Pó dos Livros: Namoro

22-05-2009
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"O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:- Desliga você.- Não, desliga você.- Você.- Você.- Então vamos desligar juntos.- Tá. Conta até três.- Um...Dois...Dois e meio...Ridículo agora, porque na hora não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra?, eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha. (Gongonha!) Mamosa. Purupupuca...Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras no sofá, olho no olho, dizendo.- As dondozeira ama os dondonzeiro?- Ama.- Mas os dondonzeiro ama as dondonzeira mais do que as dondonzeira ama os dondonzeiro.- Na-na-não. As dondonzeira ama os dondonzeiro mais do que etc..E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de língua, beijos de amígdalas, beijos catetéticos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais.Depois do ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abano amistoso querendo dizer que ela ou ele agora significa tão pouco que podem até ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo.E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.---in Sexo na cabeça, de Luís Fernando Veríssimo, Dom Quixotepostado por Isabel Nogueira


"O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:- Desliga você.- Não, desliga você.- Você.- Você.- Então vamos desligar juntos.- Tá. Conta até três.- Um...Dois...Dois e meio...Ridículo agora, porque na hora não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra?, eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha. (Gongonha!) Mamosa. Purupupuca...Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras no sofá, olho no olho, dizendo.- As dondozeira ama os dondonzeiro?- Ama.- Mas os dondonzeiro ama as dondonzeira mais do que as dondonzeira ama os dondonzeiro.- Na-na-não. As dondonzeira ama os dondonzeiro mais do que etc..E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de língua, beijos de amígdalas, beijos catetéticos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais.Depois do ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abano amistoso querendo dizer que ela ou ele agora significa tão pouco que podem até ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo.E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.---in Sexo na cabeça, de Luís Fernando Veríssimo, Dom Quixotepostado por Isabel Nogueira

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