Da Literatura: LER OS OUTROS

21-05-2009
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Um livro cada domingo. Praticamente desconhecido em Portugal, o escritor francês Éric Jourdan (n. 1938), filho adoptivo do escritor americano Julien Green (1900-1998), entrou de rompante na edição portuguesa. Refractário a todo o tipo de mundanidade, avesso à cena literária, Jourdan escreveu sobretudo romances e peças de teatro. Algumas das suas obras mais conhecidas são Les Penchants obscurs (1958), Sang (1992), L’Amour Brut (1993), Sexuellement incorrect (1995) e Le Songe d’Alcibiade (2006). O mais aclamado texto dramatúrgico é Drapeau Noir (1987). Agora, com intervalo de poucas semanas, dois títulos chegaram às livrarias: Os Anjos Maus, 1955 (Bico de Pena) e Barba Azul, Papão E C.ia, 1986 (Cavalo de Ferro). O primeiro foi motivo de escândalo no ano da sua publicação. Joudan tinha então 17 anos, a justiça francesa mandou retirar o livro do mercado — a segunda edição saiu só em 2001 —, e apenas a pouca idade do escritor o salvou da prisão. Pedofilia, gritaram os fariseus. Tudo não passa, afinal, da história de amor entre Pierre e Gérard, dois adolescentes. Mas, nos anos 1950, o tema era subversivo. Vinha longe o reconhecimento da literatura gay. Falarei do livro noutra ocasião. O segundo, a colectânea de contos Barba Azul, Papão E C.ia, adapta o imaginário infantil das fadas e dos ogres, cerzindo prosa e poesia com magníficas ilustrações de Paula Rego, amiga pessoal de Jourdan (a obra é um projecto comum). Barba Azul, Papão E C.ia tem prefácio de Julien Green, que considera Jourdan um Perrault perverso: «O seu sucesso está em reencontrar, sob a capa da modernidade cara a Baudelaire, o tom impessoal dos contos do fundo comum da humanidade. Os mitos desarrumados e literalmente desencaminhados recuperam a sua verdade original.» A tudo isto, a Cavalo de Ferro soube acrescentar uma edição graficamente irrepreensível.Filipe Nunes Vicente: «Esta história é uma desgraça. Quem a enviou a MFL ignora coisas básicas sobre o combate político pós-medieval. [...] Usar uma historieta de queixinhas e de senhas de viagem é confrangedoramente patético. Por falar em profissionalismo, a entourage de MFL também podia pedir à candidata para não repetir o que fez na entrevista à RTP1: nenhum líder político deve falar em público com os punhos cerrados. É uma mensagem (quase) universal de ameaça e de agressividade.»Miguel Abrantes: «[...] Afinal, a Dr.ª Manuela não terá cometido uma gaffe quando sustentou que “não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite”. O PSD quer mesmo “seleccionar” o que a comunicação social transmite, ainda que haja razões óbvias para conhecer o que os partidos de Espanha pensam sobre o assunto: Há um acordo assinado entre Portugal e Espanha para a construção do TGV, sendo que a actual líder do PSD era o número dois do Governo português que celebrou o acordo; / Há um consenso em Espanha em torno do TGV que não foi rompido por meros interesses eleitoralistas por nenhum dos principais partidos; / No dia em que Ferreira Leite disse que “riscaria” o TGV, houve um encontro em Zamora entre parlamentares dos dois países, no qual foi aprovado “um documento conjunto em que instam os dois governos a acelerarem os projectos de ligações ferroviárias e rodoviárias entre Portugal e Espanha”, subscrito por Guilherme Silva (do PSD) e por Ana Pastor (do Partido Popular de Mariano Rajoy). / O Dr. Paulo Rangel não informou a Dr.ª Manuela do que ia a delegação parlamentar fazer a Zamora?» Ver adenda.Pedro Vieira: «sarilhos com que nem Alá sonha».Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

Um livro cada domingo. Praticamente desconhecido em Portugal, o escritor francês Éric Jourdan (n. 1938), filho adoptivo do escritor americano Julien Green (1900-1998), entrou de rompante na edição portuguesa. Refractário a todo o tipo de mundanidade, avesso à cena literária, Jourdan escreveu sobretudo romances e peças de teatro. Algumas das suas obras mais conhecidas são Les Penchants obscurs (1958), Sang (1992), L’Amour Brut (1993), Sexuellement incorrect (1995) e Le Songe d’Alcibiade (2006). O mais aclamado texto dramatúrgico é Drapeau Noir (1987). Agora, com intervalo de poucas semanas, dois títulos chegaram às livrarias: Os Anjos Maus, 1955 (Bico de Pena) e Barba Azul, Papão E C.ia, 1986 (Cavalo de Ferro). O primeiro foi motivo de escândalo no ano da sua publicação. Joudan tinha então 17 anos, a justiça francesa mandou retirar o livro do mercado — a segunda edição saiu só em 2001 —, e apenas a pouca idade do escritor o salvou da prisão. Pedofilia, gritaram os fariseus. Tudo não passa, afinal, da história de amor entre Pierre e Gérard, dois adolescentes. Mas, nos anos 1950, o tema era subversivo. Vinha longe o reconhecimento da literatura gay. Falarei do livro noutra ocasião. O segundo, a colectânea de contos Barba Azul, Papão E C.ia, adapta o imaginário infantil das fadas e dos ogres, cerzindo prosa e poesia com magníficas ilustrações de Paula Rego, amiga pessoal de Jourdan (a obra é um projecto comum). Barba Azul, Papão E C.ia tem prefácio de Julien Green, que considera Jourdan um Perrault perverso: «O seu sucesso está em reencontrar, sob a capa da modernidade cara a Baudelaire, o tom impessoal dos contos do fundo comum da humanidade. Os mitos desarrumados e literalmente desencaminhados recuperam a sua verdade original.» A tudo isto, a Cavalo de Ferro soube acrescentar uma edição graficamente irrepreensível.Filipe Nunes Vicente: «Esta história é uma desgraça. Quem a enviou a MFL ignora coisas básicas sobre o combate político pós-medieval. [...] Usar uma historieta de queixinhas e de senhas de viagem é confrangedoramente patético. Por falar em profissionalismo, a entourage de MFL também podia pedir à candidata para não repetir o que fez na entrevista à RTP1: nenhum líder político deve falar em público com os punhos cerrados. É uma mensagem (quase) universal de ameaça e de agressividade.»Miguel Abrantes: «[...] Afinal, a Dr.ª Manuela não terá cometido uma gaffe quando sustentou que “não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite”. O PSD quer mesmo “seleccionar” o que a comunicação social transmite, ainda que haja razões óbvias para conhecer o que os partidos de Espanha pensam sobre o assunto: Há um acordo assinado entre Portugal e Espanha para a construção do TGV, sendo que a actual líder do PSD era o número dois do Governo português que celebrou o acordo; / Há um consenso em Espanha em torno do TGV que não foi rompido por meros interesses eleitoralistas por nenhum dos principais partidos; / No dia em que Ferreira Leite disse que “riscaria” o TGV, houve um encontro em Zamora entre parlamentares dos dois países, no qual foi aprovado “um documento conjunto em que instam os dois governos a acelerarem os projectos de ligações ferroviárias e rodoviárias entre Portugal e Espanha”, subscrito por Guilherme Silva (do PSD) e por Ana Pastor (do Partido Popular de Mariano Rajoy). / O Dr. Paulo Rangel não informou a Dr.ª Manuela do que ia a delegação parlamentar fazer a Zamora?» Ver adenda.Pedro Vieira: «sarilhos com que nem Alá sonha».Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

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