O BAR DO OSSIAN: SANGUE, PARA PARSIFAL

02-10-2009
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Querkraft, Rome, 2007Escuta, Parsifal, o meu sangue, o meu sangueNunca foi branco, é vermelho, como a manhãNo velame de uma nau. Escuta, Parsifal,Falo-te do meu sangue, do meu sangue antigoQue passou desertos e deu a volta ao orbe eFoi derramado por todas as terras e épocas.É vermelho, Parsifal, uma tenda iluminadaNo eixo da tempestade, um abrigo dentroDa neve, para a coragem, do rei e do mendigo.O meu sangue, Parsifal, não tem descanso,Acorda-me no retábulo da noite mais escura,É uma ferida que não fecha, uma palavraImpronunciada que procura o paraíso, arcaQue defende o tesouro que desafia as águas,Manto de estrelas que no exílio vestiu Adão.Escuta, Parsifal, o meu sangue é o únicoImpério do mundo: o amor da sombra que háDebaixo dos figos doces da Terra Prometida,A utopia do cego, do leproso e do proscrito.Klatuu NiktosNOTA: O fan video – de grande qualidade, diga-se – do tema de Rome mais traduz o contexto do seu autor do que a substância da letra e da composição. Rome, com Ordo Rosarius Equilibrio, Coph Nia e bandas congéneres (todas herdeiras de Death In June), sem dúvida são bandas com ideário de Direita, mas considerá-las uma apologia do Nazismo é um exagero tendencioso e desatento, que pouco diz da sua complexidade porém muito da recepção de alguns públicos; estas bandas reivindicam-se de um património cultural europeu que interroga o destino da Europa e da Civilização Ocidental, com referências ideológicas politicamente incorrectas, a II Grande Guerra e os seus vencidos, Berlim em chamas ou a glória do Império Romano, fazem parte de uma cenografia estética embricada numa atmosfera apocalíptica, típica dos géneros Martial Industrial, Dark Folk e Dark Ambient, que não estabelece nenhuma relação com a alarvidade do Metal NS ou do Oi! racista – não obstante, expressam bem a consternação de gente inteligente, culta e talentosa acerca da Europa contemporânea. A tirania para se impôr apenas precisa de alguns milhares de fanáticos... de muitos milhões de apáticos... e, principalmente, de que quem a pode travar encolha os ombros.Apesar de eu ser um anti-nazi, seria demagógico e incoerente que escrevesse algo diferente, aliás, gosto imenso das bandas que referi e da corrente que representam. Orgulho-me de ser um patriota atípico, que acredita numa grande casa mediterrânica, em que nem todas as paredes estão pintadas de branco.


Querkraft, Rome, 2007Escuta, Parsifal, o meu sangue, o meu sangueNunca foi branco, é vermelho, como a manhãNo velame de uma nau. Escuta, Parsifal,Falo-te do meu sangue, do meu sangue antigoQue passou desertos e deu a volta ao orbe eFoi derramado por todas as terras e épocas.É vermelho, Parsifal, uma tenda iluminadaNo eixo da tempestade, um abrigo dentroDa neve, para a coragem, do rei e do mendigo.O meu sangue, Parsifal, não tem descanso,Acorda-me no retábulo da noite mais escura,É uma ferida que não fecha, uma palavraImpronunciada que procura o paraíso, arcaQue defende o tesouro que desafia as águas,Manto de estrelas que no exílio vestiu Adão.Escuta, Parsifal, o meu sangue é o únicoImpério do mundo: o amor da sombra que háDebaixo dos figos doces da Terra Prometida,A utopia do cego, do leproso e do proscrito.Klatuu NiktosNOTA: O fan video – de grande qualidade, diga-se – do tema de Rome mais traduz o contexto do seu autor do que a substância da letra e da composição. Rome, com Ordo Rosarius Equilibrio, Coph Nia e bandas congéneres (todas herdeiras de Death In June), sem dúvida são bandas com ideário de Direita, mas considerá-las uma apologia do Nazismo é um exagero tendencioso e desatento, que pouco diz da sua complexidade porém muito da recepção de alguns públicos; estas bandas reivindicam-se de um património cultural europeu que interroga o destino da Europa e da Civilização Ocidental, com referências ideológicas politicamente incorrectas, a II Grande Guerra e os seus vencidos, Berlim em chamas ou a glória do Império Romano, fazem parte de uma cenografia estética embricada numa atmosfera apocalíptica, típica dos géneros Martial Industrial, Dark Folk e Dark Ambient, que não estabelece nenhuma relação com a alarvidade do Metal NS ou do Oi! racista – não obstante, expressam bem a consternação de gente inteligente, culta e talentosa acerca da Europa contemporânea. A tirania para se impôr apenas precisa de alguns milhares de fanáticos... de muitos milhões de apáticos... e, principalmente, de que quem a pode travar encolha os ombros.Apesar de eu ser um anti-nazi, seria demagógico e incoerente que escrevesse algo diferente, aliás, gosto imenso das bandas que referi e da corrente que representam. Orgulho-me de ser um patriota atípico, que acredita numa grande casa mediterrânica, em que nem todas as paredes estão pintadas de branco.

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