Estranho Estrangeiro (no degredo do rochedo): Debate, constituição europeia, soberania nacional...

25-06-2009
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vbfsousa@hotmail.com O debate de ontem, sob a égide da SIC-N, entre 4 cabeças de lista ao parlamento europeu, possibilitou, finalmente, a revelação de esquissos ideológicos, quanto ao projecto de construção europeia advogados pelas forças intervenientes. Desagradável, tal como havia perspectivado, foi a constante ingerência de Ilda Figueiredo, da coligação CDU, insaciável nas palavras, inoportuna e pouco disposta a ouvir, serenamente, os seus opositores. Sousa Franco chegou a bradar contra Ilda Figueiredo, agitando os braços, num dos momentos mais entusiásticos da porfia político/ideológica. Ao contrário da postura plácida que o havia demarcado, Sousa Franco exasperou-se, claramente, com a impertinência da candidata, além de expelir, paulatinamente, a tensão que se foi empilhando no seu espírito, fruto das palavras de alguns biltres.
Quanto à essência do debate, reconheço que a qualidade aumentou. A constituição europeia foi discutida, com os deputados a explanarem as suas ideias, não sem os sussurros da candidata da CDU. Clara Sousa, a moderadora, teve dificuldades em impor alguma disciplina, tarefa que se afigurava hercúlea, pelas razões já esboçadas.
João de Deus Pinheiro, o cortês líder da coligação governamental, estava numa posição muito incómoda. Logo no advento do debate, Sousa Franco foi desafiado a comentar as suas próprias afirmações, em relação ao partido da “extrema-direita”, reforçando as acusações de xenofobia e racismo que, segundo o “pai do Euro”, caracteriza o PP de Paulo Portas. Deus Pinheiro foi obrigado a rechaçar tais epítetos, mas sem uma firme convicção. Percebe-se porquê. O PSD encobre o mal-estar reinante, e concorrerá às próximas legislativas sozinho, tentando livrar-se do fardo populista serôdio do PP. Faço esta dedução pelas posições de algumas figuras de relevo da máquina laranja, que patentearam o desejo de derrogar esta coligação, tal como o meu conterrâneo Guilherme Silva, o militante nº 1, Pinto Balsemão, entre outros.
Sousa Franco e Deus Pinheiro são apologistas da famigerada Constituição Europeia. Miguel Portas e Ilda Figueiredo, pelo contrário, pugnam pela soberania nacional. Uma perspectiva difícil de entender. Haverá, hoje, algum país totalmente soberano? Não será a soberania uma característica decrépita, ou pelo menos corroída? É impressionante como todo o ocidente, T-O-D-O, está dependente do aumento de produção petrolífera na Arábia Saudita. Nem os EUA são soberanos. Se o fossem, escusavam de deprecar pelo auxílio da ONU, no Iraque. A soberania é uma ilusão. Manteremos a nossa identidade, mas o contexto internacional não permite um isolacionismo completo. – “E Cuba?” - ripostarão. Mas Cuba é um território comunista? Como, se lá vendem Coca-Cola? Como, se a ilha está refém do turismo? O comunismo não existe. Mantém a utopia, todavia a degeneração é visível. Foi derrotado, antes mesmo de vencer.
Repito: a soberania é uma ilusão. Na Grécia Antiga, a poderosa Atenas foi obrigada a conjugar esforços com outras cidades-estado, para fazer frente à ameaça persa. Na contemporaneidade, não há ilhas dos bem-aventurados. Ou relacionamo-nos, ou morremos.
Sobre a Constituição, sendo eu um funâmbulo, terei de aprofundar os meus conhecimentos sobre a matéria. Contudo, fica dito. Se recusarem a Constituição Europeia devido à soberania, não estarei de acordo. Posso decliná-la, também, mas os perigos decorrentes da perda de soberania não me convencem. Tentarei voltar a este assunto…


vbfsousa@hotmail.com O debate de ontem, sob a égide da SIC-N, entre 4 cabeças de lista ao parlamento europeu, possibilitou, finalmente, a revelação de esquissos ideológicos, quanto ao projecto de construção europeia advogados pelas forças intervenientes. Desagradável, tal como havia perspectivado, foi a constante ingerência de Ilda Figueiredo, da coligação CDU, insaciável nas palavras, inoportuna e pouco disposta a ouvir, serenamente, os seus opositores. Sousa Franco chegou a bradar contra Ilda Figueiredo, agitando os braços, num dos momentos mais entusiásticos da porfia político/ideológica. Ao contrário da postura plácida que o havia demarcado, Sousa Franco exasperou-se, claramente, com a impertinência da candidata, além de expelir, paulatinamente, a tensão que se foi empilhando no seu espírito, fruto das palavras de alguns biltres.
Quanto à essência do debate, reconheço que a qualidade aumentou. A constituição europeia foi discutida, com os deputados a explanarem as suas ideias, não sem os sussurros da candidata da CDU. Clara Sousa, a moderadora, teve dificuldades em impor alguma disciplina, tarefa que se afigurava hercúlea, pelas razões já esboçadas.
João de Deus Pinheiro, o cortês líder da coligação governamental, estava numa posição muito incómoda. Logo no advento do debate, Sousa Franco foi desafiado a comentar as suas próprias afirmações, em relação ao partido da “extrema-direita”, reforçando as acusações de xenofobia e racismo que, segundo o “pai do Euro”, caracteriza o PP de Paulo Portas. Deus Pinheiro foi obrigado a rechaçar tais epítetos, mas sem uma firme convicção. Percebe-se porquê. O PSD encobre o mal-estar reinante, e concorrerá às próximas legislativas sozinho, tentando livrar-se do fardo populista serôdio do PP. Faço esta dedução pelas posições de algumas figuras de relevo da máquina laranja, que patentearam o desejo de derrogar esta coligação, tal como o meu conterrâneo Guilherme Silva, o militante nº 1, Pinto Balsemão, entre outros.
Sousa Franco e Deus Pinheiro são apologistas da famigerada Constituição Europeia. Miguel Portas e Ilda Figueiredo, pelo contrário, pugnam pela soberania nacional. Uma perspectiva difícil de entender. Haverá, hoje, algum país totalmente soberano? Não será a soberania uma característica decrépita, ou pelo menos corroída? É impressionante como todo o ocidente, T-O-D-O, está dependente do aumento de produção petrolífera na Arábia Saudita. Nem os EUA são soberanos. Se o fossem, escusavam de deprecar pelo auxílio da ONU, no Iraque. A soberania é uma ilusão. Manteremos a nossa identidade, mas o contexto internacional não permite um isolacionismo completo. – “E Cuba?” - ripostarão. Mas Cuba é um território comunista? Como, se lá vendem Coca-Cola? Como, se a ilha está refém do turismo? O comunismo não existe. Mantém a utopia, todavia a degeneração é visível. Foi derrotado, antes mesmo de vencer.
Repito: a soberania é uma ilusão. Na Grécia Antiga, a poderosa Atenas foi obrigada a conjugar esforços com outras cidades-estado, para fazer frente à ameaça persa. Na contemporaneidade, não há ilhas dos bem-aventurados. Ou relacionamo-nos, ou morremos.
Sobre a Constituição, sendo eu um funâmbulo, terei de aprofundar os meus conhecimentos sobre a matéria. Contudo, fica dito. Se recusarem a Constituição Europeia devido à soberania, não estarei de acordo. Posso decliná-la, também, mas os perigos decorrentes da perda de soberania não me convencem. Tentarei voltar a este assunto…

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