané, Rui Veloso e Luís Represas associaram-se à Associação Portuguesa Contra a Leucemia e vão participar no IV Concerto bianual, dia 2 de Julho, em Lisboa.».in CM online, 04-6-2009