O BAR DO OSSIAN: É O SILÊNCIO

02-10-2009
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Dedicado à Biazinha, a nossa morceguinha sentinela e mascoteThe Graveyard Wall, Alfred Kubin, 1902É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.Olha-me a estante em cada livro que olha.E a luz nalgum volume sobre a mesa...Mas o sangue da luz em cada folha.Não sei se é mesmo a minha mão que molhaA pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.Penso um presente, num passado. E enfolhaA natureza tua natureza.Mas é um bulir das cousas... ComovidoPego da pena, iludo-me que traçoA ilusão de um sentido e outro sentido.Tão longe vai!Tão longe se aveluda esse teu passo,Asa que o ouvido anima...E a câmara muda. E a sala muda, muda...Afonamente rufa. A asa da rimaPaira-me no ar. Quedo-me como um BudaNovo, um fantasma ao som que se aproxima.Cresce-me a estante como quem sacudaUm pesadelo de papéis acima....................................................................E abro a janela. Ainda a lua esfiaÚltimas notas trémulas... O diaTarde florescerá pela montanha.E ó minha amada, o sentimento é cego...Vês? Colaboram na saudade a aranha,Patas de um gato e as asas de um morcego.Pedro Kilkerry (1885 – 1917)


Dedicado à Biazinha, a nossa morceguinha sentinela e mascoteThe Graveyard Wall, Alfred Kubin, 1902É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.Olha-me a estante em cada livro que olha.E a luz nalgum volume sobre a mesa...Mas o sangue da luz em cada folha.Não sei se é mesmo a minha mão que molhaA pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.Penso um presente, num passado. E enfolhaA natureza tua natureza.Mas é um bulir das cousas... ComovidoPego da pena, iludo-me que traçoA ilusão de um sentido e outro sentido.Tão longe vai!Tão longe se aveluda esse teu passo,Asa que o ouvido anima...E a câmara muda. E a sala muda, muda...Afonamente rufa. A asa da rimaPaira-me no ar. Quedo-me como um BudaNovo, um fantasma ao som que se aproxima.Cresce-me a estante como quem sacudaUm pesadelo de papéis acima....................................................................E abro a janela. Ainda a lua esfiaÚltimas notas trémulas... O diaTarde florescerá pela montanha.E ó minha amada, o sentimento é cego...Vês? Colaboram na saudade a aranha,Patas de um gato e as asas de um morcego.Pedro Kilkerry (1885 – 1917)

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