PALAVROSSAVRVS REX: «DEIXEM GOVERNAR O SR.SÓCRATES!»

30-09-2009
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TENHO UM PÓ AOS PORTUGUESES «Marcelo Rebelo de Sousa, opinou, a propósito do caso Sócrates/Freeport, que o Primeiro-Ministro saía chamuscado de todas estas suspeições. Eu tenho muito mau feitio. Embora seja uma santa duma mulher, tenho um feitio que não desejo a ninguém, e o meu feitio está aqui a dizer-me que nesta altura do campeonato governativo, Sócrates não está chamuscado, porque o homem já se transformou numa pira funerária das que se ateiam para queimar corpos, na Índia. Nunca um Primeiro-Ministro tinha acumulado tanta acusação de corrupção, nas suas diversas vertentes, como este cidadão aparentemente exemplar, barbeado e lavadinho. E continua por aí em pé, auto-elogiando-se com veemência, algo que sabe fazer na perfeição. Noutro país da Europa... Ocorre-me dizer que em Portugal não se chega a cargo nenhum sem cunha, sem amiguismo, sem uma palavrinha, sem um telefonema, e que Sócrates é apenas um entre muitos. A grande corrupção, no nosso país, e a pequena, são uma filosofia de vida como acreditar no Senhor e casar na Igreja, porque assim fizeram os nossos pais. Arranja-se sempre qualquer coisinha para alguém: uns cargos, uns terrenos em área protegida. Tudo é possível e a gente sabe que é assim. A voz do povo sabe-o. Por exemplo, ocorre-me perguntar, para onde foram os boys e girls que trabalharam no anterior ministério de Maria de Belém, que se não me engano era para a igualdade? Estão no desemprego? Não?! Arranjaram cargos em empresas públicas e privadas?! Como?! Candidataram-se, entre outros?! Abriram concursos internos e externos e concorreram ao abrigo da Lei?! Foram publicitados os referidos concursos?! E caso estejam todos empregados, já agora gostaria de saber como são avaliados, que eu desde a polémica avaliação dos professores passei a ter muito interesse sobre a avaliação de todos os funcionários necessários ao Estado: como são avaliados os senhores deputados, funcionários de ministérios, funcionários judiciais, polícias, militares, médicos e enfermeiros, assistentes sociais, funcionários da segurança social, bombeiros assalariados e por aí adiante? Tenho aquilo a que se poderá chamar uma curiosidade mórbida. Hoje, na Antena 1, num fórum que dá pela hora de almoço, meia dúzia de portugueses fiéis à cobardia, diziam ao repórter encarregado pela emissão, "deixem o senhor Sócrates governar; já é tão difícil governar uma casa quanto mais um país!" "O senhor Sócrates é que sabe, e o que ele está a fazer, mesmo que não concorde com algumas políticas, é para nosso bem! Porque se ele lá está é porque sabe o que está a fazer". Santa ignorância provinciana, com todo o respeito pela província. Fiquei com a impressão que aos portugueses não interessa muito quem está no governo, o que interessa é que os faça sofrer, que lhes tire tudo, começando pela dignidade. E claro que compreendo, ao escutar a vox pop, como foi possível manter a ditadura, e como seria possível instaurar agora outra. Os portugueses querem-no. E eu, sinceramente, tenho pena que não se possa partir o país em dois e deixar com Sócrates os que são de Sócrates, de preferência todos concentradinhos na praça de touros do Campo Pequeno... para se resolver, finalmente, de uma vez por todas, o problema da robotização. Não sei como é que fui nascer portuguesa. É karma pesado. Eu que tenho um pó à cobardia geral, à dos portugueses em particular, à sua pequenez, pequenininha, muito inha. Eu que lhes tenho um pó que nem sei como poderei enfrentá-los amanhã na rua. Os cabrõezinhos pequenininhos. Todos.»lkjIsabela, in O Mundo Perfeito


TENHO UM PÓ AOS PORTUGUESES «Marcelo Rebelo de Sousa, opinou, a propósito do caso Sócrates/Freeport, que o Primeiro-Ministro saía chamuscado de todas estas suspeições. Eu tenho muito mau feitio. Embora seja uma santa duma mulher, tenho um feitio que não desejo a ninguém, e o meu feitio está aqui a dizer-me que nesta altura do campeonato governativo, Sócrates não está chamuscado, porque o homem já se transformou numa pira funerária das que se ateiam para queimar corpos, na Índia. Nunca um Primeiro-Ministro tinha acumulado tanta acusação de corrupção, nas suas diversas vertentes, como este cidadão aparentemente exemplar, barbeado e lavadinho. E continua por aí em pé, auto-elogiando-se com veemência, algo que sabe fazer na perfeição. Noutro país da Europa... Ocorre-me dizer que em Portugal não se chega a cargo nenhum sem cunha, sem amiguismo, sem uma palavrinha, sem um telefonema, e que Sócrates é apenas um entre muitos. A grande corrupção, no nosso país, e a pequena, são uma filosofia de vida como acreditar no Senhor e casar na Igreja, porque assim fizeram os nossos pais. Arranja-se sempre qualquer coisinha para alguém: uns cargos, uns terrenos em área protegida. Tudo é possível e a gente sabe que é assim. A voz do povo sabe-o. Por exemplo, ocorre-me perguntar, para onde foram os boys e girls que trabalharam no anterior ministério de Maria de Belém, que se não me engano era para a igualdade? Estão no desemprego? Não?! Arranjaram cargos em empresas públicas e privadas?! Como?! Candidataram-se, entre outros?! Abriram concursos internos e externos e concorreram ao abrigo da Lei?! Foram publicitados os referidos concursos?! E caso estejam todos empregados, já agora gostaria de saber como são avaliados, que eu desde a polémica avaliação dos professores passei a ter muito interesse sobre a avaliação de todos os funcionários necessários ao Estado: como são avaliados os senhores deputados, funcionários de ministérios, funcionários judiciais, polícias, militares, médicos e enfermeiros, assistentes sociais, funcionários da segurança social, bombeiros assalariados e por aí adiante? Tenho aquilo a que se poderá chamar uma curiosidade mórbida. Hoje, na Antena 1, num fórum que dá pela hora de almoço, meia dúzia de portugueses fiéis à cobardia, diziam ao repórter encarregado pela emissão, "deixem o senhor Sócrates governar; já é tão difícil governar uma casa quanto mais um país!" "O senhor Sócrates é que sabe, e o que ele está a fazer, mesmo que não concorde com algumas políticas, é para nosso bem! Porque se ele lá está é porque sabe o que está a fazer". Santa ignorância provinciana, com todo o respeito pela província. Fiquei com a impressão que aos portugueses não interessa muito quem está no governo, o que interessa é que os faça sofrer, que lhes tire tudo, começando pela dignidade. E claro que compreendo, ao escutar a vox pop, como foi possível manter a ditadura, e como seria possível instaurar agora outra. Os portugueses querem-no. E eu, sinceramente, tenho pena que não se possa partir o país em dois e deixar com Sócrates os que são de Sócrates, de preferência todos concentradinhos na praça de touros do Campo Pequeno... para se resolver, finalmente, de uma vez por todas, o problema da robotização. Não sei como é que fui nascer portuguesa. É karma pesado. Eu que tenho um pó à cobardia geral, à dos portugueses em particular, à sua pequenez, pequenininha, muito inha. Eu que lhes tenho um pó que nem sei como poderei enfrentá-los amanhã na rua. Os cabrõezinhos pequenininhos. Todos.»lkjIsabela, in O Mundo Perfeito

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